Quando viram Pátroclo morto,
que era tão valente, e forte, e jovem,
começaram os cavalos de Aquiles a chorar;
sua natureza imortal se indignava
por esta obra de morte que contemplava.
Sacudiam suas cabeças e agitavam suas longas crinas,
batiam no chão com as patas e lamentavam
Pátroclo que reconheciam sem vida - aniquilado -
uma carne agora ignóbil - seu espírito perdido -
indefeso - sem alento -
restituído da vida ao grande Nada.
Zeus viu as lágrimas dos imortais
cavalos e afligiu-se. "No matrimônio de Peleu,"
disse, "eu não devia assim irrefletidamente agir;
melhor que não vos tivéssemos dado meus cavalos
infelizes! Que procuráveis lá em baixo,
na miserável humanidade, que é o joguete do destino?
Vós a quem nem a morte arma cilada, nem a velhice,
efêmeras desventuras vos torturam. Em seus tormentos
vos envolveram os homens." - Contudo, suas lágrimas
pela eterna desventura da morte
derramavam os dois nobres animais.
Tradução de FONSECA, Ísis B.B. Poemas de K.Kaváfis, São Paulo: Odysseus Editora, 2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário