domingo, abril 28, 2019

O Epitáfio de Virgílio - Quatro traduções

Mantua me genuit, Calabri rapuere, tenet nunc
Parthenope; cecini pascua, rura, duces.

Mântua gerou-me,Calábria arrebatou-me; Ora tem-me
 Nápoles; Cantei pastagens, campos, líderes.
[Trad. Rafael Brunhara]


De origem Mantuana, a Calábria me adotou,
sou Napolitano agora, quando a morte me tomou .
Cantei pastos, cantei campos, cantei o herói Troiano,
em um verso lapidar, o ARMA VIRUMQUE CANO.

[Trad. Milton Marques Jr.]


De nascença mantuano,
De querença calabrês,
Eu morri napolitano
E que deixo pra vocês:
Canto o campo, o camponês,
E as vitórias do troiano.

[Trad. Fábio Paifer Cairolli]


Mântua gerou-me,
Calábria arrebatou-me,
Ora tem-me Nápoles.
Cantei pampas, campanhas e caudilhos.
[Trad. Rafael Brunhara]

Simônides, fragmento 257 Poltera [579 PMG]

ἐστί τις λόγος
τὰν Ἀρετὰν ναίειν δυσαμβάτοις ἐπὶ πέτραις,
†νῦν δέ μιν θοαν† χῶρον ἁγνὸν ἀμφέπειν·
οὐδὲ πάντων βλεφάροισι θνατῶν
ἔσοπτος, ὧι μὴ δακέθυμος ἱδρὼς
ἔνδοθεν μόληι,
ἵκηι τ' ἐς ἄκρον ἀνδρείας·

Uma história diz
Que Excelência mora em ínvios rochedos
[perto dos Deuses]* a velar por terra sacra:
Mas não aos olhos de todos os mortais
é visível, só para aquele que sua o suor
que morde o coração dentro do peito
e chega ao ápice da coragem:


* Adoto a sugestão de Poltera (2018, p.448) que propõe ἐγγὺς δὲ θεῶν como uma das muitas leituras possíveis para o verso corrompido em grego.

Referência

POLTERA, O. Simonides Lyricus. Testimonie und Fragmente. Basel: Schwabe. 2018. 

domingo, abril 14, 2019

Dois epitáfios (Simônides e Antologia Palatina)

Simônides, Epigrama XXXVII

πολλὰ πιὼν καὶ πολλὰ φαγὼν καὶ πολλὰ κάκ' εἰπὼν
ἀνθρώπους κεῖμαι Τιμοκρέων Ῥόδιος.

Depois de muito beber, muito comer e muito falar mal
das pessoas, aqui jazo, Timocreonte de Rodes.

Antologia Palatina, Livro VII, Epigrama 348

Βαιὰ φαγὼν καὶ βαιὰ πιὼν καὶ πολλὰ νοσήσας,
ὀψὲ μέν, ἀλλ᾿ ἔθανον. ἔρρετε πάντες ὁμοῦ.

Comendo pouco, bebendo pouco e adoecendo muito,
  tarde, enfim, morri. E danem-se todos vocês.

Tradução: Rafael Brunhara


Meleagro (Antologia Palatina, V.152) - Tradução de Juliana Pondian

vai, voa, Mosquito,
mensageiro ligeiro,
sopra-lhe zum-
zunindo no ouvido:

entrementes ela te espera
insone
dormes
só com o esquecimento

eia, voa; vai, Musamante, voa:
diz-lhe baixinho e não desperta a outra
para que o ciúme contra mim não mova.

se me trouxeres meu menino,
Mosquito: te faço, na face, leão
e nas mãos, te dou teu ferrão.

:::

Πταίης μοι, κώνωψ, ταχὺς ἄγγελος, οὔασι δ᾽ ἄκροις
Ζηνοφίλας ψαύσας προσψιθύριζε τάδε:

ἄγρυπνος

μίμνει σε: σὺ δ᾽, ὦ λήθαργε φιλούντων,
εὕδεις.

εἶα, πέτευ; ναί, φιλόμουσε, πέτευ:
ἥσυχα δὲ φθέγξαι, μὴ καὶ σύγκοιτον ἐγείρας
κινήσῃς ἐπ᾽ ἐμοὶ ζηλοτύπους ὀδύνας,
ἢν δ᾽ ἀγάγῃς τὴν παῖδα, δορᾷ στέψω σε λέοντος,
κώνωψ, καὶ δώσω χειρὶ φέρειν ῥόπαλον.