Oresteia (?), Canto I (?)
Fr.210. Escoliasta à Paz, de Aristófanes (vv. 775ss.)
"Μοῦσα σὺ μὲν πολέμους ἀπωσαμένη μετ' ἐμοῦ/τοῦ φίλου χόρευσον/κλείσουσα θεῶν τε γάμους ἀνδρῶν τε δαῖτας/καὶ θαλίας μακάρων*" αὕτη <παρα>πλοκή ἐστι καὶ ἒλαθεν. σφόδρα δὲ γλαφυρὸν εἲρηται καὶ ἒστι Στησιχόρειον.
Μοῖσα σὺ μὲν πολέμους ἀπωσαμένα πεδ' ἐμοῦ
κλείοισα θεῶν τε γάμους ἀνδρῶν τε δαίτας
καὶ θαλίας μακάρων
"Musa, rejeita as guerras, celebra e dança/ comigo, seu amigo/ as núpcias dos Deuses, os banquetes dos homens/ e as festas dos venturosos" trata-se de uma inserção e passou despercebida. A passagem está expressa de maneira muito mais refinada, e pertence a Estesícoro.
Musa, rejeita as guerras, celebra comigo
as núpcias dos Deuses, os banquetes dos homens,
e as festas dos venturosos...
Fr. 211 Escoliasta à Paz, de Aristófanes, vv.800 ss.
"ὅταν ἠρινὰ μὲν/φωνῇ χελιδὼν/ἡδομένη κελαδῇ"...καὶ αὕτη <παρα>πλοκὴ στησιχόρειος. φησὶ γὰρ οὕτως·
ὅκα ἦρος ὥραι κελαδῆι χελιδών
"Quando na primavera/ com alegre voz/ trina a andorinha..." E esta é uma inserção de Estesícoro. Diz o seguinte:
Quando na primavera trina a andorinha...
Fr. 212 Escoliasta à Paz, de Aristófanes, vv. 797 ss.
"Τοιάδε χρὴ Χαρίτων δα-/μώματα καλλικόμων/τὸν σοφὸν ποητὴν/ὑμνεῖν".. ἔστι παρὰ τὰ Στησιχόρου ἐκ τῆς Ὀρεστείας
τοιάδε χρὴ Χαρίτων δαμώματα καλλικόμων
ὑμνεῖν Φρύγιον μέλος ἐξευρόντας ἁβρῶς
ἦρος ἐπερχομένου.
<δαμώματα>; VΓ: τὰ δημοσίᾳ ᾀδόμενα.
"Tais cantos das Graças/ de bela coma ao povo/ o engenhoso poeta/há de hinear"... [Este verso] vem da Oresteia de Estesícoro:
Tais cantos das Graças de bela coma ao povo
há de se hinear com garbo encontrando a canção frígia
no advento da primavera.
Oresteia, Canto II
Fr. 213 Escoliasta à Arte Gramática, de Dionísio Trácio:
Στησίχορος δὲ ἐν δευτέρω Ὀρεστείας καὶ Εὐριπίδης τὸν Παλαμήδην φησὶν εὑρηκεναι [τὰ στοιχεῖα]
Estesícoro, no segundo livro da Oresteia, e Eurípides afirmam que Palamedes foi o inventor [das letras do alfabeto].
Fr. 214 Habron (?), sobre o Escoliasta da Ilíada VII, v. 76 (Papiro de Oxirrinco, 1087 ii 47s):
τὸ λιθακός, ἔνθεν φη(σί) Στησίχορος ἐν Ὀρεστείας β'
λιθακοῖς
"O pétreo" (tò lithakós): daí vem Estesícoro, que di (z) na Oresteia, canto 2:
...(com) pétreos...
Oresteia, Canto I ou II
Fr.215 Filodemo, Da Piedade (p.24, ed. Gomperz)
Στη[σιχόρο]ς δ ἐν Ὀρεστεί[αι κατ]ἀκολουθήσας [Ἡσιό]δωι τὴν Ἀγαμέ[μνονος Ί]φιγένειαν εἶ[ναι τὴ]ν Ἑκάτην νῦν [ὀνομαζο]μένην...
Este[sícor]o, ao seguir [Hesío]do de perto na Orest[eia], (diz) que [I]figênia, a filha de Agam[êmnon], recebe hoje o no[me de] Hécate.
Fr. 216 Escólio ao Orestes, de Eurípides (v.46 ss):
φανερὸν ὃτι ἐν Ἂργει ἡ σκηνὴ τοῦ δράματος ὑπόκειται. Ὃμηρος δὲ ἐν Μυκήναις φησὶ τὰ βασίλεια Ἀγαμέμνονος, Στησίχορος δὲ καὶ Σιμωνίδης ἐν Λακεδαίμονι.
É evidente que a cena da peça está situada em Argos. Homero diz que o palácio de Agamêmnon [está] em Micenas, mas Estesícoro e Simônides situam-no na Lacedemônia.
Fr.217 Comentário no Papiro de Oxirrinco, 2506, fr.26, col.ii
...ὃ τε Στησ]ίχορος ἐχρήσατ[ο διη]γήμασιν, τῶν τε ἂλλ[ων ποιη]τῶν οἱ πλείονες τ[αῖς ἀφορ]μαῖς ταῖς τούτου · με[τὰ γὰρ] Ὃμηρον κα[ὶ] Ἡσίοδον [οὐδενὶ] μᾶλλον Στησιχόρου [συμ]φων[οῦσι]· Αἰσχύλο[ς μὲν γὰρ] Ὀρεστ<ε>[ια]ν ποιήσα[ς τριλογ]ίαν [Ὰ]γαμέμνον[α Χ]οηφόρους Εὐμεν[ίδας .....] τὸν ἀγαγν[ωρισμὸ]ν διὰ τοῦ βοστρύχου· Στησιχόρωι γὰρ ἐστιν [.....] δῶρον πα[ρὰ τ]οῦ Ὰπόλλωνος παρ' ὧι [μὲν γ]ὰρ λέγεται· δὸς τόξα μοι κερουλκά, δώρα Λόξιου, [οἷς εἶπ'] Ἀπολλων μ ἐξαμύ[νασ]θαι [θ]εάς παρὰ δὲ Στησιχ[όρω]ι·
τόξα [δέ τιν] τάδε δώσω
παλά[μα]ισιν ἐμαῖσι κεκασμένα . . . . [ἐ]πικρατέ-
ως βάλλειν·
[....Estes]ícoro serviu-se de narrativas, e a maioria dos outros poetas serviu-se do material dele: pois, depois de Homero e Hesíodo, eles não concordam [com ninguém] mais além de Estesícoro: Ésquil[o, com efeito], ao com[por a sua trilog]ia Orest[eia] ([A]gamêmno[n, C]oéforas e Eumên[ides...)] produziu o rec[onheciment]o pela madeixa do cabelo[*Coéforas, vv.164ss]: [isso] está em Estesícoro [...]. Eurípides diz em seus versos que o arco de Orestes foi dado a ele por Apolo, como um presente; "Dá-me o arco de chifre, dádiva de Lóxias/ com ele, afirma Apolo que expulsarei as Deusas..." [Orestes, v.268ss.]. E em Estesícoro:
Eis o arco que [te] darei,
lavrado por minhas artes...
p'ra disparares poderosamente:
[Εὺριπίδ]ης δὲ καὶ τὴν Ὶφι[γένειαν ἐ]ποίησε γαμουμέ[νην Ὰχιλλεῖ] . . .
E Eurípides também fez Ifigênia se cas[ar com Aquiles]...
Fr.218 Escólio às Coéforas, de Ésquilo vv. 733
Κίλισσαν δέ φησι τὴν Ὸρέστου τροφόν, Πίνδαρος δὲ Αρσινόην, Στησίχορος Λαοδάμειαν.
[Ésquilo] diz que a nutriz de Orestes [chama-se] Cilissa; Píndaro, Arsínoe, e Estesícoro, Laodâmia.
Fr.219. Plutarco, Sobre a lenta vingança de Deus, 555a:
ὥστε πρὸς τὰ γιγνόμενα καὶ πρὸς τὴν ἀλήθειαν ἀποπλάττεσθαι τὸ τῆς Κλυταιμνήστρας ἐνύπνιον τὸν Στησίχορον, οὑτωσί πως λέγοντα·
τᾷ δὲ δράκων ἐδόκησεν μολεῖν κάρα βεβροτωμένος ἄκρον,
ἐκ δ' ἄρα τοῦ βασιλεὺς Πλεισθενίδας ἐφάνη.’
Dessa maneira que Estesícoro representa o sonho de Clitemnestra, em conformidade com os acontecimentos e com a verdade, quando fala mais ou menos assim:
Sonhou que vinha uma serpente suja de sangue
no alto do crânio; daí surgiu o rei Plistênida*.
* A serpente seria Agamêmnon, morto por Clitemnestra. O rei da linhagem de Plístenes, o Plistênida, é Orestes. West (em Greek Lyric Poetry, 1994, p.205) ainda observa que em algumas versões do mito, Plístenes substitui Atreu como o pai de Agamêmnon.
Edição: PAGE, D.L. Poetae Melici Graeci, Oxford: Clarendon Press. 1962.
Tradução: Rafael Brunhara
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