quarta-feira, abril 24, 2013

Safo, fragmentos (48, 50 - 54)

48
ἦλθες, †καὶ† ἐπόησας, ἔγω δέ σ' ἐμαιόμαν,
ὂν δ' ἔψυξας ἔμαν φρένα καιομέναν πόθωι.

Vieste, fizeste bem, eu te queria...
esfriaste o ardor de desejo em meu peito.

51
οὐκ οἶδ' ὄττι θέω· δίχα μοι τὰ νοήμματα

Não sei o que faço: duas mentes há em mim.

52
ψαύην δ' οὐ δοκίμωμ' ὀράνω †δυσπαχέα†

Não pretendo tocar o céu com as mãos...

53

βροδοπάχεες ἄγναι Χάριτες δεῦτε Δίος κόραι

Bracirróseas puras Graças, vinde, donzelas de Zeus...

54

ἔλθοντ' ἐξ ὀράνω πορφυρίαν περθέμενον χλάμυν ...

[Eros] descende do céu, envolto em manto púrpura...

[Tradução: Rafael Brunhara]

sábado, abril 20, 2013

Hino Órfico 21: Nuvens

<Νεφῶν>;, θυμίαμα σμύρναν.

Ἀέριοι νεφέλαι, καρποτρόφοι, οὐρανόπλαγκτοι,
ὁμβροτόκοι, πνοιαῖσιν ἐλαυνόμεναι κατὰ κόσμον,
βρονταῖαι, πυρόεσσαι, ἐρίβρομοι, ὑγροκέλευθοι,
ἀέρος ἐν κόλπωι πάταγον φρικώδη ἔχουσαι,
πνεύμασιν ἀντίσπαστοι ἐπιδρομάδην παταγεῦσαι, (5)
ὑμᾶς νῦν λίτομαι, δροσοείμονες, εὔπνοοι αὔραις,
πέμπειν καρποτρόφους ὄμβρους ἐπὶ μητέρα γαῖαν.

Das Nuvens, Fumigação: Mirra

Aéreas Nuvens, nutrizes de frutos e errantes celestes,
imbríferas, conduzindo os ventos através do cosmo,
trovejantes, flâmeas de amplo clamor e rastro umente,
que nos vales aéreos têm o estrondo fremente
com ventos velozmente estrondando adversas,   (5)
ora suplico-vos, Deusas do orvalho e das brisas de bons ventos:
enviai sobre a mãe Terra as chuvas nutrizes de frutos.

[Tradução de Rafael Brunhara]

segunda-feira, abril 15, 2013

Simônides, fr. 564 Page

ὅτι δὲ τὸ ποίημα τοῦτο Στησιχόρου ἐστὶν ἱκανώτατος μάρτυς Σιμωνίδης ὁ ποιητής, ὃς περὶ τοῦ Μελεάγρου τὸν λόγον ποιούμενός φησιν ·

                      ὃς δουρὶ πάντας
νίκασε νέους, δινάεντα βαλὼν
Ἄναυρον πολυβότρυος ἐξ Ἰωλκοῦ·
οὕτω γὰρ Ὅμηρος ἠδὲ Στασίχορος ἄεισε λαοῖς.

Que este poema é de Estesícoro, o poeta Simônides é a testemunha mais adequada. Falando a respeito de Meleagro, diz:

[Meleagro], que venceu na lança todos
os jovens ao atirar por sobre os remoinhos
do rio Anauro, em Iolco de ricas videiras.
Assim cantaram aos povos Homero e Estesícoro.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Simônides fr.584 Page

584 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 12.512c

καὶ οἱ φρονιμώτατοι δέ, φησίν, καὶ μεγίστην δόξαν ἐπὶ σοφίᾳ ἔχοντες μέγιστον ἀγαθὸν τὴν ἡδονὴν εἶναι νομίζουσιν, Σιμωνίδης μὲν οὑτωσὶ
λέγων ·
τίς γὰρ ἁδονᾶς ἄτερ θνα-
τῶν βίος ποθεινὸς ἢ ποί-
α τυραννίς;
τᾶς ἄτερ οὐδὲ θεῶν ζηλωτὸς αἰών.

E até mesmo os mais lúcidos, afirma [sc.Heráclides Pôntico] e  que tem a maior reputação por sua sabedoria, consideram que o prazer é o maior bem. Simônides, dizendo assim,

Sem o prazer, que vida humana
é desejável? Que poder?
Sem o prazer, nem a eternidade dos Deuses
é invejável.

[Tradução: Rafael Brunhara]

quarta-feira, abril 10, 2013

Simônides fr.543 Page

543 Dionísio de Halicarnasso, Da Composição Literária

ἐκ δὲ τῆς μελικῆς τὰ Σιμωνίδεια ταῦτα· γέγραπται δὲ κατὰ διαστολὰς οὐχ ὧν Ἀριστοφάνης ἢ ἄλλός τις κατεσκεύασε κώλων ἀλλ' ὧν ὁ πεζὸς λόγος ἀπαιτεῖ. πρόσεχε δὴ τῷ μέλει καὶ ἀναγίνωσκε κατὰ διαστολάς, καὶ εὖ ἴσθ' ὅτι λήσεταί σε ὁ ῥυθμὸς τῆς ᾠδῆς καὶ οὐχ ἕξεις συμβαλεῖν οὔτε στροφὴν οὔτε ἀντίστροφον οὔτ' ἐπῳδόν, ἀλλὰ φανήσεταί σοι λόγος εἷς εἰρόμενος. ἔστι δὲ ἡ διὰ πελάγους φερομένη Δανάη τὰς ἑαυτῆς ἀποδυρομένη τύχας·


Ὅτε λάρνακι
 ἐν δαιδαλέᾳ
ἄνεμός τε μιν πνέων
κινηθεῖσά τε λίμνα δείματι
 ἒρειπεν οὔτ' ἀδιάντοισι παρειαῖς
ἀμφί τε Περσέι βάλλε φίλαν χέρα
εἶπέν τε· Ὦ τέκος, οἷον ἔχω πόνον·

σὺ δ'  ἀωτεῖς,  γαλαθηνῷ
δ' ἤτορι κνοώσσεις
ἐν ἀτερπέι δούρατι χαλκεογόμφῳ
 νυκτὶ <τ' ἄ> λαμπέι
κυανέῳ τε δνόφῳ σταλείς·
ἅχναν δ' ὕπερθε τεᾶν κομᾶν
βαθεῖαν παριόντος
κύματος οὐκ ἀλέγεις, οὐδ' ἀνέμου
φθόγγον, πορφυρέᾳ
κείμενος ἐν χλανίδι,  πρὸσωπον καλὸν.
εἰ δέ τοι δεινὸν τό γε δεινὸν ἦν,
καί κεν ἐμῶν ῥημάτων
 λεπτὸν ὑπεῖχες οὖας.


κέλομαι· εὗδε βρέφος,
εὑδέτω δὲ πόντος, εὑδέτω ἄμετρον κακόν·
μεταβουλία δέ τις φανείη,
Ζεῦ πάτερ, ἐκ σέο·
ὅττι δὴ θαρσαλέον ἔπος εὔχομαι
ἢ νόσφι δίκας,
σύγγνωθί μοι.

Os seguintes versos de Simônides, provenientes da poesia mélica, não foram escritos conforme as divisões métricas que Aristófanes ou qualquer outro preparou, mas demandam a prosa.  Atenta a canção e lê conforme as divisões. Vê bem que o ritmo do poema te escapará, e não poderás agrupar nem estrofe, nem antístrofe e nem epodo, mas parecerás ler um texto em prosa. Trata-se de Dânae sendo levada em alto mar e lamentando a sua sorte:

[Dânae*], na dedálea arca
quando o vento soprava
e o mar revolto em pavor
a prostrava, não sem pranto no rosto
envolveu Perseu nos braços amáveis
e disse:  "ah, filho, que aflição a minha!

Tu dormes, com inocente
peito ressonas
na triste barca de brônzeas cavilhas,
estendida na noite sem luz,
nas trevas escuras.
Da espuma do mar em teus cabelos,
profunda, quando passam
as ondas, tu não cuidas,
nem da voz do vento: repousando
em manto púrpura, é belo teu rosto.    
Se o que é terrível te fosse terrível,
às minhas palavras
darias teus pequeninos ouvidos.


Dorme, meu bebê, te peço;
dorme, ó mar; dorme, ó mal imensurável!
Que surja de ti um sinal de mudança,
Zeus Pai, de tua vontade!
Mas se minha prece é insolente
ou sem justiça,

perdoa-me."

* Dânae era uma princesa de Argos, no Peloponeso. Quando um oráculo contou ao seu pai, o rei Acrísio, de que o filho nascido dela o mataria, prontamente trancafiou a jovem princesa em uma câmara subterrânea. Mas Zeus, na forma de uma chuva dourada, facilmente acessa a câmara e engravida a princesa, que dará a luz ao herói Perseu. Quando o rei soube do acontecido, incrédulo de que a filha havia sido seduzida por Zeus, pôe mãe e filho em uma arca e os lança ao mar. 

[Tradução: Rafael Brunhara]

segunda-feira, abril 08, 2013

Fragmentos da Oresteia de Estesícoro (fr. 210 - 219 PMG)

Oresteia (?), Canto I (?)

Fr.210. Escoliasta à Paz, de Aristófanes (vv. 775ss.)

"Μοῦσα σὺ μὲν πολέμους ἀπωσαμένη μετ' ἐμοῦ/τοῦ φίλου χόρευσον/κλείσουσα θεῶν τε γάμους ἀνδρῶν τε δαῖτας/καὶ θαλίας μακάρων*"  αὕτη  <παρα>πλοκή ἐστι καὶ ἒλαθεν. σφόδρα δὲ γλαφυρὸν εἲρηται καὶ ἒστι Στησιχόρειον.

         Μοῖσα σὺ μὲν πολέμους ἀπωσαμένα πεδ' ἐμοῦ
         κλείοισα θεῶν τε γάμους ἀνδρῶν τε δαίτας
         καὶ θαλίας μακάρων

"Musa, rejeita as guerras, celebra e dança/ comigo, seu amigo/ as núpcias dos Deuses, os banquetes dos homens/ e as festas dos venturosos" trata-se de uma inserção e passou despercebida. A passagem está expressa de maneira muito mais refinada, e pertence a Estesícoro.

          Musa, rejeita as guerras, celebra comigo
          as núpcias dos Deuses, os banquetes dos homens,
          e as festas dos venturosos...


Fr. 211 Escoliasta à Paz, de Aristófanes, vv.800 ss.

"ὅταν ἠρινὰ μὲν/φωνῇ χελιδὼν/ἡδομένη κελαδῇ"...καὶ αὕτη <παρα>πλοκὴ στησιχόρειος. φησὶ γὰρ οὕτως·

                    ὅκα ἦρος ὥραι κελαδῆι χελιδών

 "Quando na primavera/ com alegre voz/ trina a andorinha..." E esta é uma inserção de Estesícoro. Diz o seguinte:

                  Quando na primavera trina a andorinha...


Fr. 212 Escoliasta à Paz, de Aristófanes, vv. 797 ss.

"Τοιάδε χρὴ Χαρίτων δα-/μώματα καλλικόμων/τὸν σοφὸν ποητὴν/ὑμνεῖν"..  ἔστι παρὰ τὰ Στησιχόρου ἐκ τῆς Ὀρεστείας

          τοιάδε χρὴ Χαρίτων δαμώματα καλλικόμων
          ὑμνεῖν Φρύγιον μέλος ἐξευρόντας ἁβρῶς
          ἦρος ἐπερχομένου.

<δαμώματα>; VΓ: τὰ δημοσίᾳ ᾀδόμενα.

"Tais cantos das Graças/ de bela coma ao povo/ o engenhoso poeta/há de hinear"... [Este verso] vem da Oresteia de Estesícoro:

           Tais cantos das Graças de bela coma ao povo
            há de se hinear com garbo encontrando a canção frígia
            no advento da primavera.

[canções...ao povo](damómata): canções entoadas em público.

Oresteia,  Canto II


Fr. 213 Escoliasta à Arte Gramática, de Dionísio Trácio:

Στησίχορος δὲ ἐν δευτέρω Ὀρεστείας καὶ Εὐριπίδης τὸν Παλαμήδην φησὶν εὑρηκεναι [τὰ στοιχεῖα]

Estesícoro, no segundo livro da Oresteia, e Eurípides afirmam que Palamedes foi o inventor [das letras do alfabeto].


Fr. 214 Habron (?), sobre o Escoliasta da Ilíada VII, v. 76 (Papiro de Oxirrinco, 1087 ii 47s):

τὸ λιθακός, ἔνθεν φη(σί) Στησίχορος ἐν  Ὀρεστείας  β' 

               λιθακοῖς

"O pétreo" (tò lithakós): daí  vem Estesícoro, que di (z) na Oresteia, canto 2:

           ...(com) pétreos...

Oresteia, Canto I ou II


Fr.215 Filodemo, Da Piedade (p.24, ed. Gomperz)

Στη[σιχόρο]ς δ ἐν Ὀρεστεί[αι κατ]ἀκολουθήσας [Ἡσιό]δωι τὴν Ἀγαμέ[μνονος Ί]φιγένειαν εἶ[ναι τὴ]ν Ἑκάτην νῦν [ὀνομαζο]μένην...

Este[sícor]o, ao seguir [Hesío]do de perto  na Orest[eia], (diz) que [I]figênia, a filha de Agam[êmnon], recebe hoje o no[me de] Hécate.


Fr. 216 Escólio ao Orestes, de Eurípides (v.46 ss):

φανερὸν ὃτι ἐν Ἂργει ἡ σκηνὴ τοῦ δράματος ὑπόκειται. Ὃμηρος δὲ ἐν Μυκήναις φησὶ τὰ βασίλεια Ἀγαμέμνονος, Στησίχορος δὲ καὶ Σιμωνίδης ἐν Λακεδαίμονι.

É evidente que a cena da peça está situada em Argos. Homero diz que o palácio de Agamêmnon [está] em Micenas, mas Estesícoro e Simônides situam-no na Lacedemônia.


Fr.217  Comentário no Papiro de Oxirrinco, 2506, fr.26, col.ii

...ὃ τε Στησ]ίχορος ἐχρήσατ[ο διη]γήμασιν, τῶν τε ἂλλ[ων ποιη]τῶν οἱ πλείονες τ[αῖς ἀφορ]μαῖς ταῖς τούτου · με[τὰ γὰρ] Ὃμηρον κα[ὶ] Ἡσίοδον [οὐδενὶ] μᾶλλον Στησιχόρου [συμ]φων[οῦσι]· Αἰσχύλο[ς μὲν γὰρ] Ὀρεστ<ε>[ια]ν ποιήσα[ς τριλογ]ίαν [Ὰ]γαμέμνον[α Χ]οηφόρους Εὐμεν[ίδας .....] τὸν ἀγαγν[ωρισμὸ]ν διὰ τοῦ βοστρύχου· Στησιχόρωι γὰρ ἐστιν [.....] δῶρον πα[ρὰ τ]οῦ Ὰπόλλωνος παρ' ὧι [μὲν γ]ὰρ λέγεται· δὸς τόξα μοι κερουλκά, δώρα Λόξιου, [οἷς εἶπ'] Ἀπολλων μ ἐξαμύ[νασ]θαι [θ]εάς παρὰ δὲ Στησιχ[όρω]ι·

           τόξα [δέ τιν] τάδε δώσω
           παλά[μα]ισιν ἐμαῖσι κεκασμένα . . . . [ἐ]πικρατέ-
           ως βάλλειν·

[....Estes]ícoro serviu-se de narrativas, e a maioria dos outros poetas serviu-se do material dele: pois, depois de Homero e Hesíodo, eles não concordam [com ninguém] mais além de Estesícoro:   Ésquil[o, com efeito], ao com[por a sua trilog]ia Orest[eia] ([A]gamêmno[n, C]oéforas e Eumên[ides...)] produziu o rec[onheciment]o pela madeixa do cabelo[*Coéforas, vv.164ss]: [isso] está em Estesícoro [...]. Eurípides diz em seus versos que o arco de Orestes foi dado a ele por Apolo, como um presente; "Dá-me o arco de chifre, dádiva de Lóxias/ com ele, afirma Apolo que expulsarei as Deusas..." [Orestes, v.268ss.]. E em Estesícoro:

         Eis o arco que [te] darei,
         lavrado por minhas artes...
         p'ra disparares poderosamente:

[Εὺριπίδ]ης δὲ καὶ τὴν Ὶφι[γένειαν ἐ]ποίησε γαμουμέ[νην Ὰχιλλεῖ] . . .

E Eurípides também fez Ifigênia se cas[ar com Aquiles]...


Fr.218 Escólio às Coéforas, de Ésquilo vv. 733

Κίλισσαν δέ φησι τὴν Ὸρέστου τροφόν, Πίνδαρος δὲ Αρσινόην, Στησίχορος Λαοδάμειαν.

[Ésquilo] diz que a nutriz de Orestes [chama-se] Cilissa; Píndaro, Arsínoe, e Estesícoro, Laodâmia.



Fr.219. Plutarco, Sobre a lenta vingança de Deus, 555a:

ὥστε πρὸς τὰ γιγνόμενα καὶ πρὸς τὴν ἀλήθειαν ἀποπλάττεσθαι τὸ τῆς Κλυταιμνήστρας ἐνύπνιον τὸν Στησίχορον, οὑτωσί πως λέγοντα·

            τᾷ δὲ δράκων ἐδόκησεν μολεῖν κάρα βεβροτωμένος ἄκρον,
            ἐκ δ' ἄρα τοῦ βασιλεὺς Πλεισθενίδας ἐφάνη.’

Dessa maneira que Estesícoro representa o sonho de Clitemnestra, em conformidade com os acontecimentos e com a verdade, quando fala mais ou menos assim:

            Sonhou que vinha uma serpente suja de sangue
             no alto do crânio; daí surgiu o rei Plistênida*.


* A serpente seria Agamêmnon, morto por Clitemnestra. O rei da linhagem de Plístenes, o Plistênida, é Orestes. West (em Greek Lyric Poetry, 1994, p.205) ainda observa que em algumas versões do mito, Plístenes substitui Atreu como o pai de Agamêmnon.

Edição:  PAGE, D.L. Poetae Melici Graeci, Oxford: Clarendon Press. 1962.

Tradução: Rafael Brunhara


Anânio

(Trímetros Jâmbicos)

Fr.1 W

Ἄπολλον, ὅς που Δῆλον ἢ Πυθῶν' ἔχεις
ἢ Νάξον ἢ Μίλητον ἢ θείην Κλάρον,
ἵκ<εο> †καθ' ἱέρ' ἢ† Σκύθας ἀφίξεαι.

Apolo, que tens Delos, Pito talvez,
ou Naxos, Mileto ou a divina Claro,
vem  †ao sacrifício ou † deixarás a Cítia? 

Fr.2 W

χρυσὸν λέγει Πύθερμος ὡς οὐδὲν τἆλλα.

Ao ouro, diz Pitermo, nada é igual.

Fr.3 W

εἴ τις καθείρξαι χρυσὸν ἐν δόμοις πολὺν
καὶ σῦκα βαιὰ καὶ δύ' ἢ τρεῖς ἀνθρώπους,
γνοίη χ' ὅσωι τὰ σῦκα τοῦ χρυσοῦ κρέσσω.

Se alguém trancasse em uma casa muito ouro,
uns poucos figos e duas ou três pessoas,
veria o quanto figos valem mais que ouro.

Fr.4 W

καὶ σὲ πολλὸν ἀνθρώπων
ἐγὼ φιλ<έω> μάλιστα, ναὶ μὰ τὴν κράμβην.

....E entre muitos outros homens,
eu te amo demais, juro pelo repolho.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Pratinas

Sobre Pratinas:

1 Suda, Π, 2230

Πρατίνας, Πυρρωνίδου ἢ Ἐγκωμίου, Φλιάσιος, ποιητὴς τραγῳδίας· ἀντηγωνίζετο δὲ Αἰσχύλῳ τε καὶ Χοιρίλῳ ἐπὶ τῆς οʹ Ὀλυμπιάδος, καὶ πρῶτος ἔγραψε Σατύρους. ἐπιδεικνυμένου δὲ τούτου συνέβη τὰ ἰκρία, ἐφ' ὧν ἑστήκεσαν οἱ θεαταί, πεσεῖν, καὶ ἐκ τούτου θέατρον ᾠκοδομήθη Ἀθηναίοις. καὶ δράματα μὲν ἐπεδείξατο νʹ, ὧν Σατυρικὰ λβʹ· ἐνίκησε δὲ ἅπαξ.

Pratinas, filho de Pirrônides ou de Encômio, de Flio, poeta trágico. Era rival de Ésquilo e Quérilo na 70º Olímpiada [*500/496 a.C.], e foi o primeiro a escrever dramas satíricos.  Na ocasião em que apresentou uma peça, a plataforma sobre a qual os espectadores estavam veio a cair, e por causa disso um teatro foi construído pelos atenienses.  Ele apresentou cinquenta peças, sendo trinta e duas delas dramas satíricos, mas conquistou a vitória apenas uma vez. 

2 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 1.22a
φασὶ δὲ καὶ ὃτι οἱ ἀρχαῖοι ποιηταί θέσπις, Πρατίνας, [[Κρατῖνος]], Φρύνικος, ὀρχησταὶ ἐκαλοῦντο διὰ τὸ μὴ μόνον τὰ ἑαυτῶν δράματα ἀναφέρειν εἰς ὂρχησιν τοῦ χοροῦ, ὰλλὰ  καὶ ἒξω τῶν ἰδίων ποιημάτων διδάσκειν τοὺς βοθλομένους ὸρχεῖσθαι.

Conta-se também que os poetas antigos -- Téspis, Pratinas, [[Cratino,]] e Frínico -- eram chamados de dançarinos, não só porque produziam os seus dramas para a dança do coro, mas também porque,  além dos seus próprios poemas, ensinavam a dançar aqueles que quisessem.

Fragmentos:



708 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 14. 617 b-f
Πρατίνας δὲ ὁ Φλιάσιος αὐλητῶν καὶ χορευτῶν μισθοφόρων κατεχόντων τὰς ὀρχήστρας ἀγανακτεῖν τινας ἐπὶ τῷ τοὺς αὐλητὰς μὴ συναυλεῖν τοῖς χοροῖς, καθάπερ ἦν πάτριον, ἀλλὰ τοὺς χοροὺς συνᾴδειν τοῖς αὐληταῖς· ὃν οὖν εἶχεν κατὰ τῶν ταῦτα ποιούντων θυμὸν ὁ Πρατίνας ἐμφανίζει διὰ τοῦδε τοῦ Ὑπορχήματος ·

τίς ὁ θόρυβος ὅδε; τί τάδε τὰ χορεύματα;
τίς ὕβρις ἔμολεν ἐπὶ Διονυσιάδα πολυπάταγα θυμέλαν;
ἐμὸς ἐμὸς ὁ Βρόμιος, ἐμὲ δεῖ κελαδεῖν, ἐμὲ δεῖ παταγεῖν
ἀν' ὄρεα σύμενον μετὰ Ναϊάδων
 οἷά τε κύκνον ἄγοντα ποικιλόπτερον μέλος. (5)
τὰν ἀοιδὰν κατέστασε Πιερὶς βασίλειαν· ὁ δ' αὐλός
ὕστερον χορευέτω· καὶ γάρ ἐσθ' ὑπηρέτας.
κώμῳ μόνον θυραμάχοις τε πυγμαχίαισι νέων θέλοι παροίνων
ἔμμεναι στρατηλάτας.
παῖε τὸν φρυνεοῦ ποικίλαν πνοὰν ἔχοντα· (10)
φλέγε τὸν ὀλεσιαλοκάλαμον,
λαλοβαρύοπα παραμελορυθμοβάταν
ὐπαι τρυπάνῳ δέμας πεπλασμένον.
ἢν ἰδού· ἅδε σοι δεξιᾶς καὶ ποδὸς διαρριφά·
θριαμβοδιθύραμβε, κισσόχαιτ' ἄναξ, (15)
<ἄκου'> ἄκουε τὰν ἐμὰν Δώριον χορείαν.

Quando auletas e coreutas assalariados ocuparam as orquestras, Pratinas de Flio ficou indignado porque os auletas não acompanhavam os coros com o aulo, como mandava a tradição, mas os coros que cantavam acompanhando os auletas. Pratinas então manifesta a raiva que tinha contra os que faziam essas coisas por meio deste Hiporquema:

Que balbúrdia é essa? Que é esse passo de dança?
Que exagero chega ao retumbante altar de Dioniso?
Brômio é meu, é meu!  Meu seja o clamor, meu o clangor,
correndo no alto dos montes com Náiades,
entoando alado e iriado canto, como um cisne!
A Musa Piéria fez da canção rainha; que o aulo
então faça depois sua dança, ele que é o servo:
contente-se ele em ser o general das farras e arruaças
da ébria juventude!
Golpeia o batráquio de sopro variegado,
incendeia o cálamo-gasta-saliva,
o tonítruo blá-blá-blá e os passos fora do ritmo
desse corpo moldado na verruma!
Veja, veja! Estende assim a mão direita e os pés!
Triambo-ditirambo, senhor de hederosos cabelos,
vem, vem, ouve meu canto e dança dórico!

709 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 632f-633a

διετήρησαν δὲ μάλιστα τῶν Ἑλλήνων Λακεδαιμόνιοι τὴν μουσικήν, πλείστῃ αὐτῇ χρώμενοι, καὶ συχνοὶ παρ' αὐτοῖς ἐγένοντο μελῶν ποιηταί. τηροῦσιν δὲ καὶ νῦν τὰς ἀρχαίας ᾠδὰς ἐπιμελῶς πολυμαθεῖς τε εἰς ταύτας εἰσὶ καὶ ἀκριβεῖς. ὅθεν καὶ Πρατίνας φησί·

Λάκων ὁ τέττιξ εὔτυκος εἰς χορόν.

Os Lacedemônios, mais do que os outros gregos, mantiveram a sua música, servindo-se dela amiúde. Havia numerosos poetas mélicos entre eles.  Até hoje eles preservam cuidadosamente as antigas canções, e possuem muita instrução e rigor nelas. Por isso é que Pratinas diz:

Lacônia é a cigarra pronta para o coro.

710 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 461e

κατὰ τὸν Φλιάσιον ποιητὴν Πρατίναν

οὐ γᾶν αὐλακισμέναν ἀρῶν,
ἀλλ' ἄσκαφον ματεύων

κυλικηγορήσων ἔρχομαι

Conforme o poeta de Flio Pratinas:

"Não lavrando um solo sulcado
mas em busca de terra virgem..."

Começo a discursar sobre as nossas taças.

711 ΔΙΜΑΙΝΑΙ Η ΚΑΡΥΑΤΙΔΕΣ

Ateneu, Banquete dos Eruditos, 9.392f

Πρατίνας δ ἐν Δυμαίναις ἢ Καρυάτισιν·

ἀδύφωνον

ἰδίως καλεῖ τὸν ὂρτυγα, πλὴν εἰ μή τι παρὰ τοῖς Φλιασίοις ἢ τοῖς Λάκωσι φωνήεντες ὡς καὶ οἱ πέρδικες.

Pratinas, em Dimênidas ou Cariátides é singular ao chamar as codornas de:

[codornas de] doce-voz

a não ser que em Flio ou na Lacônia as codornas soem como as perdizes.

712 Ateneu, Banquete dos Eruditos, 624f-625a

καὶ Πρατίνας δέ φησι·

(a)
μήτε σύντονον δίωκε
μήτε τὰν ἀνειμέναν [[Ἰαστὶ]]
μοὖσαν, ἀλλὰ τὰν μέσαν
νεῶν ἄρουραν αἰόλιζε τῷ μέλει.

ἐν δὲ τοῖς ἑξῆς σαφέστερον φησίν·

                     πρέπει τοι
πᾶσιν ἀοιδολαβράκταις
Αἰολὶς ἁρμονία.

E Pratinas diz:

(a)

A Musa tensa não busca,
tampouco a relaxada [[Jônia]],
mas  cultivando a metade
do campo, eoliza teu canto.

e de maneira mais clara nos versos seguintes:

(b)                
               Eis o que convém
a todos os aedos paroleiros:
a harmonia eólica.


[Tradução: Rafael Brunhara]