segunda-feira, outubro 06, 2014

Heike Monogatari - Poema de abertura

O Heike Monogatari ("Conto de Heike") é um romance épico japonês do séc. XIII d.C.,  que registra o confronto entre os clã Taira (Heike) e Minamoto.  O início da obra se dá com este poema de oito versos, que se distingue  dos tradicionais waka  por sua proximidade com poemas ocidentais (tanto em métrica, quanto em temas). A tradução abaixo não é direta, e toma algumas liberdades em relação ao texto original.  Ela toma como base a tradução inglesa de Helen C. McCullogh (The Tale of the Heike, Stanford, 1990),  consultando, porém, o original japonês de perto (onde um comentário pode ser lido aqui):

Em Guiôn (*),o som dos sinos ressoa
 que nada permanece para sempre.
Na cor das folhas das árvores gêmeas, (**),
a verdade: o que nasce, perece.
A arrogância não dura muito tempo,
é  sonho breve na noite vernal;
até os bravos um dia enfim tombam,
se tornam nada mais que poeira ao vento.

祇園精舎の鐘の聲、
諸行無常の響あり。
娑羅雙樹の花の色、
盛者必衰のことわりをあらはす。
おごれる人も久しからず、
唯春の夜の夢のごとし。
たけき者も遂にほろびぬ、
偏に風の前の塵に同じ。

[Tradução: Rafael Brunhara]

(*) No original, Gion Shouja, o templo situado em Gion, na Índia.

(**) No original, as árvores gêmeas com folhas de Shala (sharashouju). Árvores com dois troncos crescendo em quatro direções. Diz a lenda que Buda morreu sob essas árvores, após ter alcançado o Nirvana. 

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