quinta-feira, dezembro 26, 2013

Calímaco, Epigrama 23

Εἴπας ‘Ἥλιε χαῖρε’ Κλεόμβροτος ὡμβρακιώτης
ἥλατ' ἀφ' ὑψηλοῦ τείχεος εἰς Ἀΐδην,
ἄξιον οὐδὲν ἰδὼν θανάτου κακόν, ἀλλὰ Πλάτωνος
ἓν τὸ περὶ ψυχῆς γράμμ' ἀναλεξάμενος.

Cleômbroto d' Ambrácia disse: "Adeus, Sol!"
e lançou-se da alta muralha  para o Hades.
Não viu mal nenhum que valesse a morte: de Platão
ele leu um livro só, aquele sobre a alma.

(Tradução: Rafael Brunhara)

sexta-feira, dezembro 20, 2013

Antologia Palatina 11.61 (Macedônio)


Χθιζὸν ἐμοὶ νοσέοντι παρίστατο δήιος ἀνὴρ
ἰητρὸς δεπάων νέκταρ ἀπειπάμενος·
εἶπε δ' ὕδωρ πίνειν, ἀνεμώλιος, οὐδ' ἐδιδάχθη,
ὅττι μένος μερόπων οἶνον Ὅμηρος ἔφη.

Ontem, quando adoeci, postou-se um inimigo contra mim,
um médico, proibindo-me o néctar das taças;
Prescreveu-me beber água. Cabeça de vento, não aprendeste
que Homero diz que o vinho é a força dos homens?*

Tradução: Rafael Brunhara

* Ver por exemplo Ilíada 6.261: ἀνδρὶ δὲ κεκμηῶτι μένος μέγα οἶνος ἀέξει ("ao homem fatigado, o vinho aviva enormemente a força")

quinta-feira, dezembro 05, 2013

Hino Órfico 33: Vitória [Nike]

Νίκης, θυμίαμα μάνναν.

Εὐδύνατον καλέω Νίκην, θνητοῖσι ποθεινήν,
ἣ μούνη λύει θνητῶν ἐναγώνιον ὁρμὴν
καὶ στάσιν ἀλγινόεσσαν ἐπ' ἀντιπάλοισι μάχαισιν,
ἐν πολέμοις κρίνουσα τροπαιούχοισιν ἐπ' ἔργοις,
οἷς ἂν ἐφορμαίνουσα φέροις γλυκερώτατον εὖχος· (5)
πάντων γὰρ κρατέεις, πάσης δ' ἔριδος κλέος ἐσθλὸν
Νίκηι ἐπ' εὐδόξωι κεῖται θαλίαισι βρυάζον.
ἀλλά, μάκαιρ', ἔλθοις πεποθημένη ὄμματι φαιδρῶι
αἰεὶ ἐπ' εὐδόξοις ἔργοις κλέος ἐσθλὸν ἄγουσα.

Da Vitória, fumigação: incenso

Chamo bem poderosa Vitória, desejada pelos mortais;
só ela livra os mortais do anseio pela disputa,
do doloroso dissídio dos oponentes em combate;
Nas guerras julga os feitos premiáveis
e no ardor da luta confere-lhes o triunfo mais doce, (5)
pois a tudo imperas; de toda a discórdia a nobre glória
repousa em Vitória [Nike],florescente em fama e festivais.
Peço-te, venturosa, vem com teus olhos radiantes,
trazendo sempre nobre glória a obras célebres.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Hino Órfico 32: Atena

Ἀθηνᾶς, θυμίαμα ἀρώματα.

Παλλὰς μουνογενή<ς>, μεγάλου Διὸς ἔκγονε σεμνή,
δῖα, μάκαιρα θεά, πολεμόκλονε, ὀμβριμόθυμε,
ἄρρητε, ῥητή, μεγαλώνυμε, ἀντροδίαιτε,
ἣ διέπεις ὄχθους ὑψαύχενας ἀκρωρείους
ἠδ' ὄρεα σκιόεντα, νάπαισί τε σὴν φρένα τέρπεις, (5)
ὁπλοχαρής, οἰστροῦσα βροτῶν ψυχὰς μανίαισι,
γυμνάζουσα κόρη, φρικώδη θυμὸν ἔχουσα,
Γοργοφόνη, φυγόλεκτρε, τεχνῶν μῆτερ πολύολβε,
ὁρμάστειρα, φίλοιστρε κακοῖς, ἀγαθοῖς δὲ φρόνησις·
ἄρσην μὲν καὶ θῆλυς ἔφυς, πολεματόκε, μῆτι, (10)
αἰολόμορφε, δράκαινα, φιλένθεε, ἀγλαότιμε,
Φλεγραίων ὀλέτειρα Γιγάντων, ἱππελάτειρα,
Τριτογένεια, λύτειρα κακῶν, νικηφόρε δαῖμον,
ἤματα καὶ νύκτας αἰεὶ νεάταισιν ἐν ὥραις,
κλῦθί μου εὐχομένου, δὸς δ' εἰρήνην πολύολβον (15)
καὶ κόρον ἠδ' ὑγίειαν † ἐπ' εὐόλβοισιν † ἐν ὥραις,
γλαυκῶφ', εὑρεσίτεχνε, πολυλλίστη βασίλεια.

De Atena, fumigação: ervas aromáticas

Palas unigênita, prole insigne do grande Zeus,
divina, venturosa deusa de coração brutal no tumulto da guerra,
Inominável, nomeável de nome magno, habitante dos antros,
tu, que reges alterosos escarpados cimos
e montes umbrosos, e nos vales comprazes teu espírito,
armas te agradam, açoitas almas mortais com loucuras,
donzela dos exercícios com um coração fremente,
matadora da Górgona que evitou o leito, mãe multiafortunada das artes,
urgente, amiga do desvario nos maus, da prudência nos bons:
Nasceste masculina e feminina, belígera e astuciosa,
mutante forma de esplêndidas honras, serpente, amiga da inspiração divina,
destruidora dos Gigantes de Flegras, cavaleira,
Tritogênia, árbitra dos malignos, nume vencedor
sempre, dia e noite, nas horas mais sublimes.
Ouve as minhas preces, dá-me paz multiafortunada,
fartura e saúde em hora bem afortunada,
Deusa de olhos glaucos, inventora das artes, rainha de muitas súplicas!

[Tradução: Rafael Brunhara]

terça-feira, dezembro 03, 2013

Paladas de Alexandria (Antologia Palatina 10.82)

Ἄρα μὴ θανόντες τῷ δοκεῖν ζῶμεν μόνον,
Ἕλληνες ἄνδρες, συμφορᾷ πεπτωκότες,
ὄνειρον εἰκάζοντες εἶναι τὸν βίον;
ἢ ζῶμεν ἡμεῖς τοῦ βίου τεθνηκότος;

Não morremos e só parecemos viver,
 homens gregos caídos em desgraça,
que pensávamos ser a vida  igual a sonho?
Ou  vivemos, e a vida é que está morta?

(Tradução: Rafael Brunhara)

domingo, dezembro 01, 2013

Estratão: Antologia Palatina 11.19


Καὶ πίε νῦν καὶ ἔρα, Δαμόκρατες· οὐ γὰρ ἐς αἰεὶ
πιόμεθ' οὐδ' αἰεὶ παισὶ συνεσσόμεθα.
καὶ στεφάνοις κεφαλὰς πυκασώμεθα καὶ μυρίσωμεν
αὑτούς, πρὶν τύμβοις ταῦτα φέρειν ἑτέρους.
νῦν ἐν ἐμοὶ πιέτω μέθυ τὸ πλέον ὀστέα τἀμά·
νεκρὰ δὲ Δευκαλίων αὐτὰ κατακλυσάτω.

Agora bebe, Damócrates, e ama: não vamos beber
para sempre, nem para sempre estar com meninos;
Vamos coroar com guirlandas nossas cabeças, e untar de perfume
nossos corpos, antes que sobre nossos túmulos ponham tais coisas.
Agora, que os meus ossos bebam o máximo de vinho:
Quando mortos, que os leve o dilúvio de Deucalião.


[Tradução: Rafael Brunhara]

quinta-feira, novembro 21, 2013

As Mulheres na Assembleia, vv. 952-1001

As Mulheres na Assembleia ou, ainda, As Assembleístas (Ekklesiazusai) é uma das peças mais tardias de Aristófanes, marcando uma transição da comédia antiga para a comédia nova. Na peça, as mulheres tomam a assembleia e instauram uma nova lei: se um homem quisesse fazer amor com sua amante, deveria antes fazer amor com uma velha. No trecho abaixo, vemos uma velha se aproveitando desta nova lei:

[Moça]:
Vem aqui, vem aqui,
meu amado, p'ra mim!
vem e dorme comigo!
Trata de vir à noite,
que uma paixão me agita,
intensa, por teus cachos.
Absurdo o desejo dentro de mim,
estou dilacerada...
Alivia-me, suplico-te, Eros!
Faça-o vir
ao meu leito!

[Moço]:

Vem aqui, vem aqui,
minha amada,também!
Corre, abre essa porta:
ou me jogo no chão e fico lá.
Quero acariciar
o teu seio, tua bunda...
Cípris, por que me deixas louco por ela?
Alivia-me, suplico-te, Eros!
Faça-a vir
ao meu leito!

Mas para o meu anseio, modestas são
tais palavras. Mais amada, suplico,
abre a porta, me abraça!
pois é por ti que eu sofro.
joia de ouro, meu mimo, flor da Cípris,
abelha das Musas,filha das Graças,ó face de volúpias...
abre a porta, me abraça!
pois é por ti que eu sofro.

[Velha]:

Olá! Tu, por que bates? Me procuras?

[Moço]:

Quem, eu?

[Velha]

Sim, tu arrebentavas a porta.

[Moço]:
Preferiria morrer...

[Velha]:
E o que você busca aqui co' uma tocha?

[Moço]
eu busco alguém de Punhetópolis*...

[Velha]
Heim?

[Moço]
Não sou o  Tifodias** que tu procuras.

[Velha]
És sim, por Afrodite! Queiras tu ou não...


[Moço]
Não levamos as com mais de sessenta
agora, não. Deixamos p'ra depois.
Vamos antes para aquelas na casa dos vinte.

[Velha]
Isso no governo anterior,docinho.
mas agora, tem de nos levar antes.

[Moço]
Eu levo se quiser! Essa é a regra!

[Velha]
Tu deixas de jantar, se houver regra?

[Moço]
Não sei do que é que tu estás falando.
Tenho que bater nesta porta aqui.

[Velha]
Só depois de bateres na minha porta!

[Moço]
Mas não estou pedindo roupa velha.

[Velha]
Sei que me queres; só estás assustado
porque me achaste à porta. Vem,me beija!

[Moço]
Ei! Não! Teu namorado me apavora!

[Velha]
Quem?

[Moço]
Teu namorado, o melhor dos pintores.

[Velha]
E quem é esse aí?

[Moço]

O pintor de vasos funerários.

[Velha]
sei bem o que tu queres...

[Moço]
Também sei o que tu queres! Por Zeus!

[Velha]
Por Afrodite, de quem sou devota,
nunca vou deixar que vás embora!

[Moço]
Endoidaste, vovó!

[Velha]
Tolinho! Te levarei p'ra minha cama!



*No original, anaflystion; tratava-se de um demo em Atenas, mas também é um jogo de palavras feito por Aristófanes com o verbo anafláo.
** No original, um nome próprio: Sebinos; outro jogo de palavras com sentido obsceno, dessa vez com o verbo binéo, que traduzo por "Tifodias"(agradeço ao Tadeu Andrade pela sugestão, compartilhada de sua tradução ainda inéditas das Rãs).


δεῦρο δή, δεῦρο δή,
φίλον ἐμόν, δεῦρό μοι
πρόσελθε καὶ ξύνευνέ μοι
τὴν εὐφρόνην ὅπως ἔσει.
πάνυ γάρ τις ἔρως με δονεῖ
τῶνδε τῶν σῶν βοστρύχων. (955)
ἄτοπος δ' ἔγκειταί μοί τις πόθος,
ὅς με διακναίσας ἔχει.
μέθες, ἱκνοῦμαί σ', Ἔρως,
καὶ ποίησον τόνδ' ἐς εὐνὴν
τὴν ἐμὴν ἱκέσθαι.


{Νε} δεῦρο δή, δεῦρο δή, (960)
φίλον <ἐμόν>, καὶ σύ μοι
καταδραμοῦσα τὴν θύραν
ἄνοιξον τήνδ'· εἰ δὲ μή, καταπεσὼν κείσομαι.
ἀλλ' ἐν τῷ σῷ βούλομαι κόλπῳ
965
πληκτίζεσθαι μετὰ τῆς σῆς πυγῆς.
Κύπρι, τί μ' ἐκμαίνεις ἐπὶ ταύτῃ;
μέθες, ἱκνοῦμαί σ', Ἔρως,
καὶ ποίησον τήνδ' ἐς εὐνὴν
τὴν ἐμὴν ἱκέσθαι.

καὶ ταῦτα μέντοι μετρίως πρὸς τὴν ἐμὴν ἀνάγκην
εἰρημέν' ἐστίν. σὺ δέ μοι, φίλτατον, ὢ ἱκετεύω,
ἄνοιξον, ἀσπάζου με.
διά τοι σὲ πόνους ἔχω.
ὦ χρυσοδαίδαλτον ἐμὸν μέλημα, Κύπριδος ἔρνος,
μέλιττα Μούσης, Χαρίτων θρέμμα, Τρυφῆς πρόσωπον,
ἄνοιξον, ἀσπάζου με.
διά τοι σὲ πόνους ἔχω. (975)


{Γρ.} οὗτος, τί κόπτεις; μῶν ἐμὲ ζητεῖς; {Νεας9.} πόθεν;
{Γρ.} καὶ τὴν θύραν γ' ἤραττες. {Νε.} ἀποθάνοιμ' ἄρα.
{Γρ.} τοῦ δαὶ δεόμενος δᾷδ' ἔχων ἐλήλυθας;
{Νε.} Ἀναφλύστιον ζητῶν τιν' ἄνθρωπον. {Γρ. α9} τίνα;
{Νε.} οὐ τὸν Σεβῖνον, ὃν σὺ προσδοκᾷς ἴσως.
{Γρ.} νὴ τὴν Ἀφροδίτην, ἤν τε βούλῃ γ' ἤν τε μή.
{Νε.} ἀλλ' οὐχὶ νυνὶ τὰς ὑπερεξηκοντέτεις
εἰσάγομεν, ἀλλ' εἰσαῦθις ἀναβεβλήμεθα.
τὰς ἐντὸς εἴκοσιν γὰρ ἐκδικάζομεν.
{Γρ.} ἐπὶ τῆς προτέρας ἀρχῆς γε ταῦτ' ἦν, ὦ γλύκων· (985)
νυνὶ δὲ πρῶτον εἰσάγειν ἡμᾶς δοκεῖ.
{Νε.} τῷ βουλομένῳ γε κατὰ τὸν ἐν πεττοῖς νόμον.
{Γρ.} ἀλλ' οὐδὲ δειπνεῖς κατὰ τὸν ἐν πεττοῖς νόμον.
{Νε.} οὐκ οἶδ' ὅ τι λέγεις· τηνδεδί μοι κρουστέον.
{Γρ.} ὅταν γε κρούσῃς τὴν ἐμὴν πρῶτον θύραν. (990)
{Νε.} ἀλλ' οὐχὶ νυνὶ κρησέραν αἰτούμεθα.
{Γρ.} οἶδ' ὅτι φιλοῦμαι· νῦν δὲ θαυμάζεις ὅτι
θύρασί μ' ηὗρες. ἀλλὰ πρόσαγε τὸ στόμα.
{Νε.} ἀλλ', ὦ μέλ' ὀρρωδῶ τὸν ἐραστήν σου. {Γρ.} τίνα;

{Νε.} τὸν τῶν γραφέων ἄριστον. {Γρ. α9} οὗτος δ' ἐστὶ τίς;
{Νε.} ὃς τοῖς νεκροῖσι ζωγραφεῖ τὰς ληκύθους.
ἀλλ' ἄπιθ', ὅπως μή σ' ἐπὶ θύραισιν ὄψεται.
{Γρ.} οἶδ', οἶδ' ὅ τι βούλει. {Νεας9.} καὶ γὰρ ἐγώ σε, νὴ Δία.
{Γρ.} μὰ τὴν Ἀφροδίτην, ἥ μ' ἔλαχε κληρουμένη,
μὴ 'γώ σ' ἀφήσω. {Νεας9.} παραφρονεῖς, ὦ γρᾴδιον. (1000)
{Γρ.} ληρεῖς· ἐγὼ δ' ἄξω σ' ἐπὶ τἀμὰ στρώματα.

[Tradução: Rafael Brunhara]





terça-feira, novembro 19, 2013

Estratão - Musa Pueril (Antologia Palatina XII) I, II, IV, VI


I

Zeus é mais indicado a presidir o canto do poeta do que as tradicionais Musas do monte Hélicon, já que o deus, tendo se apaixonado por Ganimedes como conta o mito, é o modelo da relação amorosa entre homens e belos efebos. O primeiro verso do epigrama remete ao verso inicial dos Fenômenos de Arato  (Ἐκ Διὸς ἀρχώμεσθα, τὸν οὐδέποτ' ἄνδρες ἐῶμεν...). O epigrama também relembra a Teogonia de Hesíodo, uma vez que o poema abre com uma  invocação às Musas do Hélicon, em versos muito parecidos com os de Estratão: Μουσάων Ἑλικωνιάδων ἀρχώμεθ' ἀείδειν, "Pelas Musas Heliconíades comecemos a cantar". 


"Por Zeus comecemos" - como dissera Arato;
com vocês, Musas, hoje eu não me importo.
Pois se eu adoro meninos e com eles reúno-me,
O que tem a ver com isso as Musas Heliconíades?

Ἐκ Διὸς ἀρχώμεσθα, καθὼς εἴρηκεν Ἄρατος·
 ὑμῖν δ', ὦ Μοῦσαι, σήμερον οὐκ ἐνοχλῶ.
εἰ γὰρ ἐγὼ παῖδάς τε φιλῶ καὶ παισὶν ὁμιλῶ,
 τοῦτο τί πρὸς Μούσας τὰς Ἑλικωνιάδας;

II

Não procures em meus escritos Príamo nos altares,
nem as dores de Medeia e Níobe;
nem Ítis no leito ou rouxinóis nas pétalas;
isso os antigos escreveram em profusão.
Mas o doce Amor,  misturado às propícias Graças,
e Brômio: p'ra isso, rosto sério não convém.

Μὴ ζήτει δέλτοισιν ἐμαῖς Πρίαμον παρὰ βωμοῖς,
 μηδὲ τὰ Μηδείης πένθεα καὶ Νιόβης,
μηδ' Ἴτυν ἐν θαλάμοις καὶ ἀηδόνας ἐν πετάλοισιν·
 ταῦτα γὰρ οἱ πρότεροι πάντα χύδην ἔγραφον·
ἀλλ' ἱλαραῖς Χαρίτεσσι μεμιγμένον ἡδὺν Ἔρωτα
 καὶ Βρόμιον· τούτοις δ' ὀφρύες οὐκ ἔπρεπον.

IV
Assim como cita um verso de Arato em I, nos versos 5-6 deste epigrama Estratão relembra o verso 20 do fr.1 dos Aetia de Calímaco (βροντᾶ⌋ν οὐκ ἐμόν, ⌊ἀλλὰ⌋ Διός, "trovo]ar não é comigo, e sim com Zeus"), referindo-se aqui, evidentemente, não à paixão de Zeus pelos trovões, mas por meninos. No verso 8 lemos  “τὸν δ' ἀπαμειβόμενος”, "disse-lhe em resposta", expressão formular em Homero, usada para introduzir a resposta  de um herói a outro (ou, por vezes, a divergência...)

Deleito-me no viço de um rapaz de doze;
 o de treze, é mais desejável que esse;
o de catorze, mais doce que a flor dos Amores;
mais deleitável o que está chegando aos quinze;
Dezesseis, que idade divina! Mas procurar
os de dezessete não é comigo, e sim com Zeus.
E se alguém deseja um mais velho, não está mais brincando,
mas já procura por um "Disse-lhe em resposta";

Ἀκμῇ δωδεκέτους ἐπιτέρπομαι· ἔστι δὲ τούτου
χὠ τρισκαιδεκέτης πουλὺ ποθεινότερος·
χὠ τὰ δὶς ἑπτὰ νέμων γλυκερώτερον ἄνθος Ἐρώτων,
τερπνότερος δ' ὁ τρίτης πεντάδος ἀρχόμενος·
ἑξεπικαιδέκατον δὲ θεῶν ἔτος· ἑβδόματον δὲ
καὶ δέκατον ζητεῖν οὐκ ἐμόν, ἀλλὰ Διός.
εἰ δ' ἔτι πρεσβυτέρου τις ἔχει πόθον, οὐκέτι παίζει,
ἀλλ' ἤδη ζητεῖ “τὸν δ' ἀπαμειβόμενος”.

V

Adoro os pálidos, mas amo os morenos,
e os loiros também; gosto, aliás, dos de cabelos negros;
e não dispenso os de olhos castanhos, mas sobretudo
por cintilantes olhos negros eu me apaixono.

Τοὺς λευκοὺς ἀγαπῶ, φιλέω δ' ἅμα τοὺς μελιχρώδεις
καὶ ξανθούς, στέργω δ' ἔμπαλι τοὺς μέλανας·
οὐδὲ κόρας ξανθὰς παραπέμπομαι· ἀλλὰ περισσῶς
τοὺς μελανοφθάλμους αἰγλοφανεῖς τε φιλῶ.


VI

A venalidade das relações sexuais. 

"Ânus" e "Ouro" têm o mesmo número de sílabas poéticas.
Fiz a conta outro dia e descobri sem querer.

Πρωκτὸς καὶ χρυσὸς τὴν αὐτὴν ψῆφον ἔχουσιν·
ψηφίζων δ' ἀφελῶς τοῦτό ποθ' εὗρον ἐγώ.


[Tradução: Rafael Brunhara]

segunda-feira, novembro 18, 2013

Antologia Grega 7.6 [Antípatros de Sídon]

Ἡρώων κάρυκ' ἀρετᾶς, μακάρων δὲ προφήταν,
Ἑλλάνων βιοτᾷ δεύτερον ἀέλιον,
Μουσῶν φέγγος Ὅμηρον, ἀγήραντον στόμα κόσμου
παντός, ἁλιρροθία, ξεῖνε, κέκευθε κόνις.

Ao arauto da virtude de heróis, vate dos venturosos,
segundo sol da vida grega
esplendor das Musas, Homero, voz sem velhice no mundo
inteiro; cobre-o, estrangeiro, a areia batida pelo mar.

[Tradução de Rafael Brunhara]


sábado, novembro 16, 2013

[Hinos Órficos] Hino aos Curetes

Ὕμνος Κουρήτων.


Σκιρτηταὶ Κουρῆτες, ἐνόπλια βήματα θέντες,
ποσσίκροτοι, ῥομβηταί, ὀρέστεροι, εὐαστῆρες,
κρουσιλύραι, παράρυθμοι, ἐπεμβάται, ἴχνεσι κοῦφοι,
ὁπλοφόροι, φύλακες, κοσμήτορες, ἀγλαόφημοι,
μητρὸς ὀρειομανοῦς συνοπάονες, ὀργιοφάνται· (5)
ἔλθοιτ' εὐμενέοντες ἐπ' εὐφήμοισι λόγοισι,
βουκόλωι εὐάντητοι ἀεὶ κεχαρηότι θυμῶι.

Hino dos Curetes

Lépidos Curetes em passos marciais,
pulsando o chão com os pés, rugentes nos montes bradando evoés;
liristas dissonantes, cavaleiros de rastros sutis;
armígeros guardiões, generais de esplêndida fama,
orgifantes, companheiros da mãe que delira nas montanhas; (5)
Peço, vinde benfazejos por minhas auspiciosas palavras,
sempre afáveis ao boiadeiro, com um grato coração.

[Tradução: Rafael Brunhara]

sexta-feira, novembro 08, 2013

Hino Órfico 30: Dioniso

[Διονύσου], θυμίαμα στύρακα.


Κικλήσκω Διόνυσον ἐρίβρομον, εὐαστῆρα,
πρωτόγονον, διφυῆ, τρίγονον, Βακχεῖον ἄνακτα,
ἄγριον, ἄρρητον, κρύφιον, δικέρωτα, δίμορφον,
κισσόβρυον, ταυρωπόν, Ἀρήιον, εὔιον, ἁγνόν,
ὠμάδιον, τριετῆ, βοτρυηφόρον, ἐρνεσίπεπλον. (5)
Εὐβουλεῦ, πολύβουλε, Διὸς καὶ Περσεφονείης
ἀρρήτοις λέκτροισι τεκνωθείς, ἄμβροτε δαῖμον·
κλῦθι, μάκαρ, φωνῆς, ἡδὺς δ' ἐπίπνευσον ἀμεμ[φ]ής
εὐμενὲς ἦτορ ἔχων, σὺν ἐυζώνοισι τιθήναις.

[De Dioniso], Fumigação: Estoraque

Invoco Dioniso de amplo clamor, que brada evoés,
primogênito de duas naturezas e três vezes nascido, Baco soberano;
feroz e inefável, oculto, bicórneo, biforme,
hederoso de táureo olhar, guerreiro, puro deus,
crudívoro, trienal, vinífero de véu vernal; (5)
Eubuleu de muitos conselhos, por Zeus e Perséfone
em nefando leito engendrado, nume imortal!
Ouve,venturoso, minha voz, e sopra suave até nós, impecável,
com peito benfazejo, junto de tuas nutrizes de bela cintura.

[Tradução: Rafael Brunhara]

[Hinos Órficos] Hino a Perséfone

<Ὕμνος Περσεφόνης.>

Φερσεφόνη, θύγατερ μεγάλου Διός, ἐλθέ, μάκαιρα,
μουνογένεια θεά, κεχαρισμένα δ' ἱερὰ δέξαι,
Πλούτωνος πολύτιμε δάμαρ, κεδνή, βιοδῶτι,
ἣ κατέχεις Ἀίδαο πύλας ὑπὸ κεύθεα γαίης,
Πραξιδίκη, ἐρατοπλόκαμε, Δηοῦς θάλος ἁγνόν, (5)
Εὐμενίδων γενέτειρα, ὑποχθονίων βασίλεια,
ἣν Ζεὺς ἀρρήτοισι γοναῖς τεκνώσατο κούρην,
μῆτερ ἐριβρεμέτου πολυμόρφου Εὐβουλῆος,
Ὡρῶν συμπαίκτειρα, φαεσφόρε, ἀγλαόμορφε, (10)
σεμνή, παντοκράτειρα, κόρη καρποῖσι βρύουσα,
εὐφεγγής,κερόεσσα, μόνη θνητοῖσι ποθεινή,
εἰαρινή, λειμωνιάσιν χαίρουσα πνοῆισιν,
ἱερὸν ἐκφαίνουσα δέμας βλαστοῖς χλοοκάρποις,
ἁρπαγιμαῖα λέχη μετοπωρινὰ νυμφευθεῖσα, (15)
ζωὴ καὶ θάνατος μούνη θνητοῖς πολυμόχθοις,
Φερσεφόνη· φέρβεις γὰρ ἀεὶ καὶ πάντα φονεύεις.
κλῦθι, μάκαιρα θεά, καρποὺς δ' ἀνάπεμπ' ἀπὸ γαίης
εἰρήνηι θάλλουσα καὶ ἠπιοχείρωι ὑγείαι
καὶ βίωι εὐόλβωι λιπαρὸν γῆρας κατάγοντι (20)
πρὸς σὸν χῶρον, ἄνασσα, καὶ εὐδύνατον Πλούτωνα.

Perséfone, filha do grande Zeus, vem, venturosa
Deusa unigênita, e aceita, grata, os sacrifícios!
Esposa muito honrada de Plutão,diligente doadora da vida
que reges os portais do Hades nos recônditos da terra;
Justiceira [Praxídice] de adoráveis tranças, puro rebento de Démeter,
genetriz das Eumênides; rainha subterrânea,
donzela que Zeus engendrou em nefanda união;
mãe do altitroante multiforme Eubuleu,
lucífera de esplêndida forma que brinca com as Horas,
onipotente insigne, donzela florescente de frutos,
cornígera brilhante deusa, só tu és desejada pelos mortais;
na primavera te agradas com as brisas dos prados,
e revelas sua sagrada forma no desabrochar dos verdes frutos;
no outono, te tornaste noiva, levada à força ao leito;
És a vida e a morte para os mortais sofredores,
Perséfone! Sempre alimentas[pherseis] a todos, e a todos aniquilas; [phoneis];
Ouve-me, venturosa deusa, envia-nos os frutos da terra
viçando em paz e saúde generosa,
e trazendo a uma vida afortunada o conforto da velhice
em teu reino, soberana, e de Plutão poderoso.

[Tradução: Rafael Brunhara]



Antologia Grega 5.255 - Paulo Silenciário

Eu vi amantes no irresistível furor
fixarem lábios longamente um no outro,
mas sem saciar o amor severo, anelando,
se fás,poder entrar na alma um do outro:
aplacavam só um pouco o desejo incurável (5)
mútuo envoltos em tenros cobertores.
ele, completo símile de Aquiles quando
na alcova das filhas de Licomedes [1];
ela, moça com cinto à coxa alvinitente
atado, moldada à forma de Febe [2] : (10)
premem de novo os lábios, era infatigável
a fome voraz por insano amor;
Mais fácil romper duas vinhas emaranhadas,
torcidas, por anos crescendo juntas
do que eles, aos beijos, com opostos braços (15)
enlaçando forte os lânguidos membros;
Tão feliz, querida, quem é preso em tais peias;
Tão feliz! Nós, apartados, ardemos.

Εἶδον ἐγὼ ποθέοντας· ὑπ' ἀτλήτοιο δὲ λύσσης
δηρὸν ἐν ἀλλήλοις χείλεα πηξάμενοι,
οὐ κόρον εἶχον ἔρωτος ἀφειδέος· ἱέμενοι δέ,
εἰ θέμις, ἀλλήλων δύμεναι ἐς κραδίην,
ἀμφασίης ὅσον ὅσσον ὑπεπρήυνον ἀνάγκην (5)
ἀλλήλων μαλακοῖς φάρεσιν ἑσσάμενοι.
καί ῥ' ὁ μὲν ἦν Ἀχιλῆι πανείκελος, οἷος ἐκεῖνος
τῶν Λυκομηδείων ἔνδον ἔην θαλάμων·
κούρη δ' ἀργυφέης ἐπιγουνίδος ἄχρι χιτῶνα
ζωσαμένη Φοίβης εἶδος ἀπεπλάσατο. (10)
καὶ πάλιν ἠρήρειστο τὰ χείλεα· γυιοβόρον γὰρ
εἶχον ἀλωφήτου λιμὸν ἐρωμανίης.
ῥεῖά τις ἡμερίδος στελέχη δύο σύμπλοκα λύσει,
στρεπτά, πολυχρονίῳ πλέγματι συμφυέα,
ἢ κείνους φιλέοντας, ὑπ' ἀντιπόροισί τ' ἀγοστοῖς (15)
ὑγρὰ περιπλέγδην ἅψεα δησαμένους.
τρὶς μάκαρ, ὃς τοίοισι, φίλη, δεσμοῖσιν ἑλίχθη,
τρὶς μάκαρ· ἀλλ' ἡμεῖς ἄνδιχα καιόμεθα.


[Tradução: Rafael Brunhara]


[1] Licomedes: rei de Ciros. Quando a Deusa Tétis previu que Aquiles morreria em Troia, convenceu o rei a acolher o filho em sua corte, disfarçado como uma menina. Enquanto esteve lá em disfarce, Aquiles manteve relações com Deidâmia, filha de Licomedes, que então daria luz a Neoptólemo.
[2] Febe é Ártemis; No período em que o poema foi composto, a divindade também passa a ser associada à lua. Comparar jovens meninas, tanto a Ártemis quanto à Lua, era expediente comum na literatura grega. Aqui, refere-se sobretudo à alvura brilhante (ἀργυφέης, argyphées, daí, "alvinitente") da pele da amada. Ver também Od.6.150-152, passagem na qual Odisseu compara Nausícaa a Ártemis, pela "altura, beleza e porte".

* Poema de Paulo Silenciário (575 d.C ou 585 d.C.), poeta grego que atuou em Constantinopla, e compôs, entre outros epigramas, uma écfrase da igreja de Hagia Sofia. Dele restaram-nos aproximadamente oitenta poemas eróticos, publicados no Ciclo de Agatias e conservados pela Antologia Palatina.
Neste poema, o poeta inveja dois amantes apaixonados, aos beijos e com os corpos enlaçados (vv.1-16). Ressalta, contudo, que essa união é imperfeita: tal é o desejo de amor desses amantes que o melhor seria se pudessem não só misturar os seus corpos, mas também as próprias almas (vv. 3-6). Porém o último dístico (vv.17-18) traz uma reviravolta: apesar da união dos amantes não ser perfeita, é melhor situação que a dele, que se encontra distante de sua amada. Notável é a introdução de uma comparação mitológica (Aquiles na corte de Licomedes), que de certa maneira se assemelha aos procedimentos empregados na elegia erótica latina.

quinta-feira, outubro 31, 2013

Antologia Grega: Epigramas a uma estátua de Afrodite em Cnido

16.159 Anônimo
Quem soprou vida à pedra? Quem viu Cípris na terra?
Quem esculpiu tamanho desejo na rocha?
Decerto das mãos de Praxíteles, esta obra;ou talvez o Olimpo
careça da Páfia, já que ela veio a Cnido.

16.160 [Platão]
Páfia Citereia pelas ondas chegou a Cnido,
querendo ver uma imagem sua:
Depois de examiná-la toda em seu santuário perspícuo,
exclamou: quando foi que viu-me nua Praxíteles?
------------------------------
Praxíteles não viu o que não é lícito: o ferro
moldou a Páfia, como sói o próprio Ares.

16.162 Anônimo
Cípris viu Cípris em Cnido, e disse:
Ai, ai! Quando foi que viu-me nua Praxíteles?

16.165 - Eveno
Palas e a consorte do Cronida disseram, quando viram
a Cnídia: "Culpamos injustamente o Frígio".

16.168 - Anônimo
Viram-me nua: Páris, Anquises e Adônis.
Só sei desses três; Como é que conseguiu o Praxíteles?

[Traduções: Rafael Brunhara]

sábado, outubro 19, 2013

Hino Órfico 28: Hermes

<Ἑρμοῦ>, θυμίαμα λίβανον.

Κλῦθί μου, Ἑρμεία, Διὸς ἄγγελε, Μαιάδος υἱέ,
παγκρατὲς ἦτορ ἔχων, ἐναγώνιε, κοίρανε θνητῶν,
εὔφρων, ποικιλόβουλε, διάκτορε ἀργειφόντα,
πτηνοπέδιλε, φίλανδρε, λόγου θνητοῖσι προφῆτα,
γυμνάσιν ὃς χαίρεις δολίαις τ' ἀπάταις, † ὀφιοῦχε, (5)
ἑρμηνεῦ πάντων, κερδέμπορε, λυσιμέριμνε,
ὃς χείρεσσιν ἔχεις εἰρήνης ὅπλον ἀμεμφές,
Κωρυκιῶτα, μάκαρ, ἐριούνιε, ποικιλόμυθε,
ἐργασίαις ἐπαρωγέ, φίλε θνητοῖς ἐν ἀνάγκαις,
γλώσσης δεινὸν ὅπλον τὸ σεβάσμιον ἀνθρώποισι· (10)
κλῦθί μου εὐχομένου, βιότου τέλος ἐσθλὸν ὀπάζων
ἐργασίαισι, λόγου χάρισιν καὶ μνημοσύνηισιν.

De Hermes, fumigação: Olíbano

Ouve-me, Hermes, mensageiro de Zeus, filho de Maia,
com um peito onipotente; Deus dos jogos, regente dos mortais,
benévolo astuciador, emissário Argicida [Argeifontes]
de aladas sandálias, amigo dos homens e profeta da palavra aos mortais,
tu te alegras na ginástica e em ilusões ardilosas, serpentário (5)
intérprete de tudo, fonte dos lucros, alívio de nossos cuidados,
que tem nas mãos a impecável arma da paz;
Corício, venturoso provedor de variado falar,
auxiliador dos trabalhos, amigo dos mortais em necessidade,
terrível arma da linguagem,  venerável entre os homens: (10)
Ouve as minhas preces, e fornece o nobre fim de uma vida
de trabalhos, de gráceis palavras e lembranças.

[Tradução: Rafael Brunhara]

sexta-feira, outubro 11, 2013

Mosco, 2

Ἤρατο Πὰν Ἀχῶς τᾶς γείτονος, ἤρατο δ' Ἀχώ
 σκιρτατᾶ Σατύρω, Σάτυρος δ' ἐπεμήνατο Λύδᾳ.
ὡς Ἀχὼ τὸν Πᾶνα, τόσον Σάτυρος φλέγεν Ἀχώ
καὶ Λύδα Σατυρίσκον· Ἔρως δ' ἐσμύχετ' ἀμοιβά.
ὅσσον γὰρ τήνων τις ἐμίσεε τὸν φιλέοντα,
τόσσον ὁμῶς φιλέων ἠχθαίρετο, πάσχε δ' ἃ ποίει.
ταῦτα λέγω πᾶσιν τὰ διδάγματα τοῖς ἀνεράστοις·
στέργετε τὼς φιλέοντας ἵν' ἢν φιλέητε φιλῆσθε.

Pan amou Eco, a sua vizinha, Eco amou
o lépido Sátiro, Sátiro enlouqueceu por Lide.
Pan ardia por Eco, tanto quanto Eco pelo Sátiro,
e o Sátiro, por Lide: Amor é chama recíproca;
Tanto quanto cada um deles odiava quem os amava,
era rejeitado como amante: sofriam o que faziam.
Ensino esta lição a todos os que não amam:
Gostai de quem vos ama, pois, se vós amardes, sereis amados em troca.

[Tradução: Rafael Brunhara]

quinta-feira, outubro 10, 2013

Hino Órfico 27: Mãe dos Deuses

Μητρὸς θεῶν, θυμίαμα ποικίλα.

Ἀθανάτων θεότιμε θεῶν μῆτερ, τροφὲ πάντων,
τῆιδε μόλοις, κράντειρα θεά, σέο, πότνι', ἐπ' εὐχαῖς,
ταυροφόνων ζεύξασα ταχυδρόμον ἅρμα λεόντων,
σκηπτοῦχε κλεινοῖο πόλου, πολυώνυμε, σεμνή,
ἣ κατέχεις κόσμοιο μέσον θρόνον, οὕνεκεν αὐτὴ (5)
γαῖαν ἔχεις θνητοῖσι τροφὰς παρέχουσα προσηνεῖς.
ἐκ σέο δ' ἀθανάτων τε γένος θνητῶν τ' ἐλοχεύθη,
σοὶ ποταμοὶ κρατέονται ἀεὶ καὶ πᾶσα θάλασσα,
Ἑστία αὐδαχθεῖσα· σὲ δ' ὀλβοδότιν καλέουσι,
παντοίων ἀγαθῶν θνητοῖς ὅτι δῶρα χαρίζηι, (10)
ἔρχεο πρὸς τελετήν, ὦ πότνια, τυμπανοτερπής,
πανδαμάτωρ, Φρυγίη{ς}, σώτειρα, Κρόνου συνόμευνε,
Οὐρανόπαι, πρέσβειρα, βιοθρέπτειρα, φίλοιστρε·
ἔρχεο γηθόσυνος, κεχαρημένη εὐσεβίηισιν.

Da Mãe dos Deuses, fumigação variada.

Mãe dos Deuses imortais e por eles honrada, nutriz de tudo:
peço que venhas, senhora Deusa, por minhas preces a ti;
tauricida que junge um célere carro levado por leões,
 rainha cetrada de ínclita vara, Deusa de muitos nomes, insigne
que deténs um trono no meio do cosmo e por seres a própria (5)
terra tens e ofereces nutrientes suaves aos mortais.
De ti veio à luz a raça dos imortais e dos mortais,
em ti sempre regem os rios e  o mar [thálassa] todo;
nomeada Héstia, a quem chamam dadora de riquezas
e de toda a sorte de bens, porque agracias os mortais com seus dons:
vem  ao rito, ó senhora que se compraz com tambores,
salvadora Frígia que a tudo subjuga, companheira de Crono,
filha do Céu, reverenda que cuida da vida, amante do delírio!
Vem, alegre, agraciada com a nossa piedade!

[Tradução: Rafael Brunhara]

Hino Órfico 26: Terra [Gaia]

Γῆς, θυμίαμα πᾶν σπέρμα πλὴν κυάμων καὶ ἀρωμάτων.

Γαῖα θεά, μῆτερ μακάρων θνητῶν τ' ἀνθρώπων,
παντρόφε, πανδώτειρα, τελεσφόρε, παντολέτειρα,
αὐξιθαλής, φερέκαρπε, καλαῖς ὥραισι βρύουσα,
ἕδρανον ἀθανάτου κόσμου, πολυποίκιλε κούρη,
ἣ λοχίαις ὠδῖσι κύεις καρπὸν πολυειδῆ, (5)
ἀιδία, πολύσεπτε, βαθύστερν', ὀλβιόμοιρε,
ἡδυπνόοις χαίρουσα χλόαις πολυανθέσι δαῖμον,
ὀμβροχαρής, περὶ ἣν κόσμος πολυδαίδαλος ἄστρων
εἱλεῖται φύσει ἀενάωι καὶ ῥεύμασι δεινοῖς.
ἀλλά, μάκαιρα θεά, καρποὺς αὔξοις πολυγηθεῖς (10)
εὐμενὲς ἦτορ ἔχουσα, † σὺν ὀλβίοισιν † ἐν ὥραις.

Da Terra,  fumigação: qualquer, exceto favas e ervas aromáticas. 

Deusa Terra [Gaia], mãe dos venturosos e dos homens mortais,
toda nutriz em tudo dadivosa, perfectiva destruidora de tudo,
vicejante, frutífera e florescente de belas estações,
sede do cosmo imortal, donzela de muitas cores,
que nas dores do parto concebes frutos de muitos tipos, (5)
perpétua, rica e respeitada deusa de amplo seio,
nume que se agrada com o doce sopro de multiflóreos brotos
e com as chuvas, em torno de ti o dedáleo cosmo de estrelas
revolve, com os fluxos da natureza [Phýsis] semprefluente e terrível.
Eia, venturosa Deusa, prouvera faças crescer deliciosos frutos,  (10)
com peito benfazejo, na companhia das prósperas estações.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Ésquilo, fragmento 350*

* Conservado em Platão, República, 383 b:

{ΘΕΤΙΣ·} (Apollo in nuptiis meis cecinit) τὰς ἐμὰς εὐπαιδίας
νόσων τ' ἀπείρους καὶ μακραίωνας βίου,
ξύμπαντά τ' εἰπὼν θεοφιλεῖς ἐμὰς τύχας
παιῶν' ἐπηυφήμησεν εὐθυμῶν ἐμέ.
κἀγὼ τὸ Φοίβου θεῖον ἀψευδὲς στόμα
ἤλπιζον εἶναι, μαντικῇ βρύον τέχνῃ·
ὁ δ' αὐτὸς ὑμνῶν, αὐτὸς ἐν θοίνῃ παρών,
αὐτὸς τάδ' εἰπών, αὐτός ἐστιν ὁ κτανὼν
τὸν παῖδα τὸν ἐμόν

TÉTIS - (Apolo cantou em minhas núpcias) [que seria]  bela minha prole,
isenta de doenças e de vida longeva;
disse que meu destino era querido aos Deuses todos
e entoou o Peã, alegrando o meu coração.
E eu esperava que sem mentira fosse
a boca de Febo, de onde jorra a arte mântica:
Mas ele que cantava, ele, que estava no festim,
ele que disse essas palavras, foi ele mesmo que matou
meu filho.

(Tradução: Rafael Brunhara)

(http://primeiros-escritos.blogspot.com.br/2009/12/deslealdade.html)




sábado, setembro 21, 2013

Píndaro, Ode Nemeia 6 (v. 01-07)

(Os Deuses e os homens)


 Ἓν ἀνδρῶν, ἓν θεῶν γένος· ἐκ μιᾶς δὲ πνέομεν
ματρὸς ἀμφότεροι· διείργει δὲ πᾶσα κεκριμένα
δύναμις, ὡς τὸ μὲν οὐδέν, ὁ δὲ
χάλκεος ἀσφαλὲς αἰὲν ἕδος
μένει οὐρανός. ἀλλά τι προσφέρομεν ἔμπαν ἢ μέγαν
νόον ἤτοι φύσιν ἀθανάτοις,
καίπερ ἐφαμερίαν οὐκ εἰδότες οὐδὲ μετὰ νύκτας
ἄμμε πότμος

Homens, Deuses, uma só raça: respiramos
de uma só mãe; mas separa-nos absoluto 
distinto poder: enquanto um nada é, o outro
mantém sempre irresvalável sede, o brônzeo 
céu. Mas algo aproxima-nos dos imortais 
ou a grandiosa mente 
ou então nosso corpo
embora sem saber, efêmero e na noite
qual é nosso destino. 

(Tradução: Rafael Brunhara)


domingo, setembro 15, 2013

Xenófanes - fr. 1 W

(A descrição de um simpósio ideal): 


Agora, limpo é o chão, e as mãos de todos,
e as taças: um cinge-nos trançadas coroas,
e outro estende-nos olente bálsamo em um prato:
a cratera está repleta de alegria.
Pronto outro vinho, melífluo nas jarras,
Odor de rosas, que afirma jamais acabar;
No meio propaga-se santo perfume de incenso;
é fresca a água, é doce, é pura.
Ao lado pães dourados, majestosa mesa
cheia de queijos, de mel pingue;
o altar no meio está todo coberto de rosas;
Canto dança e festival envolvem a casa.
Devem primeiro hinear ao Deus os homens alegres
Com afamados mitos e puras palavras
Após libar e rogar pelo poder de fazer o justo
(isto em verdade é mais fácil, não a insolência);
deve-se beber o quanto suportas, e poder
voltar para casa sem auxílio,a menos que muito idoso,
e louvar aquele homem que ao beber revela nobres palavras,
para que haja memória e esforço pela virtude;
e não devem expor os combates de Titãs, de Gigantes,
de Centauros, ficções dos antigos,
ou ardentes sedições, nelas não há o que preste,
mas ter dos Deuses sempre a boa providência.

νῦν γὰρ δὴ ζάπεδον καθαρὸν καὶ χεῖρες ἁπάντων
καὶ κύλικες· πλεκτοὺς δ' ἀμφιτιθεῖ στεφάνους,
ἄλλος δ' εὐῶδες μύρον ἐν φιάληι παρατείνει·
κρητὴρ δ' ἕστηκεν μεστὸς ἐυφροσύνης·
ἄλλος δ' οἶνος ἑτοῖμος, ὃς οὔποτέ φησι προδώσειν,
μείλιχος ἐν κεράμοις, ἄνθεος ὀζόμενος·
ἐν δὲ μέσοις ἁγνὴν ὀδμὴν λιβανωτὸς ἵησιν,
ψυχρὸν δ' ἐστὶν ὕδωρ καὶ γλυκὺ καὶ καθαρόν·
παρκέαται δ' ἄρτοι ξανθοὶ γεραρή τε τράπεζα
τυροῦ καὶ μέλιτος πίονος ἀχθομένη·
βωμὸς δ' ἄνθεσιν ἂν τὸ μέσον πάντηι πεπύκασται,
μολπὴ δ' ἀμφὶς ἔχει δώματα καὶ θαλίη.
χρὴ δὲ πρῶτον μὲν θεὸν ὑμνεῖν εὔφρονας ἄνδρας
εὐφήμοις μύθοις καὶ καθαροῖσι λόγοις,
σπείσαντάς τε καὶ εὐξαμένους τὰ δίκαια δύνασθαι
πρήσσειν· ταῦτα γὰρ ὦν ἐστι προχειρότερον,
οὐχ ὕβρεις· πίνειν δ' ὁπόσον κεν ἔχων ἀφίκοιο
οἴκαδ' ἄνευ προπόλου μὴ πάνυ γηραλέος.
ἀνδρῶν δ' αἰνεῖν τοῦτον ὃς ἐσθλὰ πιὼν ἀναφαίνει,
ὡς ἦι μνημοσύνη καὶ τόνος ἀμφ' ἀρετῆς,
οὔ τι μάχας διέπειν Τιτήνων οὐδὲ Γιγάντων
οὐδὲ < > Κενταύρων, πλάσμα<τα> τῶν προτέρων,
ἢ στάσιας σφεδανάς· τοῖς οὐδὲν χρηστὸν ἔνεστιν·
θ<εῶ>ν <δὲ> προμηθείην αἰὲν ἔχειν ἀγαθήν.

Tradução: Rafael Brunhara

Teócrito - Idílio XI

'Teócrito' dirige seu poema ao amigo Nícias, já referido em outros de seus Idílios (XIII, XXVIII). O tema é o amor, e para exemplificar a Nícias a máxima "Para o amor não existe remédio nenhum, a não ser a canção" (no original, Piérides), o poeta conta a história do jovem ciclope Polifemo, que canta para se esquecer de seu amor não correspondido pela Nereida Galateia.


Para o amor não existe remédio nenhum,
Nícias; nem unguento, creio eu, e nem pó,
senão as Piérides: este é leve e doce
para os homens, mas encontrá-lo não é fácil;
suponho que disso saibas bem, já que és médico,  (5)
 e bastante querido pelas nove Musas.
Pois vê que vida boa a do nosso Ciclope,
o velho Polifemo, enquanto a Galateia
amava e começava a ter barba na cara;
não a amava com maçãs, rosas e cachinhos[2],   (10)
Mas com veras loucuras: tudo o mais, pensava,
era resto. Amiúde as ovelhas fugiam-lhe,
da relva iam ao curral, e ele a cantar
Galateia, a se derreter nas algas da praia
desde cedo, no peito a odiosa ferida,  (15)
flecha da grande Cípris cravada no fígado;
mas achou o remédio; sentado sobre pedras
elevadas  e olhando o mar cantava assim:

"Rejeitas quem te ama, branca Galateia?
Mais branca que coalhada, mais tenra que um anho,
mais agitada que um bezerro e mais brilhante    (20)
que uva verde, aqui vens tão logo o sono doce
me tome, e daqui vais tão logo o sono doce
me some? Foges qual ovelha que viu lobo?
Apaixonei-me por ti, moça, dês que primeiro  (25)
vieste com mamãe colher flores de jacinto
da montanha, eu mostrando o caminho.
Ao vê-la, não posso, nem agora nem nunca,
parar de amar. Mas não te importas, nada, nada!
Sei, moça linda, porque foges; é por causa   (30)
da minha hirsuta sobrancelha em toda a testa,
enorme monocelha de orelha a orelha,
 com um olho só embaixo, e o meu nariz chato.
Mesmo sendo assim, apascento mil ovelhas,
delas ordenho e bebo ótimo leite; e queijo   (35)
é o que não falta, nem no verão, nem no outono,
nem no alto inverno: meus potes sempre estão cheios.
Na flauta, sou o melhor de todos os Ciclopes,
e canto a ti, minha maçã do amor, e a mim mesmo,
até tarde; além disso, crio onze corças     (40)
com estrelas na fronte e quatro filhotes de urso.
Então vem p’ra mim, não acharás nada mal,
e deixa o mar cerúleo rebentar na praia.
Mais doce noite passarás em minha gruta:
está lá o loureiro, lá o tenro cipreste,  (45)
 a hera escura, a videira de doces frutos
e a água fresca, que o bem arbóreo Etna
faz jorrar da alva neve, poção imortal.
Quem preferiria ter o mar e suas ondas?
Mas se te pareço mais hirsuto que devo,  (50)
lenha de árvore e insone fogo hei sob as cinzas,
e aguentaria até se queimasses minha alma
e  meu olho, um só, o que me há de mais doce...
ai ai, porque mamãe não me gerou com brânquias?
Nadava até teu mar, e lhe beijava a mão  (55)
(se a boca não deixares), levava alvos lírios
ou a tenra papoula de pétalas rubras –
uma vem no verão, e a outra vem no inverno,
por isso é que não posso trazer ambas juntas.
E vou aprender já, mocinha, a nadar  (60)
co’ algum nauta estrangeiro que aqui aportar,
p’ra ver quão doce é morar no abismo do mar;
ah, se viesses, Galateia, e te esquecesses,
como eu aqui sentado, de voltar p’ra casa, 
ias gostar de pastorear comigo, ordenhar (65)
o leite e coalhar queijo com o coalho azedo;
Mamãe, só ela, não é justa e eu a culpo:
a meu respeito nunca disse coisas boas,
mesmo vendo-me definhar dia após dia;
direi que me latejam a cabeça e os pés, (70)
para que ela se doa, já que eu também me doo.
Ó Ciclope, Ciclope! Para onde teu juízo
voou? Se teus cestinhos trançasses, levasses
brotos aos anhos, recobravas teu juízo.
Munge a tua ovelha; por que buscas quem foge?(75)
Acharás uma igual a ela e outra melhor:
Muitas moças me chamam p’ra brincar à noite,
e todas dão risadinhas quando as escuto;
é óbvio que eu também sou alguém nessa terra!"

Assim Polifemo pastava o amor com música: (80)
uma vida mais fácil do que gastar ouro.

Tradução: Rafael Brunhara

Οὐδὲν ποττὸν ἔρωτα πεφύκει φάρμακον ἄλλο,
Νικία, οὔτ' ἔγχριστον, ἐμὶν δοκεῖ, οὔτ' ἐπίπαστον,
ἢ ταὶ Πιερίδες· κοῦφον δέ τι τοῦτο καὶ ἁδύ
γίνετ' ἐπ' ἀνθρώποις, εὑρεῖν δ' οὐ ῥᾴδιόν ἐστι. (5)
γινώσκειν δ' οἶμαί τυ καλῶς ἰατρὸν ἐόντα
καὶ ταῖς ἐννέα δὴ πεφιλημένον ἔξοχα Μοίσαις.
οὕτω γοῦν ῥάιστα διᾶγ' ὁ Κύκλωψ ὁ παρ' ἁμῖν,
ὡρχαῖος Πολύφαμος, ὅκ' ἤρατο τᾶς Γαλατείας,
ἄρτι γενειάσδων περὶ τὸ στόμα τὼς κροτάφως τε. (10)
ἤρατο δ' οὐ μάλοις οὐδὲ ῥόδῳ οὐδὲ κικίννοις,
ἀλλ' ὀρθαῖς μανίαις, ἁγεῖτο δὲ πάντα πάρεργα.
πολλάκι ταὶ ὄιες ποτὶ τωὔλιον αὐταὶ ἀπῆνθον
χλωρᾶς ἐκ βοτάνας· ὃ δὲ τὰν Γαλάτειαν ἀείδων
αὐτὸς ἐπ' ἀιόνος κατετάκετο φυκιοέσσας (15)
ἐξ ἀοῦς, ἔχθιστον ἔχων ὑποκάρδιον ἕλκος,
Κύπριδος ἐκ μεγάλας τό οἱ ἥπατι πᾶξε βέλεμνον.
ἀλλὰ τὸ φάρμακον εὗρε, καθεζόμενος δ' ἐπὶ πέτρας
ὑψηλᾶς ἐς πόντον ὁρῶν ἄειδε τοιαῦτα·

Ὦ λευκὰ Γαλάτεια, τί τὸν φιλέοντ' ἀποβάλλῃ, (20)
λευκοτέρα πακτᾶς ποτιδεῖν, ἁπαλωτέρα ἀρνός,
μόσχω γαυροτέρα, φιαρωτέρα ὄμφακος ὠμᾶς;
φοιτῇς δ' αὖθ' οὕτως ὅκκα γλυκὺς ὕπνος ἔχῃ με,
οἴχῃ δ' εὐθὺς ἰοῖσ' ὅκκα γλυκὺς ὕπνος ἀνῇ με,
φεύγεις δ' ὥσπερ ὄις πολιὸν λύκον ἀθρήσασα; (25)
ἠράσθην μὲν ἔγωγε τεοῦς, κόρα, ἁνίκα πρᾶτον
ἦνθες ἐμᾷ σὺν ματρὶ θέλοισ' ὑακίνθινα φύλλα
ἐξ ὄρεος δρέψασθαι, ἐγὼ δ' ὁδὸν ἁγεμόνευον.
παύσασθαι δ' ἐσιδών τυ καὶ ὕστερον οὐδ' ἔτι πᾳ νῦν
ἐκ τήνω δύναμαι· τὶν δ' οὐ μέλει, οὐ μὰ Δί' οὐδέν. (30)
γινώσκω, χαρίεσσα κόρα, τίνος οὕνεκα φεύγεις·
οὕνεκά μοι λασία μὲν ὀφρὺς ἐπὶ παντὶ μετώπῳ
ἐξ ὠτὸς τέταται ποτὶ θώτερον ὦς μία μακρά,
εἷς δ' ὀφθαλμὸς ὕπεστι, πλατεῖα δὲ ῥὶς ἐπὶ χείλει.
ἀλλ' οὗτος τοιοῦτος ἐὼν βοτὰ χίλια βόσκω, (35)
κἠκ τούτων τὸ κράτιστον ἀμελγόμενος γάλα πίνω·
τυρὸς δ' οὐ λείπει μ' οὔτ' ἐν θέρει οὔτ' ἐν ὀπώρᾳ,
οὐ χειμῶνος ἄκρω· ταρσοὶ δ' ὑπεραχθέες αἰεί.
συρίσδεν δ' ὡς οὔτις ἐπίσταμαι ὧδε Κυκλώπων,
τίν, τὸ φίλον γλυκύμαλον, ἁμᾷ κἠμαυτὸν ἀείδων (40)
πολλάκι νυκτὸς ἀωρί. τράφω δέ τοι ἕνδεκα νεβρώς,
πάσας μαννοφόρως, καὶ σκύμνως τέσσαρας ἄρκτων.
ἀλλ' ἀφίκευσο ποθ' ἁμέ, καὶ ἑξεῖς οὐδὲν ἔλασσον,
τὰν γλαυκὰν δὲ θάλασσαν ἔα ποτὶ χέρσον ὀρεχθεῖν·
ἅδιον ἐν τὤντρῳ παρ' ἐμὶν τὰν νύκτα διαξεῖς. (45)
ἐντὶ δάφναι τηνεί, ἐντὶ ῥαδιναὶ κυπάρισσοι,
ἔστι μέλας κισσός, ἔστ' ἄμπελος ἁ γλυκύκαρπος,
ἔστι ψυχρὸν ὕδωρ, τό μοι ἁ πολυδένδρεος Αἴτνα
λευκᾶς ἐκ χιόνος ποτὸν ἀμβρόσιον προΐητι.
τίς κα τῶνδε θάλασσαν ἔχειν καὶ κύμαθ' ἕλοιτο; (50)
αἰ δέ τοι αὐτὸς ἐγὼν δοκέω λασιώτερος ἦμεν,
ἐντὶ δρυὸς ξύλα μοι καὶ ὑπὸ σποδῷ ἀκάματον πῦρ·
καιόμενος δ' ὑπὸ τεῦς καὶ τὰν ψυχὰν ἀνεχοίμαν
καὶ τὸν ἕν' ὀφθαλμόν, τῶ μοι γλυκερώτερον οὐδέν.
ὤμοι, ὅτ' οὐκ ἔτεκέν μ' ἁ μάτηρ βράγχι' ἔχοντα,(55)
ὡς κατέδυν ποτὶ τὶν καὶ τὰν χέρα τεῦς ἐφίλησα,
αἰ μὴ τὸ στόμα λῇς, ἔφερον δέ τοι ἢ κρίνα λευκά
ἢ μάκων' ἁπαλὰν ἐρυθρὰ πλαταγώνι' ἔχοισαν·
ἀλλὰ τὰ μὲν θέρεος, τὰ δὲ γίνεται ἐν χειμῶνι,
ὥστ' οὔ κά τοι ταῦτα φέρειν ἅμα πάντ' ἐδυνάθην. (60)
νῦν μάν, ὦ κόριον, νῦν αὐτίκα νεῖν γε μαθεῦμαι,
αἴ κά τις σὺν ναῒ πλέων ξένος ὧδ' ἀφίκηται,
ὡς εἰδῶ τί ποχ' ἁδὺ κατοικεῖν τὸν βυθὸν ὔμμιν.
ἐξένθοις, Γαλάτεια, καὶ ἐξενθοῖσα λάθοιο,
ὥσπερ ἐγὼ νῦν ὧδε καθήμενος, οἴκαδ' ἀπενθεῖν· (65)
ποιμαίνειν δ' ἐθέλοις σὺν ἐμὶν ἅμα καὶ γάλ' ἀμέλγειν
καὶ τυρὸν πᾶξαι τάμισον δριμεῖαν ἐνεῖσα.
ἁ μάτηρ ἀδικεῖ με μόνα, καὶ μέμφομαι αὐτᾷ·
οὐδὲν πήποχ' ὅλως ποτὶ τὶν φίλον εἶπεν ὑπέρ μευ,
καὶ ταῦτ' ἆμαρ ἐπ' ἆμαρ ὁρεῦσά με λεπτύνοντα. (70)
φασῶ τὰν κεφαλὰν καὶ τὼς πόδας ἀμφοτέρως μευ
σφύσδειν, ὡς ἀνιαθῇ, ἐπεὶ κἠγὼν ἀνιῶμαι.
ὦ Κύκλωψ Κύκλωψ, πᾷ τὰς φρένας ἐκπεπότασαι;
αἴ κ' ἐνθὼν ταλάρως τε πλέκοις καὶ θαλλὸν ἀμάσας
ταῖς ἄρνεσσι φέροις, τάχα κα πολὺ μᾶλλον ἔχοις νῶν. (75)
τὰν παρεοῖσαν ἄμελγε· τί τὸν φεύγοντα διώκεις;
εὑρησεῖς Γαλάτειαν ἴσως καὶ καλλίον' ἄλλαν.
πολλαὶ συμπαίσδεν με κόραι τὰν νύκτα κέλονται,
κιχλίζοντι δὲ πᾶσαι, ἐπεί κ' αὐταῖς ὑπακούσω.
δῆλον ὅτ' ἐν τᾷ γᾷ κἠγών τις φαίνομαι ἦμεν.


Οὕτω τοι Πολύφαμος ἐποίμαινεν τὸν ἔρωτα (80)
μουσίσδων, ῥᾷον δὲ διᾶγ' ἢ εἰ χρυσὸν ἔδωκεν






[1] No original, “Piérides”, Deusas Musas habitantes da Piéria.
[2] Assim como rosas, oferecer como presente maçãs ou um cachinho de cabelo era comum entre os namorados; segundo Dover (em Theocritus: selected poems, 1971, p. 175), no ato de oferecer um fio de cabelo estava implícita a ideia de que os amantes colocavam-se um sobre o poder do outro – uma vez que este poderia ser utilizado magicamente (ver Idílio 2, v.53 ss.). 

sexta-feira, julho 26, 2013

Hipônax, fragmentos 32, 34 e 36 W


32

Ἑρμῆ, φίλ' Ἑρμῆ, Μαιαδεῦ, Κυλλήνιε,
ἐπεύχομαί τοι, κάρτα γὰρ κακῶς ῥιγῶ
καὶ βαμβαλύζω ...

δὸς χλαῖναν Ἱππώνακτι καὶ κυπασσίσκον
καὶ σαμβαλίσκα κἀσκερίσκα καὶ χρυσοῦ  (5)
στατῆρας ἑξήκοντα τοὐτέρου τοίχου.


Hermes, meu caro, filho de Maia, Cilênio,
rogo-te, estou tremendo tanto de frio
 e bato os dentes...

Dá p'ra Hipônax um manto, um casaquinho,
sandalinhas, pantufinhas, e as douradas (5)
sessenta moedas do outro muro.

34 

ἐμοὶ γὰρ οὐκ ἔδωκας οὔτέ κω χλαῖναν
δασεῖαν ἐν χειμῶνι φάρμακον ῥίγ<εο>ς,
οὔτ' ἀσκέρηισι τοὺς πόδας δασείηισι
ἔκρυψας, ὥς μοι μὴ χίμετλα ῥήγνυται.

Pois nunca me deste um manto
felpudo, remédio contra o frio do inverno
nem cobriste com pantufas felpudas
os meus pés, p'ra não me doer as frieiras...


36 Tzetzes em Aristófanes, Pluto, 87

Τυφλὸν δὲ  τὸν  Πλοῦτόν φησιν ἐξ  Ἱππώνακτος τοῦτο σφετερισάμενος. Φησὶ γὰρ οὕτως  Ἱππώναξ

ἐμοὶ δὲ Πλοῦτος – ἔστι γὰρ λίην τυφλός –
ἐς τὠικί' ἐλθὼν οὐδάμ' εἶπεν “Ἱππῶναξ,
δίδωμί τοι μν<έα>ς ἀργύρου τριήκοντα
καὶ πόλλ' ἔτ' ἄλλα”· δείλαιος γὰρ τὰς φρένας.

[Aristófanes] diz que Pluto é cego, apropriando-se de Hipônax. Pois assim diz Hipônax:

Pluto, Deus da riqueza, por ser cego demais,
nunca me veio em casa e disse: “Hipônax,
dou-te aqui trinta minas de prata
e muitas outras coisas mais” – pois ele é um estúpido.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Hipônax de Éfeso - Fragmento 128 W

128 Ateneu, Banquete dos Eruditos 15.198

Πολέμων δ' ἐν τῷ δωδεκάτῳ τῶν πρὸς Τίμαιον περὶ τῶν τὰς παρῳδίας γεγραφότων ἱστορῶν τάδε γράφει ‘καὶ τὸν Βοιωτὸν δὲ καὶ τὸν Εὔβοιον τοὺς τὰς παρῳδίας γράψαντας λογίους ἂν φήσαιμι διὰ τὸ
παίζειν ἀμφιδεξίως καὶ τῶν προγενεστέρων ποιητῶν ὑπερέχειν ἐπιγεγονότας. εὑρετὴν μὲν οὖν τοῦ γένους Ἱππώνακτα φατέον τὸν ἰαμβοποιόν. λέγει γὰρ οὗτος ἐν τοῖς ἑξαμέτροις ·

Μοῦσά μοι Εὐρυμεδοντιάδεα, τὴν ποντοχάρυβδιν,
τὴν ἐγγαστριμάχαιραν, ὃς ἐσθίει οὐ κατὰ κόσμον ,
ἔννεφ', ὅπως ψηφῖδι <κακῇ> κακὸν οἶτον ὄληται
βουλῇ δημοσίῃ παρὰ θῖν' ἁλὸς ἀτρυγέτοιο.

Pôlemon escreve o seguinte no décimo segundo livro de Para Timeu, pesquisando sobre os escritores de paródias:

'Eu diria que tanto Beoto quanto Eubeu foram escritores de paródias, por brincarem com duplos sentidos e, apesar de serem anteriores, superaram os poetas que vieram depois. Diga-se que o inventor do gênero sem sombra de dúvida foi Hipônax, o poeta  jâmbico. Pois ele disse isto em hexâmetros:

Musa, do Eurimedontida, o marinocaríbdis,
gastro-faca que come sem elegância nenhuma
conta-me; para que morra mal, de uma morte má,
por voto popular junto às praias do insone mar'

[Tradução: Rafael Brunhara]

segunda-feira, julho 22, 2013

Antologia Grega, 7, 71 (Getúlico) e 7, 352 (Anônimo)

Σῆμα τόδ' Ἀρχιλόχου παραπόντιον, ὅς ποτε πικρὴν
μοῦσαν ἐχιδναίῳ πρῶτος ἔβαψε χόλῳ
αἱμάξας Ἑλικῶνα τὸν ἥμερον. οἶδε Λυκάμβης
μυρόμενος τρισσῶν ἅμματα θυγατέρων.
ἠρέμα δὴ παράμειψον, ὁδοιπόρε, μή ποτε τοῦδε
κινήσῃς τύμβῳ σφῆκας ἐφεζομένους.

Este túmulo junto ao mar é de Arquíloco, primeiro
a mergulhar uma Musa mordaz em bile de víbora,
ensanguentando o dócil Hélicon. Sabe-o bem Licambes,
esvaindo-se em lágrimas pelas três filhas enforcadas.
Viajante, passa em silêncio, para não despertares
as vespas que se assentam em sua tumba.


Δεξιτερὴν Ἀίδαο θεοῦ χέρα καὶ τὰ κελαινὰ
ὄμνυμεν ἀρρήτου δέμνια Περσεφόνης,
παρθένοι ὡς ἔτυμον καὶ ὑπὸ χθονί· πολλὰ δ' ὁ πικρὸς
αἰσχρὰ καθ' ἡμετέρης ἔβλυσε παρθενίης
Ἀρχίλοχος· ἐπέων δὲ καλὴν φάτιν οὐκ ἐπὶ καλὰ (5)
ἔργα, γυναικεῖον δ' ἔτραπεν ἐς πόλεμον.
Πιερίδες, τί κόρῃσιν ἐφ' ὑβριστῆρας ἰάμβους
ἐτράπετ', οὐχ ὁσίῳ φωτὶ χαριζόμεναι;

Pela mão direita do Deus Hades e pelo sombrio
leito da nefanda Perséfone juramos:
somos virgens, é a verdade, até debaixo da terra;
mas mil afrontas à nossa virgindade vomitou
Arquíloco, o mordaz; a bela voz de seus versos
não voltou p'ra belos feitos, mas à guerra com mulheres:
Piérides, por que voltais contra moças jambos tão violentos,
dando vossa graça a um homem ímpio?

[Tradução: Rafael Brunhara]

sábado, julho 20, 2013

Canção Ródia da Andorinha (848 PMG)

848 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 8.360b-d 

κορωνισταὶ δὲ ἐκαλοῦντο οἱ τῇ κορώνῃ ἀγείροντες, ὥς φησι Πάμφιλος ὁ Ἀλεξανδρεὺς ἐν τοῖς περὶ ὀνομάτων· καὶ τὰ ᾀδόμενα δὲ ὑπ' αὐτῶν κορωνίσματα καλεῖται, ὡς ἱστορεῖ Ἁγνοκλῆς ὁ Ῥόδιος ἐν Κορωνισταῖς. καὶ χελιδονίζειν δὲ καλεῖται παρὰ Ῥοδίοις ἀγερμός τις ἄλλος, περὶ οὗ φησι Θέογνις ἐν βʹ περὶ τῶν ἐν Ῥόδῳ θυσιῶν (F.Gr.H. 526 F1) γράφων οὕτως·’εἶδος δέ τι τοῦ ἀγείρειν χελιδονίζειν Ῥόδιοι καλοῦσιν, ὃ γίνεται τῷ Βοηδρομιῶνι μηνί. χελιδονίζειν δὲ λέγεται διὰ τὸ εἰωθὸς ἐπιφωνεῖσθαι·

ἦλθ' ἦλθε χελιδὼν
καλὰς ὥρας ἄγουσα,
καλοὺς ἐνιαυτούς,
ἐπὶ γαστέρα λευκά,
ἐπὶ νῶτα μέλαινα.                       (5)
παλάθαν σὺ προκύκλει
ἐκ πίονος οἴκου
οἴνου τε δέπαστρον
τυροῦ τε κάνυστρον·
καὶ πύρνα χελιδὼν                       (10)
καὶ λεκιθίταν
οὐκ ἀπωθεῖται· πότερ' ἀπίωμες ἢ λαβώμεθα;
εἰ μέν τι δώσεις· εἰ δὲ μή, οὐκ ἐάσομες·
ἢ τὰν θύραν φέρωμες ἢ τὸ ὑπέρθυρον
ἢ τὰν γυναῖκα τὰν ἔσω καθημέναν·     (15)
μικρὰ μέν ἐστι, ῥαιδίως νιν οἴσομες.
ἂν δὴ †φέρηις τι, μέγα δή τι† φέροις·
ἄνοιγ' ἄνοιγε τὰν θύραν χελιδόνι·
οὐ γὰρ γέροντές ἐσμεν, ἀλλὰ παιδία.

São chamados de Homens-Corvo (Koronistai) os que esmolavam com um corvo nas mãos...e as suas canções chamam-se "Cantos do Corvo" (Koronismata), como informa Hagnócles de Rodes em Homens-Corvos.  Outra maneira de pedir esmolas chama-se "andorinhar" (khelidonízein), sobre a qual Teógnis no livro 2 de Ritos Ródios escreveu: "Os Ródios chamam de "Andorinhar" uma forma de pedir esmolas que ocorre no mês Boedrômio. Diz-se "Andorinhar" por causa do costume de cantar a seguinte canção:

Andorinha, andorinha
chegou com a estação bela,
trouxe o bom ano com ela!
Ela tem barriga branca,
ela tem costas escuras!
De tua opulenta casa              (5)
bolo de frutas repassa,
uma tacinha de vinho,
ou de queijo, um cestinho; 
Pão de trigo ou de grão,
a andorinha não diz não!   (10)
Seguir  nosso caminho, ou pegar o que pedimos?
se nos der algo, sim! Se não, não vai ficar assim:
ou a tua porta arrancamos, ou a verga levamos, 
ou então a  senhora que se senta aí dentro!  
Fácil a levamos, não é muito grande;  (15)
então se trouxer algo, traz bastante! 
Abre a porta, abre! Abre p'ra andorinha! 
Pois velhos não somos: só criancinhas.

[Tradução: Rafael Brunhara]


sexta-feira, julho 19, 2013

Sólon, Fragmento 15 W

16  Plutarco, Vida de Sólon, 3.2

ὅτι δ' ἑαυτὸν ἐν τῇ τῶν πενήτων μερίδι μᾶλλον ἢ τῇ τῶν πλουσίων ἔταττε, δῆλόν ἐστιν ἐκ τούτων ·

πολλοὶ γὰρ πλουτέουσι κακοί, ἀγαθοὶ δὲ πένονται·
   ἀλλ' ἡμεῖς τούτοις οὐ διαμειψόμεθα
τῆς ἀρετῆς τὸν πλοῦτον, ἐπεὶ τὸ μὲν ἔμπεδον αἰεί,
   χρήματα δ' ἀνθρώπων ἄλλοτε ἄλλος ἔχει.

É evidente, por estes versos,  que ele próprio se colocava mais entre os pobres do que entre os ricos:

Muitos homens vis são ricos, muitos nobres, pobres:
   mas nós não pegaremos a riqueza daqueles
a troco da virtude; porque esta, sim, é sempre firme,
 já as posses humanas são ora de um, ora de outro.

[Tradução: Rafael Brunhara]


Álcman - Fragmento 26 (PMG)

26  Antígono de Cáriston, Coleção de Histórias Maravilhosas

Τῶν δὲ ἀλκυόνων οἱ ἄρσενες κηρύλοι καλοῦνται· ὅταν οὖν ὑπὸ τοῦ γήρως ἀσθενήσωσιν καὶ μηκέτι δύνωνται πέτεσθαι, φέρουσιν αὐτοὺς αἱ θήλειαι ἐπὶ τῶν πτερῶν λαβοῦσαι. καὶ ἔστι τὸ ὑπὸ τοῦ Ἀλκμᾶνος λεγόμενον τούτῳ συνῳκειωμένον· φησὶν γὰρ ἀσθενὴς ὢν διὰ τὸ γῆρας καὶ τοῖς χοροῖς οὐ δυνάμενος συμπεριφέρεσθαι οὐδὲ τῇ τῶν παρθένων ὀρχήσει·

οὔ μ' ἔτι, παρσενικαὶ μελιγάρυες ἱαρόφωνοι,
γυῖα φέρην δύναται· βάλε δὴ βάλε κηρύλος εἴην,
ὅς τ' ἐπὶ κύματος ἄνθος ἅμ' ἀλκυόνεσσι ποτήται
νηδεὲς ἦτορ ἔχων, ἁλιπόρφυρος ἱαρὸς ὄρνις.

Os alcíones machos são chamados Cérilos. Quando eles ficam fracos por causa da velhice e não são mais capazes de voar, as fêmeas da espécie pegam-nos e levam sobre suas asas. O que é contado por Álcman está associado a isso, pois ele se diz sem forças por causa da velhice e incapaz de acompanhar os coros e a dança das moças:

Não mais, melodiosas moças de ardente canto,
podem os membros levar-me; ei, ei, fosse eu um alcião,
que sobre a flor das ondas com alcíones voa,
coração sem pranto, ave sagrada, azul da cor do mar!

[Tradução de Rafael Brunhara]

Outras traduções:

José Cavalcante de Souza:
http://www.primeiros-escritos.blogspot.com.br/2009/10/alcman-26-dav.html
Leonardo Antunes:
http://neolympikai.blogspot.com.br/2011/11/alcman-fr-26.html
Péricles Eugênio da Silva Ramos:
http://primeiros-escritos.blogspot.com.br/2008/03/lcman-fr26-pmg.html




domingo, maio 26, 2013

Bábrio, Fábula 10: Afrodite e a Escrava

Αἰσχρῆς τις ἤρα καὶ κακοτρόπου δούλης
ἰδίης ἑαυτοῦ, καὶ παρεῖχεν αἰτούσῃ
ἅπανθ' ἑτοίμως. ἡ δὲ χρυσίου πλήρης,
σύρουσα λεπτὴν πορφύρην ἐπὶ κνήμης,
πᾶσαν μάχην συνῆπτεν οἰκοδεσποίνῃ. (5)
τὴν δ' Ἀφροδίτην ὥσπερ αἰτίην τούτων
λύχνοις ἐτίμα, καὶ καθ' ἡμέρην πᾶσαν
ἔθυεν ηὔχεθ' ἱκέτευεν ἠρώτα,
ἕως ποτ' αὐτῶν ἡ θεὸς καθευδόντων
ἦλθεν καθ' ὕπνους, καὶ φανεῖσα τῇ δούλῃ (10)
“μή μοι χάριν σχῇς ὡς καλήν σε ποιούσῃ·
τούτῳ κεχόλωμαί” φησιν “ᾧ καλὴ φαίνῃ.”
[Ἅπας ὁ τοῖς αἰσχροῖσιν ὡς καλοῖς χαίρων
θεοβλαβής τίς ἐστι καὶ φρένας πηρός.]


Um homem se apaixonou por uma escrava feia
e maldosa, a sua própria, e dava-lhe tudo
que pedia, prestativo. E ela, cheia de ouro,
desfilando com  um fino vestido púrpura,
toda a vez brigava com a dona da casa. (5)
Afrodite, como autora desses feitos,
era quem ela honrava com as lâmpadas
e todo o dia sacrificava, orava, suplicava,pedia,
até que um dia, quando ambos dormiam,
a Deusa apareceu em sonho para a escrava: (10)
"Não me agradeças por te fazer bonita" - disse -
"Eu é que me irrito com ele, que te achas bela."
[Todo aquele que se compraz com coisas feias
como se fossem belas, ofende os Deuses e está fora de si]

[Tradução: Rafael Brunhara]

Bábrio, Fábula 15: Teseu e Héracles

Ἀνὴρ Ἀθηναῖός τις ἀνδρὶ Θηβαίῳ
κοινῶς ὁδεύων, ὥσπερ εἰκός, ὡμίλει.
ῥέων δ' ὁ μῦθος ἦλθε μέχρις ἡρώων,
μακρὴ μὲν ἄλλως ῥῆσις οὐδ' ἀναγκαίη·
τέλος δ' ὁ μὲν Θηβαῖος υἱὸν Ἀλκμήνης (5)
μέγιστον ἀνδρῶν, νῦν δὲ καὶ θεῶν ὕμνει·
ὁ δ' ἐξ Ἀθηνῶν ἔλεγεν ὡς πολὺ κρείσσων
Θησεὺς γένοιτο, καὶ τύχης ὁ μὲν θείης
ὄντως λέλογχεν, Ἡρακλῆς δὲ δουλείης.
λέγων δ' ἐνίκα· στωμύλος γὰρ ἦν ῥήτωρ. (10)
ὁ δ' ἄλλος ὡς Βοιωτὸς οὐκ ἔχων ἴσην
λόγοις ἅμιλλαν, εἶπεν ἀγρίῃ μούσῃ·
“πέπαυσο· νικᾷς. τοιγαροῦν χολωθείη
Θησεὺς μὲν ἡμῖν, Ἡρακλῆς δ' Ἀθηναίοις.”

Um ateniense viajava com um tebano
e, naturalmente, pôs-se a conversar:
Fluindo, a conversa chegou até os heróis,
uma longa fala sem propósito ou necessidade.
No fim, o tebano celebra o filho de Alcmena
como o maior dos homens e ora também dos Deuses.
O de Atenas, por sua vez, diz que Teseu
era de longe o melhor, e teve a vida de um Deus
realmente, enquanto Héracles, a de um escravo.
Falando assim, vencia: era um orador eloquente.
O outro, beócio,  não lhe sendo rival à altura
 nos discursos, proferiu, com arte rústica:
"Chega! Vences! Agora, deixa que Teseu
fique irritado conosco e Héracles com os Atenienses."

[Tradução: Rafael Brunhara]

domingo, maio 19, 2013

Hino Órfico 25: Proteu

Πρωτέως, θυμίαμα στύρακα.

Πρωτέα κικλήσκω, πόντου κληῖδας ἔχοντα,
πρωτογενῆ, πάσης φύσεως ἀρχὰς ὃς ἔφηνεν
ὕλην ἀλλάσσων ἱερὴν ἰδέαις πολυμόρφοις,
πάντιμος, πολύβουλος, ἐπιστάμενος τά τ' ἐόντα
ὅσσα τε πρόσθεν ἔην ὅσα τ' ἔσσεται ὕστερον αὖτις· (5)
πάντα γὰρ αὐτὸς ἔχων μεταβάλλεται οὐδέ τις ἄλλος
ἀθανάτων, οἳ ἔχουσιν ἕδος νιφόεντος Ὀλύμπου
καὶ πόντον καὶ γαῖαν ἐνηέριοί τε ποτῶνται·
† πάντα γὰρ † Πρωτεῖ πρώτη φύσις ἐγκατέθηκε.
ἀλλά, πάτερ, μόλε μυστιπόλοις ὁσίαισι προνοίαις (10)
πέμπων εὐόλβου βιότου τέλος ἐσθλὸν ἐπ' ἔργοις.

De Proteu, fumigação: estoraque

A Proteu eu invoco, detentor das chaves do mar,
primogênito que revelou o princípio de toda a natureza,
alterando a sacra matéria em aparências multiformes;
Deus de todas as honras, de muitos conselhos, conhece o presente,
o que foi no passado e o que será no futuro enfim, (5)
pois só ele possui todas as formas e transforma-se e nenhum outro
dos imortais, os que habitam a sede do Olimpo nevado,
o mar, a terra ou que voam no ar,
pois tudo a natureza incutiu em Proteu primeiro.
Eia, pai, vem aos mistérios, com tua consagrada presciência,
enviando em tuas obras o nobre fim da vida bem afortunada.

[Tradução: Rafael Brunhara]

sábado, maio 18, 2013

Ilíada, Canto I (Tradução de Antônio Medina Rodrigues)

De Aquiles o Pelida, ó deusa, canta a cólera
Que a Aqueus fatal torceu com ais sem conta, e ao Hades
Atro almas de heróis bravos jogou, mas seus corpos
De pasto a cães ofereceu e abutres todos.
Pois coisa tal Zeus bem havia deliberado,
Desde o início, quando em rixa se enfrentaram
O Atrida, líder de varões, e o divo Aquiles.

Hino Órfico 24: Nereidas

Νηρηίδων, θυμίαμα ἀρώματα.

Νηρέος εἰναλίου νύμφαι καλυκώπιδες, ἁγναί,
† σφράγιαι βύθιαι, χοροπαίγμονες, ὑγροκέλευθοι,
πεντήκοντα κόραι περὶ κύμασι βακχεύουσαι,
Τριτώνων ἐπ' ὄχοισιν ἀγαλλόμεναι περὶ νῶτα  (5)
θηροτύποις μορφαῖς, ὧν βόσκει σώματα πόντος,
ἄλλοις θ' οἳ ναίουσι βυθόν, Τριτώνιον οἶδμα,
ὑδρόδομοι, σκιρτηταί, ἑλισσόμενοι περὶ κῦμα,
ποντοπλάνοι δελφῖνες, ἁλιρρόθιοι, κυαναυγεῖς.
ὑμᾶς κικλήσκω πέμπειν μύσταις πολὺν ὄλβον· (10)
ὑμεῖς γὰρ πρῶται τελετὴν ἀνεδείξατε σεμνὴν
εὐιέρου Βάκχοιο καὶ ἁγνῆς Φερσεφονείης,
Καλλιόπηι σὺν μητρὶ καὶ Ἀπόλλωνι ἄνακτι.

Das Nereidas, fumigação: ervas aromáticas.

De Nereu marinho as ninfas de rósea tez, puras,
† que selam o fundo do mar, que dançam alegres, umentes,
cinquenta donzelas sobre as ondas, celebrando baqueus;
elas se alegram em carruagens nas costas de Tritões, (5)
com as formas bestiais cujos corpos alimentam o mar,
e com tudo o mais que vive em profundas águas Tritônias.
Habitantes d'água, lépidas envolvendo-se nas ondas,
delfins de lúgubre luz, vagantes, rompendo o mar.
Invoco-vos, enviai aos mistérios muita fortuna: (10)
pois vós fostes as primeiras a demonstrar o insigne rito
do sacratíssimo Baco e da pura Perséfone,
com a mãe Calíope e com Apolo soberano.

[Tradução: Rafael Brunhara]

quinta-feira, maio 16, 2013

Hino Órfico 23: Nereu


Νηρέως, θυμίαμα σμύρναν.

Ὦ κατέχων πόντου ῥίζας, κυαναυγέτιν ἕδρην,
πεντήκοντα κόραισιν ἀγαλλόμενος κατὰ κῦμα
καλλιτέκνοισι χοροῖς, Νηρεῦ, μεγαλώνυμε δαῖμον,
πυθμὴν μὲν πόντου, γαίης πέρας, ἀρχὴ ἁπάντων,
ὃς κλονέεις Δηοῦς ἱερὸν βάθρον, ἡνίκα πνοιὰς (5)
ἐν μυχίοις κευθμῶσιν ἐλαυνομένας ἀποκλείηις·
ἀλλά, μάκαρ, σεισμοὺς μὲν ἀπότρεπε, πέμπε δὲ μύσταις
ὄλβον τ' εἰρήνην τε καὶ ἠπιόχειρον ὑγείην.

De Nereu, fumigação: Mirra

Ó detentor das raízes do mar, sede da lúgubre luz,
que se ufana com suas cinquenta filhas sob as ondas e
com os coros de sua bela prole, Nereu, nume de nome magno,
fundamento do mar, limite da terra, princípio de tudo,
que agitas o sacro altar de Deméter quando trancas (5)
os ventos que vão aos recônditos profundos.
Vamos, venturoso, afasta os abalos, e envia aos mistérios
riqueza,  paz e saúde generosa.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Hino Órfico 22: Mar [Thálassa]

Θαλάσσης, θυμίαμα λιβανομάνναν.

Ὠκεανοῦ καλέω νύμφην, γλαυκώπιδα Τηθύν,
κυανόπεπλον ἄνασσαν, ἐύτροχα κυμαίνουσαν,
αὔραις ἡδυπνόοισι πατασσομένην περὶ γαῖαν.
θραύουσ' αἰγιαλοῖσι πέτρηισί τε κύματα μακρά,
εὐδίνοις ἁπαλοῖσι γαληνιόωσα δρόμοισι, (5)
ναυσὶν ἀγαλλομένη, θηροτρόφε, ὑγροκέλευθε,
μήτηρ μὲν Κύπριδος, μήτηρ νεφέων ἐρεβεννῶν
καὶ πάσης πηγῆς νυμφῶν νασμοῖσι βρυούσης·
κλῦθί μου, ὦ πολύσεμνε, καὶ εὐμενέουσ' ἐπαρήγοις,
εὐθυδρόμοις οὖρον ναυσὶν πέμπουσα, μάκαιρα. (10)

Do Mar; Fumigação: Incenso em pó

A ninfa do Oceano eu chamo, Tétis de olhos glaucos,
soberana de escuro véu, corredora ondeante,
com brisas de doce sopro pulsando pela terra,
quebrando em praias e abrolhos as suas vastas ondas,
na calmaria de moventes tenros turbilhões, (5)
exultante de navios, umente nutriz de feras,
mãe da Cípris, sim; e mãe das Nuvens trevosas,
e das fontes florescentes em que fluem as Ninfas;
Ouve-me, Deusa multi-insigne; prouvera ajudes, benfazeja,
enviando bons ventos aos navios de reto curso, ó venturosa.  (10)

[Tradução de Rafael Brunhara]

domingo, maio 12, 2013

Alexandra de Licofrão, vv. 01-15

Λέξω τὰ πάντα νητρεκῶς, ἅ μ' ἱστορεῖς,
ἀρχῆς ἀπ' ἄκρας· ἢν δὲ μηκυνθῇ λόγος,
σύγγνωθι, δέσποτ'· οὐ γὰρ ἥσυχος κόρη
ἔλυσε χρησμῶν, ὡς πρίν, αἰόλον στόμα·
ἀλλ' ἄσπετον χέασα παμμιγῆ βοὴν (5)
δαφνηφάγων φοίβαζεν ἐκ λαιμῶν ὄπα,
Σφιγγὸς κελαινῆς γῆρυν ἐκμιμουμένη.
τῶν ἅσσα θυμῷ καὶ διὰ μνήμης ἔχω,
κλύοις ἄν, ὦναξ, κἀναπεμπάζων φρενὶ
πυκνῇ διοίχνει δυσφάτους αἰνιγμάτων (10)
οἴμας τυλίσσων, ᾗπερ εὐμαθὴς τρίβος
ὀρθῇ κελεύθῳ τἀν σκότῳ ποδηγετεῖ.
ἐγὼ δ' ἄκραν βαλβῖδα μηρίνθου σχάσας
ἄνειμι λοξῶν ἐς διεξόδους ἐπῶν,
πρώτην ἀράξας νύσσαν, ὡς πτηνὸς δρομεύς. (15)

Direi precisamente tudo que me inquires,
do começo ao fim: se o discurso se estender,
perdão, mestre! Pois antes serena, a donzela
não põe fim às profecias, vária a língua:
porém verteu inefável misto clamor (5)
da garganta laurívora predisse a voz
reproduzindo fala de tétrica Esfinge.
Das coisas que retenho n'alma e na memória,
que ouças, soberano, refletindo na mente
firme percorres enigmas desditosos, (10)
desenredas veredas qual sabida trilha,
guias estrada correta através das trevas.
E eu, rompendo a corda do ponto de partida,
lanço-me aos decursos destes oblíquos versos:
dou a largada, como alado corredor. (15)

[Tradução: Rafael Brunhara]

quarta-feira, abril 24, 2013

Safo, fragmentos (48, 50 - 54)

48
ἦλθες, †καὶ† ἐπόησας, ἔγω δέ σ' ἐμαιόμαν,
ὂν δ' ἔψυξας ἔμαν φρένα καιομέναν πόθωι.

Vieste, fizeste bem, eu te queria...
esfriaste o ardor de desejo em meu peito.

51
οὐκ οἶδ' ὄττι θέω· δίχα μοι τὰ νοήμματα

Não sei o que faço: duas mentes há em mim.

52
ψαύην δ' οὐ δοκίμωμ' ὀράνω †δυσπαχέα†

Não pretendo tocar o céu com as mãos...

53

βροδοπάχεες ἄγναι Χάριτες δεῦτε Δίος κόραι

Bracirróseas puras Graças, vinde, donzelas de Zeus...

54

ἔλθοντ' ἐξ ὀράνω πορφυρίαν περθέμενον χλάμυν ...

[Eros] descende do céu, envolto em manto púrpura...

[Tradução: Rafael Brunhara]

sábado, abril 20, 2013

Hino Órfico 21: Nuvens

<Νεφῶν>;, θυμίαμα σμύρναν.

Ἀέριοι νεφέλαι, καρποτρόφοι, οὐρανόπλαγκτοι,
ὁμβροτόκοι, πνοιαῖσιν ἐλαυνόμεναι κατὰ κόσμον,
βρονταῖαι, πυρόεσσαι, ἐρίβρομοι, ὑγροκέλευθοι,
ἀέρος ἐν κόλπωι πάταγον φρικώδη ἔχουσαι,
πνεύμασιν ἀντίσπαστοι ἐπιδρομάδην παταγεῦσαι, (5)
ὑμᾶς νῦν λίτομαι, δροσοείμονες, εὔπνοοι αὔραις,
πέμπειν καρποτρόφους ὄμβρους ἐπὶ μητέρα γαῖαν.

Das Nuvens, Fumigação: Mirra

Aéreas Nuvens, nutrizes de frutos e errantes celestes,
imbríferas, conduzindo os ventos através do cosmo,
trovejantes, flâmeas de amplo clamor e rastro umente,
que nos vales aéreos têm o estrondo fremente
com ventos velozmente estrondando adversas,   (5)
ora suplico-vos, Deusas do orvalho e das brisas de bons ventos:
enviai sobre a mãe Terra as chuvas nutrizes de frutos.

[Tradução de Rafael Brunhara]

segunda-feira, abril 15, 2013

Simônides, fr. 564 Page

ὅτι δὲ τὸ ποίημα τοῦτο Στησιχόρου ἐστὶν ἱκανώτατος μάρτυς Σιμωνίδης ὁ ποιητής, ὃς περὶ τοῦ Μελεάγρου τὸν λόγον ποιούμενός φησιν ·

                      ὃς δουρὶ πάντας
νίκασε νέους, δινάεντα βαλὼν
Ἄναυρον πολυβότρυος ἐξ Ἰωλκοῦ·
οὕτω γὰρ Ὅμηρος ἠδὲ Στασίχορος ἄεισε λαοῖς.

Que este poema é de Estesícoro, o poeta Simônides é a testemunha mais adequada. Falando a respeito de Meleagro, diz:

[Meleagro], que venceu na lança todos
os jovens ao atirar por sobre os remoinhos
do rio Anauro, em Iolco de ricas videiras.
Assim cantaram aos povos Homero e Estesícoro.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Simônides fr.584 Page

584 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 12.512c

καὶ οἱ φρονιμώτατοι δέ, φησίν, καὶ μεγίστην δόξαν ἐπὶ σοφίᾳ ἔχοντες μέγιστον ἀγαθὸν τὴν ἡδονὴν εἶναι νομίζουσιν, Σιμωνίδης μὲν οὑτωσὶ
λέγων ·
τίς γὰρ ἁδονᾶς ἄτερ θνα-
τῶν βίος ποθεινὸς ἢ ποί-
α τυραννίς;
τᾶς ἄτερ οὐδὲ θεῶν ζηλωτὸς αἰών.

E até mesmo os mais lúcidos, afirma [sc.Heráclides Pôntico] e  que tem a maior reputação por sua sabedoria, consideram que o prazer é o maior bem. Simônides, dizendo assim,

Sem o prazer, que vida humana
é desejável? Que poder?
Sem o prazer, nem a eternidade dos Deuses
é invejável.

[Tradução: Rafael Brunhara]

quarta-feira, abril 10, 2013

Simônides fr.543 Page

543 Dionísio de Halicarnasso, Da Composição Literária

ἐκ δὲ τῆς μελικῆς τὰ Σιμωνίδεια ταῦτα· γέγραπται δὲ κατὰ διαστολὰς οὐχ ὧν Ἀριστοφάνης ἢ ἄλλός τις κατεσκεύασε κώλων ἀλλ' ὧν ὁ πεζὸς λόγος ἀπαιτεῖ. πρόσεχε δὴ τῷ μέλει καὶ ἀναγίνωσκε κατὰ διαστολάς, καὶ εὖ ἴσθ' ὅτι λήσεταί σε ὁ ῥυθμὸς τῆς ᾠδῆς καὶ οὐχ ἕξεις συμβαλεῖν οὔτε στροφὴν οὔτε ἀντίστροφον οὔτ' ἐπῳδόν, ἀλλὰ φανήσεταί σοι λόγος εἷς εἰρόμενος. ἔστι δὲ ἡ διὰ πελάγους φερομένη Δανάη τὰς ἑαυτῆς ἀποδυρομένη τύχας·


Ὅτε λάρνακι
 ἐν δαιδαλέᾳ
ἄνεμός τε μιν πνέων
κινηθεῖσά τε λίμνα δείματι
 ἒρειπεν οὔτ' ἀδιάντοισι παρειαῖς
ἀμφί τε Περσέι βάλλε φίλαν χέρα
εἶπέν τε· Ὦ τέκος, οἷον ἔχω πόνον·

σὺ δ'  ἀωτεῖς,  γαλαθηνῷ
δ' ἤτορι κνοώσσεις
ἐν ἀτερπέι δούρατι χαλκεογόμφῳ
 νυκτὶ <τ' ἄ> λαμπέι
κυανέῳ τε δνόφῳ σταλείς·
ἅχναν δ' ὕπερθε τεᾶν κομᾶν
βαθεῖαν παριόντος
κύματος οὐκ ἀλέγεις, οὐδ' ἀνέμου
φθόγγον, πορφυρέᾳ
κείμενος ἐν χλανίδι,  πρὸσωπον καλὸν.
εἰ δέ τοι δεινὸν τό γε δεινὸν ἦν,
καί κεν ἐμῶν ῥημάτων
 λεπτὸν ὑπεῖχες οὖας.


κέλομαι· εὗδε βρέφος,
εὑδέτω δὲ πόντος, εὑδέτω ἄμετρον κακόν·
μεταβουλία δέ τις φανείη,
Ζεῦ πάτερ, ἐκ σέο·
ὅττι δὴ θαρσαλέον ἔπος εὔχομαι
ἢ νόσφι δίκας,
σύγγνωθί μοι.

Os seguintes versos de Simônides, provenientes da poesia mélica, não foram escritos conforme as divisões métricas que Aristófanes ou qualquer outro preparou, mas demandam a prosa.  Atenta a canção e lê conforme as divisões. Vê bem que o ritmo do poema te escapará, e não poderás agrupar nem estrofe, nem antístrofe e nem epodo, mas parecerás ler um texto em prosa. Trata-se de Dânae sendo levada em alto mar e lamentando a sua sorte:

[Dânae*], na dedálea arca
quando o vento soprava
e o mar revolto em pavor
a prostrava, não sem pranto no rosto
envolveu Perseu nos braços amáveis
e disse:  "ah, filho, que aflição a minha!

Tu dormes, com inocente
peito ressonas
na triste barca de brônzeas cavilhas,
estendida na noite sem luz,
nas trevas escuras.
Da espuma do mar em teus cabelos,
profunda, quando passam
as ondas, tu não cuidas,
nem da voz do vento: repousando
em manto púrpura, é belo teu rosto.    
Se o que é terrível te fosse terrível,
às minhas palavras
darias teus pequeninos ouvidos.


Dorme, meu bebê, te peço;
dorme, ó mar; dorme, ó mal imensurável!
Que surja de ti um sinal de mudança,
Zeus Pai, de tua vontade!
Mas se minha prece é insolente
ou sem justiça,

perdoa-me."

* Dânae era uma princesa de Argos, no Peloponeso. Quando um oráculo contou ao seu pai, o rei Acrísio, de que o filho nascido dela o mataria, prontamente trancafiou a jovem princesa em uma câmara subterrânea. Mas Zeus, na forma de uma chuva dourada, facilmente acessa a câmara e engravida a princesa, que dará a luz ao herói Perseu. Quando o rei soube do acontecido, incrédulo de que a filha havia sido seduzida por Zeus, pôe mãe e filho em uma arca e os lança ao mar. 

[Tradução: Rafael Brunhara]

segunda-feira, abril 08, 2013

Fragmentos da Oresteia de Estesícoro (fr. 210 - 219 PMG)

Oresteia (?), Canto I (?)

Fr.210. Escoliasta à Paz, de Aristófanes (vv. 775ss.)

"Μοῦσα σὺ μὲν πολέμους ἀπωσαμένη μετ' ἐμοῦ/τοῦ φίλου χόρευσον/κλείσουσα θεῶν τε γάμους ἀνδρῶν τε δαῖτας/καὶ θαλίας μακάρων*"  αὕτη  <παρα>πλοκή ἐστι καὶ ἒλαθεν. σφόδρα δὲ γλαφυρὸν εἲρηται καὶ ἒστι Στησιχόρειον.

         Μοῖσα σὺ μὲν πολέμους ἀπωσαμένα πεδ' ἐμοῦ
         κλείοισα θεῶν τε γάμους ἀνδρῶν τε δαίτας
         καὶ θαλίας μακάρων

"Musa, rejeita as guerras, celebra e dança/ comigo, seu amigo/ as núpcias dos Deuses, os banquetes dos homens/ e as festas dos venturosos" trata-se de uma inserção e passou despercebida. A passagem está expressa de maneira muito mais refinada, e pertence a Estesícoro.

          Musa, rejeita as guerras, celebra comigo
          as núpcias dos Deuses, os banquetes dos homens,
          e as festas dos venturosos...


Fr. 211 Escoliasta à Paz, de Aristófanes, vv.800 ss.

"ὅταν ἠρινὰ μὲν/φωνῇ χελιδὼν/ἡδομένη κελαδῇ"...καὶ αὕτη <παρα>πλοκὴ στησιχόρειος. φησὶ γὰρ οὕτως·

                    ὅκα ἦρος ὥραι κελαδῆι χελιδών

 "Quando na primavera/ com alegre voz/ trina a andorinha..." E esta é uma inserção de Estesícoro. Diz o seguinte:

                  Quando na primavera trina a andorinha...


Fr. 212 Escoliasta à Paz, de Aristófanes, vv. 797 ss.

"Τοιάδε χρὴ Χαρίτων δα-/μώματα καλλικόμων/τὸν σοφὸν ποητὴν/ὑμνεῖν"..  ἔστι παρὰ τὰ Στησιχόρου ἐκ τῆς Ὀρεστείας

          τοιάδε χρὴ Χαρίτων δαμώματα καλλικόμων
          ὑμνεῖν Φρύγιον μέλος ἐξευρόντας ἁβρῶς
          ἦρος ἐπερχομένου.

<δαμώματα>; VΓ: τὰ δημοσίᾳ ᾀδόμενα.

"Tais cantos das Graças/ de bela coma ao povo/ o engenhoso poeta/há de hinear"... [Este verso] vem da Oresteia de Estesícoro:

           Tais cantos das Graças de bela coma ao povo
            há de se hinear com garbo encontrando a canção frígia
            no advento da primavera.

[canções...ao povo](damómata): canções entoadas em público.

Oresteia,  Canto II


Fr. 213 Escoliasta à Arte Gramática, de Dionísio Trácio:

Στησίχορος δὲ ἐν δευτέρω Ὀρεστείας καὶ Εὐριπίδης τὸν Παλαμήδην φησὶν εὑρηκεναι [τὰ στοιχεῖα]

Estesícoro, no segundo livro da Oresteia, e Eurípides afirmam que Palamedes foi o inventor [das letras do alfabeto].


Fr. 214 Habron (?), sobre o Escoliasta da Ilíada VII, v. 76 (Papiro de Oxirrinco, 1087 ii 47s):

τὸ λιθακός, ἔνθεν φη(σί) Στησίχορος ἐν  Ὀρεστείας  β' 

               λιθακοῖς

"O pétreo" (tò lithakós): daí  vem Estesícoro, que di (z) na Oresteia, canto 2:

           ...(com) pétreos...

Oresteia, Canto I ou II


Fr.215 Filodemo, Da Piedade (p.24, ed. Gomperz)

Στη[σιχόρο]ς δ ἐν Ὀρεστεί[αι κατ]ἀκολουθήσας [Ἡσιό]δωι τὴν Ἀγαμέ[μνονος Ί]φιγένειαν εἶ[ναι τὴ]ν Ἑκάτην νῦν [ὀνομαζο]μένην...

Este[sícor]o, ao seguir [Hesío]do de perto  na Orest[eia], (diz) que [I]figênia, a filha de Agam[êmnon], recebe hoje o no[me de] Hécate.


Fr. 216 Escólio ao Orestes, de Eurípides (v.46 ss):

φανερὸν ὃτι ἐν Ἂργει ἡ σκηνὴ τοῦ δράματος ὑπόκειται. Ὃμηρος δὲ ἐν Μυκήναις φησὶ τὰ βασίλεια Ἀγαμέμνονος, Στησίχορος δὲ καὶ Σιμωνίδης ἐν Λακεδαίμονι.

É evidente que a cena da peça está situada em Argos. Homero diz que o palácio de Agamêmnon [está] em Micenas, mas Estesícoro e Simônides situam-no na Lacedemônia.


Fr.217  Comentário no Papiro de Oxirrinco, 2506, fr.26, col.ii

...ὃ τε Στησ]ίχορος ἐχρήσατ[ο διη]γήμασιν, τῶν τε ἂλλ[ων ποιη]τῶν οἱ πλείονες τ[αῖς ἀφορ]μαῖς ταῖς τούτου · με[τὰ γὰρ] Ὃμηρον κα[ὶ] Ἡσίοδον [οὐδενὶ] μᾶλλον Στησιχόρου [συμ]φων[οῦσι]· Αἰσχύλο[ς μὲν γὰρ] Ὀρεστ<ε>[ια]ν ποιήσα[ς τριλογ]ίαν [Ὰ]γαμέμνον[α Χ]οηφόρους Εὐμεν[ίδας .....] τὸν ἀγαγν[ωρισμὸ]ν διὰ τοῦ βοστρύχου· Στησιχόρωι γὰρ ἐστιν [.....] δῶρον πα[ρὰ τ]οῦ Ὰπόλλωνος παρ' ὧι [μὲν γ]ὰρ λέγεται· δὸς τόξα μοι κερουλκά, δώρα Λόξιου, [οἷς εἶπ'] Ἀπολλων μ ἐξαμύ[νασ]θαι [θ]εάς παρὰ δὲ Στησιχ[όρω]ι·

           τόξα [δέ τιν] τάδε δώσω
           παλά[μα]ισιν ἐμαῖσι κεκασμένα . . . . [ἐ]πικρατέ-
           ως βάλλειν·

[....Estes]ícoro serviu-se de narrativas, e a maioria dos outros poetas serviu-se do material dele: pois, depois de Homero e Hesíodo, eles não concordam [com ninguém] mais além de Estesícoro:   Ésquil[o, com efeito], ao com[por a sua trilog]ia Orest[eia] ([A]gamêmno[n, C]oéforas e Eumên[ides...)] produziu o rec[onheciment]o pela madeixa do cabelo[*Coéforas, vv.164ss]: [isso] está em Estesícoro [...]. Eurípides diz em seus versos que o arco de Orestes foi dado a ele por Apolo, como um presente; "Dá-me o arco de chifre, dádiva de Lóxias/ com ele, afirma Apolo que expulsarei as Deusas..." [Orestes, v.268ss.]. E em Estesícoro:

         Eis o arco que [te] darei,
         lavrado por minhas artes...
         p'ra disparares poderosamente:

[Εὺριπίδ]ης δὲ καὶ τὴν Ὶφι[γένειαν ἐ]ποίησε γαμουμέ[νην Ὰχιλλεῖ] . . .

E Eurípides também fez Ifigênia se cas[ar com Aquiles]...


Fr.218 Escólio às Coéforas, de Ésquilo vv. 733

Κίλισσαν δέ φησι τὴν Ὸρέστου τροφόν, Πίνδαρος δὲ Αρσινόην, Στησίχορος Λαοδάμειαν.

[Ésquilo] diz que a nutriz de Orestes [chama-se] Cilissa; Píndaro, Arsínoe, e Estesícoro, Laodâmia.



Fr.219. Plutarco, Sobre a lenta vingança de Deus, 555a:

ὥστε πρὸς τὰ γιγνόμενα καὶ πρὸς τὴν ἀλήθειαν ἀποπλάττεσθαι τὸ τῆς Κλυταιμνήστρας ἐνύπνιον τὸν Στησίχορον, οὑτωσί πως λέγοντα·

            τᾷ δὲ δράκων ἐδόκησεν μολεῖν κάρα βεβροτωμένος ἄκρον,
            ἐκ δ' ἄρα τοῦ βασιλεὺς Πλεισθενίδας ἐφάνη.’

Dessa maneira que Estesícoro representa o sonho de Clitemnestra, em conformidade com os acontecimentos e com a verdade, quando fala mais ou menos assim:

            Sonhou que vinha uma serpente suja de sangue
             no alto do crânio; daí surgiu o rei Plistênida*.


* A serpente seria Agamêmnon, morto por Clitemnestra. O rei da linhagem de Plístenes, o Plistênida, é Orestes. West (em Greek Lyric Poetry, 1994, p.205) ainda observa que em algumas versões do mito, Plístenes substitui Atreu como o pai de Agamêmnon.

Edição:  PAGE, D.L. Poetae Melici Graeci, Oxford: Clarendon Press. 1962.

Tradução: Rafael Brunhara


Anânio

(Trímetros Jâmbicos)

Fr.1 W

Ἄπολλον, ὅς που Δῆλον ἢ Πυθῶν' ἔχεις
ἢ Νάξον ἢ Μίλητον ἢ θείην Κλάρον,
ἵκ<εο> †καθ' ἱέρ' ἢ† Σκύθας ἀφίξεαι.

Apolo, que tens Delos, Pito talvez,
ou Naxos, Mileto ou a divina Claro,
vem  †ao sacrifício ou † deixarás a Cítia? 

Fr.2 W

χρυσὸν λέγει Πύθερμος ὡς οὐδὲν τἆλλα.

Ao ouro, diz Pitermo, nada é igual.

Fr.3 W

εἴ τις καθείρξαι χρυσὸν ἐν δόμοις πολὺν
καὶ σῦκα βαιὰ καὶ δύ' ἢ τρεῖς ἀνθρώπους,
γνοίη χ' ὅσωι τὰ σῦκα τοῦ χρυσοῦ κρέσσω.

Se alguém trancasse em uma casa muito ouro,
uns poucos figos e duas ou três pessoas,
veria o quanto figos valem mais que ouro.

Fr.4 W

καὶ σὲ πολλὸν ἀνθρώπων
ἐγὼ φιλ<έω> μάλιστα, ναὶ μὰ τὴν κράμβην.

....E entre muitos outros homens,
eu te amo demais, juro pelo repolho.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Pratinas

Sobre Pratinas:

1 Suda, Π, 2230

Πρατίνας, Πυρρωνίδου ἢ Ἐγκωμίου, Φλιάσιος, ποιητὴς τραγῳδίας· ἀντηγωνίζετο δὲ Αἰσχύλῳ τε καὶ Χοιρίλῳ ἐπὶ τῆς οʹ Ὀλυμπιάδος, καὶ πρῶτος ἔγραψε Σατύρους. ἐπιδεικνυμένου δὲ τούτου συνέβη τὰ ἰκρία, ἐφ' ὧν ἑστήκεσαν οἱ θεαταί, πεσεῖν, καὶ ἐκ τούτου θέατρον ᾠκοδομήθη Ἀθηναίοις. καὶ δράματα μὲν ἐπεδείξατο νʹ, ὧν Σατυρικὰ λβʹ· ἐνίκησε δὲ ἅπαξ.

Pratinas, filho de Pirrônides ou de Encômio, de Flio, poeta trágico. Era rival de Ésquilo e Quérilo na 70º Olímpiada [*500/496 a.C.], e foi o primeiro a escrever dramas satíricos.  Na ocasião em que apresentou uma peça, a plataforma sobre a qual os espectadores estavam veio a cair, e por causa disso um teatro foi construído pelos atenienses.  Ele apresentou cinquenta peças, sendo trinta e duas delas dramas satíricos, mas conquistou a vitória apenas uma vez. 

2 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 1.22a
φασὶ δὲ καὶ ὃτι οἱ ἀρχαῖοι ποιηταί θέσπις, Πρατίνας, [[Κρατῖνος]], Φρύνικος, ὀρχησταὶ ἐκαλοῦντο διὰ τὸ μὴ μόνον τὰ ἑαυτῶν δράματα ἀναφέρειν εἰς ὂρχησιν τοῦ χοροῦ, ὰλλὰ  καὶ ἒξω τῶν ἰδίων ποιημάτων διδάσκειν τοὺς βοθλομένους ὸρχεῖσθαι.

Conta-se também que os poetas antigos -- Téspis, Pratinas, [[Cratino,]] e Frínico -- eram chamados de dançarinos, não só porque produziam os seus dramas para a dança do coro, mas também porque,  além dos seus próprios poemas, ensinavam a dançar aqueles que quisessem.

Fragmentos:



708 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 14. 617 b-f
Πρατίνας δὲ ὁ Φλιάσιος αὐλητῶν καὶ χορευτῶν μισθοφόρων κατεχόντων τὰς ὀρχήστρας ἀγανακτεῖν τινας ἐπὶ τῷ τοὺς αὐλητὰς μὴ συναυλεῖν τοῖς χοροῖς, καθάπερ ἦν πάτριον, ἀλλὰ τοὺς χοροὺς συνᾴδειν τοῖς αὐληταῖς· ὃν οὖν εἶχεν κατὰ τῶν ταῦτα ποιούντων θυμὸν ὁ Πρατίνας ἐμφανίζει διὰ τοῦδε τοῦ Ὑπορχήματος ·

τίς ὁ θόρυβος ὅδε; τί τάδε τὰ χορεύματα;
τίς ὕβρις ἔμολεν ἐπὶ Διονυσιάδα πολυπάταγα θυμέλαν;
ἐμὸς ἐμὸς ὁ Βρόμιος, ἐμὲ δεῖ κελαδεῖν, ἐμὲ δεῖ παταγεῖν
ἀν' ὄρεα σύμενον μετὰ Ναϊάδων
 οἷά τε κύκνον ἄγοντα ποικιλόπτερον μέλος. (5)
τὰν ἀοιδὰν κατέστασε Πιερὶς βασίλειαν· ὁ δ' αὐλός
ὕστερον χορευέτω· καὶ γάρ ἐσθ' ὑπηρέτας.
κώμῳ μόνον θυραμάχοις τε πυγμαχίαισι νέων θέλοι παροίνων
ἔμμεναι στρατηλάτας.
παῖε τὸν φρυνεοῦ ποικίλαν πνοὰν ἔχοντα· (10)
φλέγε τὸν ὀλεσιαλοκάλαμον,
λαλοβαρύοπα παραμελορυθμοβάταν
ὐπαι τρυπάνῳ δέμας πεπλασμένον.
ἢν ἰδού· ἅδε σοι δεξιᾶς καὶ ποδὸς διαρριφά·
θριαμβοδιθύραμβε, κισσόχαιτ' ἄναξ, (15)
<ἄκου'> ἄκουε τὰν ἐμὰν Δώριον χορείαν.

Quando auletas e coreutas assalariados ocuparam as orquestras, Pratinas de Flio ficou indignado porque os auletas não acompanhavam os coros com o aulo, como mandava a tradição, mas os coros que cantavam acompanhando os auletas. Pratinas então manifesta a raiva que tinha contra os que faziam essas coisas por meio deste Hiporquema:

Que balbúrdia é essa? Que é esse passo de dança?
Que exagero chega ao retumbante altar de Dioniso?
Brômio é meu, é meu!  Meu seja o clamor, meu o clangor,
correndo no alto dos montes com Náiades,
entoando alado e iriado canto, como um cisne!
A Musa Piéria fez da canção rainha; que o aulo
então faça depois sua dança, ele que é o servo:
contente-se ele em ser o general das farras e arruaças
da ébria juventude!
Golpeia o batráquio de sopro variegado,
incendeia o cálamo-gasta-saliva,
o tonítruo blá-blá-blá e os passos fora do ritmo
desse corpo moldado na verruma!
Veja, veja! Estende assim a mão direita e os pés!
Triambo-ditirambo, senhor de hederosos cabelos,
vem, vem, ouve meu canto e dança dórico!

709 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 632f-633a

διετήρησαν δὲ μάλιστα τῶν Ἑλλήνων Λακεδαιμόνιοι τὴν μουσικήν, πλείστῃ αὐτῇ χρώμενοι, καὶ συχνοὶ παρ' αὐτοῖς ἐγένοντο μελῶν ποιηταί. τηροῦσιν δὲ καὶ νῦν τὰς ἀρχαίας ᾠδὰς ἐπιμελῶς πολυμαθεῖς τε εἰς ταύτας εἰσὶ καὶ ἀκριβεῖς. ὅθεν καὶ Πρατίνας φησί·

Λάκων ὁ τέττιξ εὔτυκος εἰς χορόν.

Os Lacedemônios, mais do que os outros gregos, mantiveram a sua música, servindo-se dela amiúde. Havia numerosos poetas mélicos entre eles.  Até hoje eles preservam cuidadosamente as antigas canções, e possuem muita instrução e rigor nelas. Por isso é que Pratinas diz:

Lacônia é a cigarra pronta para o coro.

710 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 461e

κατὰ τὸν Φλιάσιον ποιητὴν Πρατίναν

οὐ γᾶν αὐλακισμέναν ἀρῶν,
ἀλλ' ἄσκαφον ματεύων

κυλικηγορήσων ἔρχομαι

Conforme o poeta de Flio Pratinas:

"Não lavrando um solo sulcado
mas em busca de terra virgem..."

Começo a discursar sobre as nossas taças.

711 ΔΙΜΑΙΝΑΙ Η ΚΑΡΥΑΤΙΔΕΣ

Ateneu, Banquete dos Eruditos, 9.392f

Πρατίνας δ ἐν Δυμαίναις ἢ Καρυάτισιν·

ἀδύφωνον

ἰδίως καλεῖ τὸν ὂρτυγα, πλὴν εἰ μή τι παρὰ τοῖς Φλιασίοις ἢ τοῖς Λάκωσι φωνήεντες ὡς καὶ οἱ πέρδικες.

Pratinas, em Dimênidas ou Cariátides é singular ao chamar as codornas de:

[codornas de] doce-voz

a não ser que em Flio ou na Lacônia as codornas soem como as perdizes.

712 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 624f-625a

καὶ Πρατίνας δέ φησι·

(a)
μήτε σύντονον δίωκε
μήτε τὰν ἀνειμέναν [[Ἰαστὶ]]
μοὖσαν, ἀλλὰ τὰν μέσαν
νεῶν ἄρουραν αἰόλιζε τῷ μέλει.

ἐν δὲ τοῖς ἑξῆς σαφέστερον φησίν·

                     πρέπει τοι
πᾶσιν ἀοιδολαβράκταις
Αἰολὶς ἁρμονία.

E Pratinas diz:

(a)

A Musa tensa não busca,
tampouco a relaxada [[Jônia]],
mas  cultivando a metade
do campo, eoliza teu canto.

e de maneira mais clara nos versos seguintes:

(b)                
               Eis o que convém
a todos os aedos paroleiros:
a harmonia eólica.


[Tradução: Rafael Brunhara]