sexta-feira, novembro 21, 2008

Fernando Pessoa - Epithalamium

Open the windows and thee doors all wide
Lest aught of night abide,
Or, like a ship's trail in the sea, survive
What made it there to live!
She lies in bed half waiting that her wish
Grow bolder or more rich
To make her rise, or poorer, to oust fear,
And she rise as a common day were here.
That she would be a bride in bed with man
The parts where she is woman do insist
And send up messages that shame doth ban
From being dreamed but in a shapeless mist.
She open her eyes, the ceiling sees above
Shutting the small alcove,
And thinks, till she must shut her eyes again.
Another ceiling she this night will know,
Another house, another bed, she lain
In a way she half guesses; so
She shuts her eyes to see not the room she
Soon will no longer see.

Safo - Epitalâmio

Ao alto o teto
hímen!
erguei, carpinteiros.
hímen!
Vem-se o esposo: rival
hímen!
é de Ares, e homem
mais alto do que alto!
hímen!


Tradução: Pedro Alvim, in: Safo de Lesbos. SP: Ars Poética. 1993.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Hino Homérico a Dioniso (tradução de Jaa Torrano)

Em volta de Dioniso, de Sêmele magnissigne o filho
lembrar-me-ei como luziu na praia do sal infatigável
sobre o quebra-mar na imagem de jovem homem
no primeiro viço e bela circunvolvia a cabeleira
sombria e manto sobre fortes ombros ele tinha
purpúreo e rápido da nau de bons bancos homens
piratas adiantaram-se velozes sobre o víneo mar,
eram tirsenos, levou-os maligno lote, quando o viram,
acenaram entre si, rápido saltaram, de súbito agarraram,
puseram-no em sua nau, jubilosos em seu coração.
parecia-lhes ser filho dos nutridos por Zeus reis
e assim quiseram prendê-lo com cadeias dolorosas
e não o seguravam cadeias, vimes de longe caíam
das mãos e dos pés, ele com doce sorriso contemplava
com olhos sombrios, mas o piloto, quando o notou,
já aos seus companheiros conclamou e assim falou:
- Numinosos, a que Deus aqui agarrastes e prendestes
poderoso? Nem pode o navio vos levar benéfico
pois ou Zeus é este, ou o de argênteo arco Apolo,
ou Poseidáon, porque não aos mortais homens
é símil, mas aos Deuses que têm o palácio Olímpio.
Eia! deixemo-lo sobre a firme terra negra
já e não lanceis mão sobre ele que não por cólera
suscite sobre nós dolorosos ventos e múltiplo tufão.
Assim falou e o chefe disse em hedionda palavra:
- Numinoso, vê o vento e iça as velas do navio,
tomadas todas as armas, isto aliás é para homens,
pretendo partir ou para o Egito ou para Chipre,
ou para os Hiperbóreos, ou para mais longe e por fim
dirá um dia amigos dele e todos os seus bens
e seus irmãos, quando o lançou em nós o Nume.
Assim disse e vela e vela içaram-se do navio,
soprou o vento o meio da vela e em volta as armas
retesaram-se e logo luziram-lhes mirados atos:
vinho primeiro através do veloz navio negro
suavipotável soniflui bem olente e erguia-se odor
imortal e a miração pegou a todos os nautas ao virem
e já no ápice da vela estendeu-se toda
a videira aqui e ali e suspendiam-se muitos
cachos e em volta da vela enrolou-se a negra hera
luxuriosa de flores e gracioso o fruto sobre-ergueu-se
e todas as cavilhas tinham coroas e quando viram
o navio já então doravante mandavam o piloto
levar para a terra e ele leão se lhes fez no navio
terrível sobre a proa e grandibramia e no meio deles
ursa ele fez do pescoço veloso ao luzir os sinais
e ela estacou-se ardente e leão sobre o alto banco
terrível suspicaz olhante e para a popa fugiram
e em volta do piloto que prudente espiríto tinha
estacaram-se aturdidos, ele rápido ergueu-se
e agarrou o chefe e para fora ao evitarem a má parte
todos à uma pularam, quando viram, no sal divino
e golfinhos nasceram, mas do piloto teve piedade
e deteve-se e fê-lo ser todo feliz e disse palavra:
- Coragem!, divino guia, grato ao meu ânimo,
sou eu Dioniso magnifremente que gerou mãe
Cadméia Sêmele de Zeus em amor desposada.
- Saudações, filho de Sêmele formosa, nem há como
de ti esquecido com doçura mundificar-se o cantar.


Fonte:

Palco e Platéia, São Paulo,n.1. Dezembro de 1986. (p.4-5)