sexta-feira, julho 26, 2013

Hipônax, fragmentos 32, 34 e 36 W


32

Ἑρμῆ, φίλ' Ἑρμῆ, Μαιαδεῦ, Κυλλήνιε,
ἐπεύχομαί τοι, κάρτα γὰρ κακῶς ῥιγῶ
καὶ βαμβαλύζω ...

δὸς χλαῖναν Ἱππώνακτι καὶ κυπασσίσκον
καὶ σαμβαλίσκα κἀσκερίσκα καὶ χρυσοῦ  (5)
στατῆρας ἑξήκοντα τοὐτέρου τοίχου.


Hermes, meu caro, filho de Maia, Cilênio,
rogo-te, estou tremendo tanto de frio
 e bato os dentes...

Dá p'ra Hipônax um manto, um casaquinho,
sandalinhas, pantufinhas, e as douradas (5)
sessenta moedas do outro muro.

34 

ἐμοὶ γὰρ οὐκ ἔδωκας οὔτέ κω χλαῖναν
δασεῖαν ἐν χειμῶνι φάρμακον ῥίγ<εο>ς,
οὔτ' ἀσκέρηισι τοὺς πόδας δασείηισι
ἔκρυψας, ὥς μοι μὴ χίμετλα ῥήγνυται.

Pois nunca me deste um manto
felpudo, remédio contra o frio do inverno
nem cobriste com pantufas felpudas
os meus pés, p'ra não me doer as frieiras...


36 Tzetzes em Aristófanes, Pluto, 87

Τυφλὸν δὲ  τὸν  Πλοῦτόν φησιν ἐξ  Ἱππώνακτος τοῦτο σφετερισάμενος. Φησὶ γὰρ οὕτως  Ἱππώναξ

ἐμοὶ δὲ Πλοῦτος – ἔστι γὰρ λίην τυφλός –
ἐς τὠικί' ἐλθὼν οὐδάμ' εἶπεν “Ἱππῶναξ,
δίδωμί τοι μν<έα>ς ἀργύρου τριήκοντα
καὶ πόλλ' ἔτ' ἄλλα”· δείλαιος γὰρ τὰς φρένας.

[Aristófanes] diz que Pluto é cego, apropriando-se de Hipônax. Pois assim diz Hipônax:

Pluto, Deus da riqueza, por ser cego demais,
nunca me veio em casa e disse: “Hipônax,
dou-te aqui trinta minas de prata
e muitas outras coisas mais” – pois ele é um estúpido.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Hipônax de Éfeso - Fragmento 128 W

128 Ateneu, Banquete dos Eruditos 15.198

Πολέμων δ' ἐν τῷ δωδεκάτῳ τῶν πρὸς Τίμαιον περὶ τῶν τὰς παρῳδίας γεγραφότων ἱστορῶν τάδε γράφει ‘καὶ τὸν Βοιωτὸν δὲ καὶ τὸν Εὔβοιον τοὺς τὰς παρῳδίας γράψαντας λογίους ἂν φήσαιμι διὰ τὸ
παίζειν ἀμφιδεξίως καὶ τῶν προγενεστέρων ποιητῶν ὑπερέχειν ἐπιγεγονότας. εὑρετὴν μὲν οὖν τοῦ γένους Ἱππώνακτα φατέον τὸν ἰαμβοποιόν. λέγει γὰρ οὗτος ἐν τοῖς ἑξαμέτροις ·

Μοῦσά μοι Εὐρυμεδοντιάδεα, τὴν ποντοχάρυβδιν,
τὴν ἐγγαστριμάχαιραν, ὃς ἐσθίει οὐ κατὰ κόσμον ,
ἔννεφ', ὅπως ψηφῖδι <κακῇ> κακὸν οἶτον ὄληται
βουλῇ δημοσίῃ παρὰ θῖν' ἁλὸς ἀτρυγέτοιο.

Pôlemon escreve o seguinte no décimo segundo livro de Para Timeu, pesquisando sobre os escritores de paródias:

'Eu diria que tanto Beoto quanto Eubeu foram escritores de paródias, por brincarem com duplos sentidos e, apesar de serem anteriores, superaram os poetas que vieram depois. Diga-se que o inventor do gênero sem sombra de dúvida foi Hipônax, o poeta  jâmbico. Pois ele disse isto em hexâmetros:

Musa, do Eurimedontida, o marinocaríbdis,
gastro-faca que come sem elegância nenhuma
conta-me; para que morra mal, de uma morte má,
por voto popular junto às praias do insone mar'

[Tradução: Rafael Brunhara]

segunda-feira, julho 22, 2013

Antologia Grega, 7, 71 (Getúlico) e 7, 352 (Anônimo)

Σῆμα τόδ' Ἀρχιλόχου παραπόντιον, ὅς ποτε πικρὴν
μοῦσαν ἐχιδναίῳ πρῶτος ἔβαψε χόλῳ
αἱμάξας Ἑλικῶνα τὸν ἥμερον. οἶδε Λυκάμβης
μυρόμενος τρισσῶν ἅμματα θυγατέρων.
ἠρέμα δὴ παράμειψον, ὁδοιπόρε, μή ποτε τοῦδε
κινήσῃς τύμβῳ σφῆκας ἐφεζομένους.

Este túmulo junto ao mar é de Arquíloco, primeiro
a mergulhar uma Musa mordaz em bile de víbora,
ensanguentando o dócil Hélicon. Sabe-o bem Licambes,
esvaindo-se em lágrimas pelas três filhas enforcadas.
Viajante, passa em silêncio, para não despertares
as vespas que se assentam em sua tumba.


Δεξιτερὴν Ἀίδαο θεοῦ χέρα καὶ τὰ κελαινὰ
ὄμνυμεν ἀρρήτου δέμνια Περσεφόνης,
παρθένοι ὡς ἔτυμον καὶ ὑπὸ χθονί· πολλὰ δ' ὁ πικρὸς
αἰσχρὰ καθ' ἡμετέρης ἔβλυσε παρθενίης
Ἀρχίλοχος· ἐπέων δὲ καλὴν φάτιν οὐκ ἐπὶ καλὰ (5)
ἔργα, γυναικεῖον δ' ἔτραπεν ἐς πόλεμον.
Πιερίδες, τί κόρῃσιν ἐφ' ὑβριστῆρας ἰάμβους
ἐτράπετ', οὐχ ὁσίῳ φωτὶ χαριζόμεναι;

Pela mão direita do Deus Hades e pelo sombrio
leito da nefanda Perséfone juramos:
somos virgens, é a verdade, até debaixo da terra;
mas mil afrontas à nossa virgindade vomitou
Arquíloco, o mordaz; a bela voz de seus versos
não voltou p'ra belos feitos, mas à guerra com mulheres:
Piérides, por que voltais contra moças jambos tão violentos,
dando vossa graça a um homem ímpio?

[Tradução: Rafael Brunhara]

sábado, julho 20, 2013

Canção Ródia da Andorinha (848 PMG)

848 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 8.360b-d 

κορωνισταὶ δὲ ἐκαλοῦντο οἱ τῇ κορώνῃ ἀγείροντες, ὥς φησι Πάμφιλος ὁ Ἀλεξανδρεὺς ἐν τοῖς περὶ ὀνομάτων· καὶ τὰ ᾀδόμενα δὲ ὑπ' αὐτῶν κορωνίσματα καλεῖται, ὡς ἱστορεῖ Ἁγνοκλῆς ὁ Ῥόδιος ἐν Κορωνισταῖς. καὶ χελιδονίζειν δὲ καλεῖται παρὰ Ῥοδίοις ἀγερμός τις ἄλλος, περὶ οὗ φησι Θέογνις ἐν βʹ περὶ τῶν ἐν Ῥόδῳ θυσιῶν (F.Gr.H. 526 F1) γράφων οὕτως·’εἶδος δέ τι τοῦ ἀγείρειν χελιδονίζειν Ῥόδιοι καλοῦσιν, ὃ γίνεται τῷ Βοηδρομιῶνι μηνί. χελιδονίζειν δὲ λέγεται διὰ τὸ εἰωθὸς ἐπιφωνεῖσθαι·

ἦλθ' ἦλθε χελιδὼν
καλὰς ὥρας ἄγουσα,
καλοὺς ἐνιαυτούς,
ἐπὶ γαστέρα λευκά,
ἐπὶ νῶτα μέλαινα.                       (5)
παλάθαν σὺ προκύκλει
ἐκ πίονος οἴκου
οἴνου τε δέπαστρον
τυροῦ τε κάνυστρον·
καὶ πύρνα χελιδὼν                       (10)
καὶ λεκιθίταν
οὐκ ἀπωθεῖται· πότερ' ἀπίωμες ἢ λαβώμεθα;
εἰ μέν τι δώσεις· εἰ δὲ μή, οὐκ ἐάσομες·
ἢ τὰν θύραν φέρωμες ἢ τὸ ὑπέρθυρον
ἢ τὰν γυναῖκα τὰν ἔσω καθημέναν·     (15)
μικρὰ μέν ἐστι, ῥαιδίως νιν οἴσομες.
ἂν δὴ †φέρηις τι, μέγα δή τι† φέροις·
ἄνοιγ' ἄνοιγε τὰν θύραν χελιδόνι·
οὐ γὰρ γέροντές ἐσμεν, ἀλλὰ παιδία.

São chamados de Homens-Corvo (Koronistai) os que esmolavam com um corvo nas mãos...e as suas canções chamam-se "Cantos do Corvo" (Koronismata), como informa Hagnócles de Rodes em Homens-Corvos.  Outra maneira de pedir esmolas chama-se "andorinhar" (khelidonízein), sobre a qual Teógnis no livro 2 de Ritos Ródios escreveu: "Os Ródios chamam de "Andorinhar" uma forma de pedir esmolas que ocorre no mês Boedrômio. Diz-se "Andorinhar" por causa do costume de cantar a seguinte canção:

Andorinha, andorinha
chegou com a estação bela,
trouxe o bom ano com ela!
Ela tem barriga branca,
ela tem costas escuras!
De tua opulenta casa              (5)
bolo de frutas repassa,
uma tacinha de vinho,
ou de queijo, um cestinho; 
Pão de trigo ou de grão,
a andorinha não diz não!   (10)
Seguir  nosso caminho, ou pegar o que pedimos?
se nos der algo, sim! Se não, não vai ficar assim:
ou a tua porta arrancamos, ou a verga levamos, 
ou então a  senhora que se senta aí dentro!  
Fácil a levamos, não é muito grande;  (15)
então se trouxer algo, traz bastante! 
Abre a porta, abre! Abre p'ra andorinha! 
Pois velhos não somos: só criancinhas.

[Tradução: Rafael Brunhara]


sexta-feira, julho 19, 2013

Sólon, Fragmento 15 W

16  Plutarco, Vida de Sólon, 3.2

ὅτι δ' ἑαυτὸν ἐν τῇ τῶν πενήτων μερίδι μᾶλλον ἢ τῇ τῶν πλουσίων ἔταττε, δῆλόν ἐστιν ἐκ τούτων ·

πολλοὶ γὰρ πλουτέουσι κακοί, ἀγαθοὶ δὲ πένονται·
   ἀλλ' ἡμεῖς τούτοις οὐ διαμειψόμεθα
τῆς ἀρετῆς τὸν πλοῦτον, ἐπεὶ τὸ μὲν ἔμπεδον αἰεί,
   χρήματα δ' ἀνθρώπων ἄλλοτε ἄλλος ἔχει.

É evidente, por estes versos,  que ele próprio se colocava mais entre os pobres do que entre os ricos:

Muitos homens vis são ricos, muitos nobres, pobres:
   mas nós não pegaremos a riqueza daqueles
a troco da virtude; porque esta, sim, é sempre firme,
 já as posses humanas são ora de um, ora de outro.

[Tradução: Rafael Brunhara]


Álcman - Fragmento 26 (PMG)

26  Antígono de Cáriston, Coleção de Histórias Maravilhosas

Τῶν δὲ ἀλκυόνων οἱ ἄρσενες κηρύλοι καλοῦνται· ὅταν οὖν ὑπὸ τοῦ γήρως ἀσθενήσωσιν καὶ μηκέτι δύνωνται πέτεσθαι, φέρουσιν αὐτοὺς αἱ θήλειαι ἐπὶ τῶν πτερῶν λαβοῦσαι. καὶ ἔστι τὸ ὑπὸ τοῦ Ἀλκμᾶνος λεγόμενον τούτῳ συνῳκειωμένον· φησὶν γὰρ ἀσθενὴς ὢν διὰ τὸ γῆρας καὶ τοῖς χοροῖς οὐ δυνάμενος συμπεριφέρεσθαι οὐδὲ τῇ τῶν παρθένων ὀρχήσει·

οὔ μ' ἔτι, παρσενικαὶ μελιγάρυες ἱαρόφωνοι,
γυῖα φέρην δύναται· βάλε δὴ βάλε κηρύλος εἴην,
ὅς τ' ἐπὶ κύματος ἄνθος ἅμ' ἀλκυόνεσσι ποτήται
νηδεὲς ἦτορ ἔχων, ἁλιπόρφυρος ἱαρὸς ὄρνις.

Os alcíones machos são chamados Cérilos. Quando eles ficam fracos por causa da velhice e não são mais capazes de voar, as fêmeas da espécie pegam-nos e levam sobre suas asas. O que é contado por Álcman está associado a isso, pois ele se diz sem forças por causa da velhice e incapaz de acompanhar os coros e a dança das moças:

Não mais, melodiosas moças de ardente canto,
podem os membros levar-me; ei, ei, fosse eu um alcião,
que sobre a flor das ondas com alcíones voa,
coração sem pranto, ave sagrada, azul da cor do mar!

[Tradução de Rafael Brunhara]

Outras traduções:

José Cavalcante de Souza:
http://www.primeiros-escritos.blogspot.com.br/2009/10/alcman-26-dav.html
Leonardo Antunes:
http://neolympikai.blogspot.com.br/2011/11/alcman-fr-26.html
Péricles Eugênio da Silva Ramos:
http://primeiros-escritos.blogspot.com.br/2008/03/lcman-fr26-pmg.html