1.38 (Sobre o nascimento de Cristo)
É o céu esta manjedoura, maior que o próprio céu.
O céu é obra das mãos deste recém-nascido.
1.39 (Sobre os pastores e os anjos)
Uma só dança, uma só canção, para os homens e os anjos,
pois homem e Deus se fizeram um só.
5.302
Qual o caminho do amor? Nas ruas hás de lamentar
a louca paixão da cortesã por ouro e luxo.
Se te acercares do leito da donzela, um casamento
legal te espera, ou a punição dos sedutores.
Quem suportaria, por dever, excitar os insípidos
ardores daquela a quem se uniu em matrimônio?
Pior é o leito adúltero que nada tem de amor,
tão pecaminoso quanto o gosto por meninos.
A viúva impudica, que bem conhece as artes todas
da lascívia, toma por amante qualquer um.
Com relutância é que a pudica se entrega, para logo,
picada pelo aguilhão de impiedoso remorso,
odiar seu ato; um resto de pudor fá-la afastar-se
até que um aviso ponha fim à ligação.
Se te juntares à tua própria serva, então resigna-te
a trocar de papel e ser escravo da escrava.
Se ela for de outrem, a lei te imporá o labéu que despista
ultraje cometido contra ser de outro dono.
Diógenes evitou tudo isso cantando himeneu
com sua própria mão, sem precisar de Laís.
9.642 (Sobre uma privada pública num subúrbio de Esmirna)
Os manjares dos mortais, seus pratos caros e seletos,
perdem todos, aqui, o atrativo que tinham.
Os peixes e faisões, os condimentos moídos em gral,
tantos quitutes numerosos e variados,
aqui se tornam excremento: o ventre expulsa
tudo quanto engoliu a goela faminta.
Por fim reconhece o homem que, em seu alvitre insensato,
comprou, a peso de ouro, um punhado de pó.
Tradução de José Paulo Paes
Fonte: Poemas da Antologia Grega ou Palatina. São Paulo: Companhia das Letras, 1995
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