quinta-feira, dezembro 26, 2013

Calímaco, Epigrama 23

Εἴπας ‘Ἥλιε χαῖρε’ Κλεόμβροτος ὡμβρακιώτης
ἥλατ' ἀφ' ὑψηλοῦ τείχεος εἰς Ἀΐδην,
ἄξιον οὐδὲν ἰδὼν θανάτου κακόν, ἀλλὰ Πλάτωνος
ἓν τὸ περὶ ψυχῆς γράμμ' ἀναλεξάμενος.

Cleômbroto d' Ambrácia disse: "Adeus, Sol!"
e lançou-se da alta muralha  para o Hades.
Não viu mal nenhum que valesse a morte: de Platão
ele leu um livro só, aquele sobre a alma.

(Tradução: Rafael Brunhara)

sexta-feira, dezembro 20, 2013

Antologia Palatina 11.61 (Macedônio)


Χθιζὸν ἐμοὶ νοσέοντι παρίστατο δήιος ἀνὴρ
ἰητρὸς δεπάων νέκταρ ἀπειπάμενος·
εἶπε δ' ὕδωρ πίνειν, ἀνεμώλιος, οὐδ' ἐδιδάχθη,
ὅττι μένος μερόπων οἶνον Ὅμηρος ἔφη.

Ontem, quando adoeci, postou-se um inimigo contra mim,
um médico, proibindo-me o néctar das taças;
Prescreveu-me beber água. Cabeça de vento, não aprendeste
que Homero diz que o vinho é a força dos homens?*

Tradução: Rafael Brunhara

* Ver por exemplo Ilíada 6.261: ἀνδρὶ δὲ κεκμηῶτι μένος μέγα οἶνος ἀέξει ("ao homem fatigado, o vinho aviva enormemente a força")

quinta-feira, dezembro 05, 2013

Hino Órfico 33: Vitória [Nike]

Νίκης, θυμίαμα μάνναν.

Εὐδύνατον καλέω Νίκην, θνητοῖσι ποθεινήν,
ἣ μούνη λύει θνητῶν ἐναγώνιον ὁρμὴν
καὶ στάσιν ἀλγινόεσσαν ἐπ' ἀντιπάλοισι μάχαισιν,
ἐν πολέμοις κρίνουσα τροπαιούχοισιν ἐπ' ἔργοις,
οἷς ἂν ἐφορμαίνουσα φέροις γλυκερώτατον εὖχος· (5)
πάντων γὰρ κρατέεις, πάσης δ' ἔριδος κλέος ἐσθλὸν
Νίκηι ἐπ' εὐδόξωι κεῖται θαλίαισι βρυάζον.
ἀλλά, μάκαιρ', ἔλθοις πεποθημένη ὄμματι φαιδρῶι
αἰεὶ ἐπ' εὐδόξοις ἔργοις κλέος ἐσθλὸν ἄγουσα.

Da Vitória, fumigação: incenso

Chamo bem poderosa Vitória, desejada pelos mortais;
só ela livra os mortais do anseio pela disputa,
do doloroso dissídio dos oponentes em combate;
Nas guerras julga os feitos premiáveis
e no ardor da luta confere-lhes o triunfo mais doce, (5)
pois a tudo imperas; de toda a discórdia a nobre glória
repousa em Vitória [Nike],florescente em fama e festivais.
Peço-te, venturosa, vem com teus olhos radiantes,
trazendo sempre nobre glória a obras célebres.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Hino Órfico 32: Atena

Ἀθηνᾶς, θυμίαμα ἀρώματα.

Παλλὰς μουνογενή<ς>, μεγάλου Διὸς ἔκγονε σεμνή,
δῖα, μάκαιρα θεά, πολεμόκλονε, ὀμβριμόθυμε,
ἄρρητε, ῥητή, μεγαλώνυμε, ἀντροδίαιτε,
ἣ διέπεις ὄχθους ὑψαύχενας ἀκρωρείους
ἠδ' ὄρεα σκιόεντα, νάπαισί τε σὴν φρένα τέρπεις, (5)
ὁπλοχαρής, οἰστροῦσα βροτῶν ψυχὰς μανίαισι,
γυμνάζουσα κόρη, φρικώδη θυμὸν ἔχουσα,
Γοργοφόνη, φυγόλεκτρε, τεχνῶν μῆτερ πολύολβε,
ὁρμάστειρα, φίλοιστρε κακοῖς, ἀγαθοῖς δὲ φρόνησις·
ἄρσην μὲν καὶ θῆλυς ἔφυς, πολεματόκε, μῆτι, (10)
αἰολόμορφε, δράκαινα, φιλένθεε, ἀγλαότιμε,
Φλεγραίων ὀλέτειρα Γιγάντων, ἱππελάτειρα,
Τριτογένεια, λύτειρα κακῶν, νικηφόρε δαῖμον,
ἤματα καὶ νύκτας αἰεὶ νεάταισιν ἐν ὥραις,
κλῦθί μου εὐχομένου, δὸς δ' εἰρήνην πολύολβον (15)
καὶ κόρον ἠδ' ὑγίειαν † ἐπ' εὐόλβοισιν † ἐν ὥραις,
γλαυκῶφ', εὑρεσίτεχνε, πολυλλίστη βασίλεια.

De Atena, fumigação: ervas aromáticas

Palas unigênita, prole insigne do grande Zeus,
divina, venturosa deusa de coração brutal no tumulto da guerra,
Inominável, nomeável de nome magno, habitante dos antros,
tu, que reges alterosos escarpados cimos
e montes umbrosos, e nos vales comprazes teu espírito,
armas te agradam, açoitas almas mortais com loucuras,
donzela dos exercícios com um coração fremente,
matadora da Górgona que evitou o leito, mãe multiafortunada das artes,
urgente, amiga do desvario nos maus, da prudência nos bons:
Nasceste masculina e feminina, belígera e astuciosa,
mutante forma de esplêndidas honras, serpente, amiga da inspiração divina,
destruidora dos Gigantes de Flegras, cavaleira,
Tritogênia, árbitra dos malignos, nume vencedor
sempre, dia e noite, nas horas mais sublimes.
Ouve as minhas preces, dá-me paz multiafortunada,
fartura e saúde em hora bem afortunada,
Deusa de olhos glaucos, inventora das artes, rainha de muitas súplicas!

[Tradução: Rafael Brunhara]

terça-feira, dezembro 03, 2013

Paladas de Alexandria (Antologia Palatina 10.82)

Ἄρα μὴ θανόντες τῷ δοκεῖν ζῶμεν μόνον,
Ἕλληνες ἄνδρες, συμφορᾷ πεπτωκότες,
ὄνειρον εἰκάζοντες εἶναι τὸν βίον;
ἢ ζῶμεν ἡμεῖς τοῦ βίου τεθνηκότος;

Não morremos e só parecemos viver,
 homens gregos caídos em desgraça,
que pensávamos ser a vida  igual a sonho?
Ou  vivemos, e a vida é que está morta?

(Tradução: Rafael Brunhara)

domingo, dezembro 01, 2013

Estratão: Antologia Palatina 11.19


Καὶ πίε νῦν καὶ ἔρα, Δαμόκρατες· οὐ γὰρ ἐς αἰεὶ
πιόμεθ' οὐδ' αἰεὶ παισὶ συνεσσόμεθα.
καὶ στεφάνοις κεφαλὰς πυκασώμεθα καὶ μυρίσωμεν
αὑτούς, πρὶν τύμβοις ταῦτα φέρειν ἑτέρους.
νῦν ἐν ἐμοὶ πιέτω μέθυ τὸ πλέον ὀστέα τἀμά·
νεκρὰ δὲ Δευκαλίων αὐτὰ κατακλυσάτω.

Agora bebe, Damócrates, e ama: não vamos beber
para sempre, nem para sempre estar com meninos;
Vamos coroar com guirlandas nossas cabeças, e untar de perfume
nossos corpos, antes que sobre nossos túmulos ponham tais coisas.
Agora, que os meus ossos bebam o máximo de vinho:
Quando mortos, que os leve o dilúvio de Deucalião.


[Tradução: Rafael Brunhara]