domingo, maio 26, 2013

Bábrio, Fábula 10: Afrodite e a Escrava

Αἰσχρῆς τις ἤρα καὶ κακοτρόπου δούλης
ἰδίης ἑαυτοῦ, καὶ παρεῖχεν αἰτούσῃ
ἅπανθ' ἑτοίμως. ἡ δὲ χρυσίου πλήρης,
σύρουσα λεπτὴν πορφύρην ἐπὶ κνήμης,
πᾶσαν μάχην συνῆπτεν οἰκοδεσποίνῃ. (5)
τὴν δ' Ἀφροδίτην ὥσπερ αἰτίην τούτων
λύχνοις ἐτίμα, καὶ καθ' ἡμέρην πᾶσαν
ἔθυεν ηὔχεθ' ἱκέτευεν ἠρώτα,
ἕως ποτ' αὐτῶν ἡ θεὸς καθευδόντων
ἦλθεν καθ' ὕπνους, καὶ φανεῖσα τῇ δούλῃ (10)
“μή μοι χάριν σχῇς ὡς καλήν σε ποιούσῃ·
τούτῳ κεχόλωμαί” φησιν “ᾧ καλὴ φαίνῃ.”
[Ἅπας ὁ τοῖς αἰσχροῖσιν ὡς καλοῖς χαίρων
θεοβλαβής τίς ἐστι καὶ φρένας πηρός.]


Um homem se apaixonou por uma escrava feia
e maldosa, a sua própria, e dava-lhe tudo
que pedia, prestativo. E ela, cheia de ouro,
desfilando com  um fino vestido púrpura,
toda a vez brigava com a dona da casa. (5)
Afrodite, como autora desses feitos,
era quem ela honrava com as lâmpadas
e todo o dia sacrificava, orava, suplicava,pedia,
até que um dia, quando ambos dormiam,
a Deusa apareceu em sonho para a escrava: (10)
"Não me agradeças por te fazer bonita" - disse -
"Eu é que me irrito com ele, que te achas bela."
[Todo aquele que se compraz com coisas feias
como se fossem belas, ofende os Deuses e está fora de si]

[Tradução: Rafael Brunhara]

Bábrio, Fábula 15: Teseu e Héracles

Ἀνὴρ Ἀθηναῖός τις ἀνδρὶ Θηβαίῳ
κοινῶς ὁδεύων, ὥσπερ εἰκός, ὡμίλει.
ῥέων δ' ὁ μῦθος ἦλθε μέχρις ἡρώων,
μακρὴ μὲν ἄλλως ῥῆσις οὐδ' ἀναγκαίη·
τέλος δ' ὁ μὲν Θηβαῖος υἱὸν Ἀλκμήνης (5)
μέγιστον ἀνδρῶν, νῦν δὲ καὶ θεῶν ὕμνει·
ὁ δ' ἐξ Ἀθηνῶν ἔλεγεν ὡς πολὺ κρείσσων
Θησεὺς γένοιτο, καὶ τύχης ὁ μὲν θείης
ὄντως λέλογχεν, Ἡρακλῆς δὲ δουλείης.
λέγων δ' ἐνίκα· στωμύλος γὰρ ἦν ῥήτωρ. (10)
ὁ δ' ἄλλος ὡς Βοιωτὸς οὐκ ἔχων ἴσην
λόγοις ἅμιλλαν, εἶπεν ἀγρίῃ μούσῃ·
“πέπαυσο· νικᾷς. τοιγαροῦν χολωθείη
Θησεὺς μὲν ἡμῖν, Ἡρακλῆς δ' Ἀθηναίοις.”

Um ateniense viajava com um tebano
e, naturalmente, pôs-se a conversar:
Fluindo, a conversa chegou até os heróis,
uma longa fala sem propósito ou necessidade.
No fim, o tebano celebra o filho de Alcmena
como o maior dos homens e ora também dos Deuses.
O de Atenas, por sua vez, diz que Teseu
era de longe o melhor, e teve a vida de um Deus
realmente, enquanto Héracles, a de um escravo.
Falando assim, vencia: era um orador eloquente.
O outro, beócio,  não lhe sendo rival à altura
 nos discursos, proferiu, com arte rústica:
"Chega! Vences! Agora, deixa que Teseu
fique irritado conosco e Héracles com os Atenienses."

[Tradução: Rafael Brunhara]

domingo, maio 19, 2013

Hino Órfico 25: Proteu

Πρωτέως, θυμίαμα στύρακα.

Πρωτέα κικλήσκω, πόντου κληῖδας ἔχοντα,
πρωτογενῆ, πάσης φύσεως ἀρχὰς ὃς ἔφηνεν
ὕλην ἀλλάσσων ἱερὴν ἰδέαις πολυμόρφοις,
πάντιμος, πολύβουλος, ἐπιστάμενος τά τ' ἐόντα
ὅσσα τε πρόσθεν ἔην ὅσα τ' ἔσσεται ὕστερον αὖτις· (5)
πάντα γὰρ αὐτὸς ἔχων μεταβάλλεται οὐδέ τις ἄλλος
ἀθανάτων, οἳ ἔχουσιν ἕδος νιφόεντος Ὀλύμπου
καὶ πόντον καὶ γαῖαν ἐνηέριοί τε ποτῶνται·
† πάντα γὰρ † Πρωτεῖ πρώτη φύσις ἐγκατέθηκε.
ἀλλά, πάτερ, μόλε μυστιπόλοις ὁσίαισι προνοίαις (10)
πέμπων εὐόλβου βιότου τέλος ἐσθλὸν ἐπ' ἔργοις.

De Proteu, fumigação: estoraque

A Proteu eu invoco, detentor das chaves do mar,
primogênito que revelou o princípio de toda a natureza,
alterando a sacra matéria em aparências multiformes;
Deus de todas as honras, de muitos conselhos, conhece o presente,
o que foi no passado e o que será no futuro enfim, (5)
pois só ele possui todas as formas e transforma-se e nenhum outro
dos imortais, os que habitam a sede do Olimpo nevado,
o mar, a terra ou que voam no ar,
pois tudo a natureza incutiu em Proteu primeiro.
Eia, pai, vem aos mistérios, com tua consagrada presciência,
enviando em tuas obras o nobre fim da vida bem afortunada.

[Tradução: Rafael Brunhara]

sábado, maio 18, 2013

Ilíada, Canto I (Tradução de Antônio Medina Rodrigues)

De Aquiles o Pelida, ó deusa, canta a cólera
Que a Aqueus fatal torceu com ais sem conta, e ao Hades
Atro almas de heróis bravos jogou, mas seus corpos
De pasto a cães ofereceu e abutres todos.
Pois coisa tal Zeus bem havia deliberado,
Desde o início, quando em rixa se enfrentaram
O Atrida, líder de varões, e o divo Aquiles.

Hino Órfico 24: Nereidas

Νηρηίδων, θυμίαμα ἀρώματα.

Νηρέος εἰναλίου νύμφαι καλυκώπιδες, ἁγναί,
† σφράγιαι βύθιαι, χοροπαίγμονες, ὑγροκέλευθοι,
πεντήκοντα κόραι περὶ κύμασι βακχεύουσαι,
Τριτώνων ἐπ' ὄχοισιν ἀγαλλόμεναι περὶ νῶτα  (5)
θηροτύποις μορφαῖς, ὧν βόσκει σώματα πόντος,
ἄλλοις θ' οἳ ναίουσι βυθόν, Τριτώνιον οἶδμα,
ὑδρόδομοι, σκιρτηταί, ἑλισσόμενοι περὶ κῦμα,
ποντοπλάνοι δελφῖνες, ἁλιρρόθιοι, κυαναυγεῖς.
ὑμᾶς κικλήσκω πέμπειν μύσταις πολὺν ὄλβον· (10)
ὑμεῖς γὰρ πρῶται τελετὴν ἀνεδείξατε σεμνὴν
εὐιέρου Βάκχοιο καὶ ἁγνῆς Φερσεφονείης,
Καλλιόπηι σὺν μητρὶ καὶ Ἀπόλλωνι ἄνακτι.

Das Nereidas, fumigação: ervas aromáticas.

De Nereu marinho as ninfas de rósea tez, puras,
† que selam o fundo do mar, que dançam alegres, umentes,
cinquenta donzelas sobre as ondas, celebrando baqueus;
elas se alegram em carruagens nas costas de Tritões, (5)
com as formas bestiais cujos corpos alimentam o mar,
e com tudo o mais que vive em profundas águas Tritônias.
Habitantes d'água, lépidas envolvendo-se nas ondas,
delfins de lúgubre luz, vagantes, rompendo o mar.
Invoco-vos, enviai aos mistérios muita fortuna: (10)
pois vós fostes as primeiras a demonstrar o insigne rito
do sacratíssimo Baco e da pura Perséfone,
com a mãe Calíope e com Apolo soberano.

[Tradução: Rafael Brunhara]

quinta-feira, maio 16, 2013

Hino Órfico 23: Nereu


Νηρέως, θυμίαμα σμύρναν.

Ὦ κατέχων πόντου ῥίζας, κυαναυγέτιν ἕδρην,
πεντήκοντα κόραισιν ἀγαλλόμενος κατὰ κῦμα
καλλιτέκνοισι χοροῖς, Νηρεῦ, μεγαλώνυμε δαῖμον,
πυθμὴν μὲν πόντου, γαίης πέρας, ἀρχὴ ἁπάντων,
ὃς κλονέεις Δηοῦς ἱερὸν βάθρον, ἡνίκα πνοιὰς (5)
ἐν μυχίοις κευθμῶσιν ἐλαυνομένας ἀποκλείηις·
ἀλλά, μάκαρ, σεισμοὺς μὲν ἀπότρεπε, πέμπε δὲ μύσταις
ὄλβον τ' εἰρήνην τε καὶ ἠπιόχειρον ὑγείην.

De Nereu, fumigação: Mirra

Ó detentor das raízes do mar, sede da lúgubre luz,
que se ufana com suas cinquenta filhas sob as ondas e
com os coros de sua bela prole, Nereu, nume de nome magno,
fundamento do mar, limite da terra, princípio de tudo,
que agitas o sacro altar de Deméter quando trancas (5)
os ventos que vão aos recônditos profundos.
Vamos, venturoso, afasta os abalos, e envia aos mistérios
riqueza,  paz e saúde generosa.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Hino Órfico 22: Mar [Thálassa]

Θαλάσσης, θυμίαμα λιβανομάνναν.

Ὠκεανοῦ καλέω νύμφην, γλαυκώπιδα Τηθύν,
κυανόπεπλον ἄνασσαν, ἐύτροχα κυμαίνουσαν,
αὔραις ἡδυπνόοισι πατασσομένην περὶ γαῖαν.
θραύουσ' αἰγιαλοῖσι πέτρηισί τε κύματα μακρά,
εὐδίνοις ἁπαλοῖσι γαληνιόωσα δρόμοισι, (5)
ναυσὶν ἀγαλλομένη, θηροτρόφε, ὑγροκέλευθε,
μήτηρ μὲν Κύπριδος, μήτηρ νεφέων ἐρεβεννῶν
καὶ πάσης πηγῆς νυμφῶν νασμοῖσι βρυούσης·
κλῦθί μου, ὦ πολύσεμνε, καὶ εὐμενέουσ' ἐπαρήγοις,
εὐθυδρόμοις οὖρον ναυσὶν πέμπουσα, μάκαιρα. (10)

Do Mar; Fumigação: Incenso em pó

A ninfa do Oceano eu chamo, Tétis de olhos glaucos,
soberana de escuro véu, corredora ondeante,
com brisas de doce sopro pulsando pela terra,
quebrando em praias e abrolhos as suas vastas ondas,
na calmaria de moventes tenros turbilhões, (5)
exultante de navios, umente nutriz de feras,
mãe da Cípris, sim; e mãe das Nuvens trevosas,
e das fontes florescentes em que fluem as Ninfas;
Ouve-me, Deusa multi-insigne; prouvera ajudes, benfazeja,
enviando bons ventos aos navios de reto curso, ó venturosa.  (10)

[Tradução de Rafael Brunhara]

domingo, maio 12, 2013

Alexandra de Licofrão, vv. 01-15

Λέξω τὰ πάντα νητρεκῶς, ἅ μ' ἱστορεῖς,
ἀρχῆς ἀπ' ἄκρας· ἢν δὲ μηκυνθῇ λόγος,
σύγγνωθι, δέσποτ'· οὐ γὰρ ἥσυχος κόρη
ἔλυσε χρησμῶν, ὡς πρίν, αἰόλον στόμα·
ἀλλ' ἄσπετον χέασα παμμιγῆ βοὴν (5)
δαφνηφάγων φοίβαζεν ἐκ λαιμῶν ὄπα,
Σφιγγὸς κελαινῆς γῆρυν ἐκμιμουμένη.
τῶν ἅσσα θυμῷ καὶ διὰ μνήμης ἔχω,
κλύοις ἄν, ὦναξ, κἀναπεμπάζων φρενὶ
πυκνῇ διοίχνει δυσφάτους αἰνιγμάτων (10)
οἴμας τυλίσσων, ᾗπερ εὐμαθὴς τρίβος
ὀρθῇ κελεύθῳ τἀν σκότῳ ποδηγετεῖ.
ἐγὼ δ' ἄκραν βαλβῖδα μηρίνθου σχάσας
ἄνειμι λοξῶν ἐς διεξόδους ἐπῶν,
πρώτην ἀράξας νύσσαν, ὡς πτηνὸς δρομεύς. (15)

Direi precisamente tudo que me inquires,
do começo ao fim: se o discurso se estender,
perdão, mestre! Pois antes serena, a donzela
não põe fim às profecias, vária a língua:
porém verteu inefável misto clamor (5)
da garganta laurívora predisse a voz
reproduzindo fala de tétrica Esfinge.
Das coisas que retenho n'alma e na memória,
que ouças, soberano, refletindo na mente
firme percorres enigmas desditosos, (10)
desenredas veredas qual sabida trilha,
guias estrada correta através das trevas.
E eu, rompendo a corda do ponto de partida,
lanço-me aos decursos destes oblíquos versos:
dou a largada, como alado corredor. (15)

[Tradução: Rafael Brunhara]