sábado, março 29, 2014

Antologia Palatina, 9.401 (Anônimo)

Ἡ φύσις ἐξεῦρεν φιλίης θεσμοὺς ἀγαπῶσα
τῶν ἀποδημούντων ὄργανα συντυχίης,
τὸν κάλαμον, χάρτην, τὸ μέλαν, τὰ χαράγματα χειρός,
σύμβολα τῆς ψυχῆς τηλόθεν ἀχνυμένης.

A natureza, por apreço às leis da amizade,inventou
 ferramentas para o encontro de amigos ausentes:
cálamo, papel, tinta, a letra manuscrita;
signos do coração que longe se aflige.

[Tradução: Rafael Brunhara]

Hino Órfico 37: Titãs

[Τιτάνων], θυμίαμα λίβανον.

Τιτῆνες, Γαίης τε καὶ Οὐρανοῦ ἀγλαὰ τέκνα,
ἡμετέρων πρόγονοι πατέρων, γαίης ὑπένερθεν
οἴκοις Ταρταρίοισι μυχῶι χθονὸς ἐνναίοντες,
ἀρχαὶ καὶ πηγαὶ πάντων θνητῶν πολυμόχθων,
εἰναλίων πτηνῶν τε καὶ οἳ χθόνα ναιετάουσιν· (5)
ἐξ ὑμέων γὰρ πᾶσα πέλει γενεὰ κατὰ κόσμον.
ὑμᾶς κικλήσκω μῆνιν χαλεπὴν ἀποπέμπειν,
εἴ τις ἀπὸ χθονίων προγόνων οἴκοις ἐπελάσθη.

Dos Titãs, fumigação: Olíbano

Titãs, esplêndida prole da Terra [Gaia] e do Céu [Urano],
Ancestrais de nossos pais, sob o chão da terra
habitando mansões tártareas nas profundezas,
princípio e fonte para todos os mortais sofredores,
para as criaturas marinhas, aladas e que vivem na terra: (5)
surgem de vós todos os seres do universo.
Invoco-vos para afastardes  a dura ira,
se um de meus ínferos ancestrais marcha contra vosso lar.

[Tradução: Rafael Brunhara]

sexta-feira, março 28, 2014

Hino Órfico 36: Ártemis

[Ἀρτέμιδος], θυμίαμα μάνναν.

Κλῦθί μου, ὦ βασίλεια, Διὸς πολυώνυμε κούρη,
Τιτανίς, βρομία, μεγαλώνυμε, τοξότι, σεμνή,
πασιφαής, δαιδοῦχε θεά, Δίκτυννα, λοχεία,
ὠδίνων ἐπαρωγὲ καὶ ὠδίνων ἀμύητε,
λυσίζωνε, φίλοιστρε, κυνηγέτι, λυσιμέριμνε, (5)
εὔδρομε, ἰοχέαιρα, φιλαγρότι, νυκτερόφοιτε,
κληισία, εὐάντητε, λυτηρία, ἀρσενόμορφε,
Ὀρθία, ὠκυλόχεια, βροτῶν κουροτρόφε δαῖμον,
ἀμβροτέρα, χθονία, θηροκτόνε, ὀλβιόμοιρε,
ἣ κατέχεις ὀρέων δρυμούς, ἐλαφηβόλε, σεμνή, (10)
πότνια, παμβασίλεια, καλὸν θάλος, αἰὲν ἐοῦσα,
δρυμονία, σκυλακῖτι, Κυδωνιάς, αἰολόμορφε·
ἐλθέ, θεὰ σώτειρα, φίλη, μύστηισιν ἅπασιν
εὐάντητος, ἄγουσα καλοὺς καρποὺς ἀπὸ γαίης
εἰρήνην τ' ἐρατὴν καλλιπλόκαμόν θ' ὑγίειαν· (15)
πέμποις δ' εἰς ὀρέων κεφαλὰς νούσους τε καὶ ἄλγη.

De Ártemis, fumigação: incenso

Ouve-me, rainha, donzela de Zeus, de muitos nomes,
Titânide, Brômia de nome magno,arqueira insigne,
luz de todos,Deusa dadófora, Dictina, parteira,
auxiliadora dos trabalhos do parto, que nunca pariste,
amante do delírio, auxílio das parturientes, caçadora, alívio dos cuidados; (5)
corredora notívaga, sagitária que ama caçar,
Árbitra ágil e afável, de masculina forma,
Órtia, rápida parteira, nume nutriz de mortais,
Imortal e terrestre assassina de feras; rica
que reges bosques nas montanhas, insigne caçadora de cervos; (10)
Senhora rainha de todos, belo viço sempre vivo,
habitante de bosques, protetora dos cães, Cidônia, mutante forma:
vem, deusa salvadora e amiga, a todos os mistérios
acessível, trazendo os belos frutos da terra,
a paz e a amável saúde de lindas tranças:
Peço, envia para os cimos das montanhas as doenças e a dor.

[Tradução de Rafael Brunhara]

terça-feira, março 18, 2014

Antologia Palatina 10.45 (Paladas)

Ἂν μνήμην, ἄνθρωπε, λάβῃς, ὁ πατήρ σε τί ποιῶν
ἔσπειρεν, παύσῃ τῆς μεγαλοφροσύνης.
ἀλλ' ὁ Πλάτων σοὶ τῦφον ὀνειρώσσων ἐνέφυσεν
ἀθάνατόν σε λέγων καὶ φυτὸν οὐράνιον.
ἐκ πηλοῦ γέγονας. τί φρονεῖς μέγα; τοῦτο μὲν οὕτως (5)
εἶπ' ἄν τις κοσμῶν πλάσματι σεμνοτέρῳ.
εἰ δὲ λόγον ζητεῖς τὸν ἀληθινόν, ἐξ ἀκολάστου
λαγνείας γέγονας καὶ μιαρᾶς ῥανίδος.

Se te lembrasses, homem, o que fez teu pai
ao te gerar, porias de lado o orgulho.
Mas Platão,sonhador, plantou em ti ilusão,
chamando-te imortal, planta do céu;
Do barro tu nasceste. Por que a arrogância?
Quem diz isso orna-se em ficções solenes.
Se procuras um dito verdadeiro: vieste
de licencioso coito e sêmen sujo.

[Tradução: Rafael Brunhara]

sexta-feira, março 14, 2014

Antologia Palatina, 11.430 - Luciano

Εἰ τὸ τρέφειν πώγωνα δοκεῖς σοφίαν περιποιεῖν,
καὶ τράγος εὐπώγων αἶψ' ὅλος ἐστὶ Πλάτων.

Se tu acreditas que cultivar uma barba é adquirir sabedoria,
de repente até um bode de bela barba é um  Platão completo.

[Tradução: Rafael Brunhara]

segunda-feira, março 10, 2014

Lançamento de "Lira Grega: Antologia de Poesia Arcaica"


Apesar de dispormos de excelentes traduções da chamada poesia lírica grega arcaica, muitas dessas traduções encontram-se esparsas, publicadas em artigos de periódicos, trabalhos acadêmicos ou seções de revistas.

Há exceções notáveis -- volumes como Poesia Grega e Latina de Péricles Eugênio da Silva Ramos (Cultrix, 1967); Poesia Grega: De Álcman a Teócrito  de Frederico Lourenço (Cotovia,2006) e Ritmo e Sonoridade na Poesia Grega Antiga, de Leonardo Antunes (Humanitas, 2011) -- exceções às quais este novo trabalho de Giuliana Ragusa, que será lançado no dia 25/03 em SP pela Editora Hedra, vem se somar, suprindo uma lacuna: a de oferecer, reunidos em um só volume, boas traduções dos nove grandes poetas "líricos" arcaicos.