segunda-feira, dezembro 07, 2009

Calímaco: Antologia Grega

7.524

A. Jaz Caridas sob ti?
B. Sim, se for filho de Arima, o Cireneu.
A. Ei, Caridas, que tal aí embaixo?
C. Trevas só.
A. E quanto à volta?
C. Mentira.
A. E Plutão?
C. Um mito.
A. Então estamos fritos.
C. Crê no que te digo. Mas se queres algo de aprazível, há boi
barato no Hades.

12.43

Detesto o poema em série; tampouco me agrada o caminho
que leva muitos a várias direções.
Odeio também o amado a varejo, não bebo da fonte,
me aborrece tudo quanto seja público.
Lisânias, é um tesouro, um tesouro; mas antes de eu dizê-lo
claramente, um eco o faz: É de outro, é de outro".

Outra tradução (João Ângelo Oliva Neto)

12.102

Caçador, Epicides persegue nas montanhas toda
lebre e segue as pegadas das gazelas
pela geada e pela neve. Mas se alguém lhe diz:
"Eis um bicho ferido", não o quer.
Assim também o meu amor: perseguindo o que lhe foge,
deixa para trás o que jaz no chão.

12.118

Mil vezes me censura, Arquino, se eu buscar-te de meu grado;
mas, se mau grado meu, releva o açodamento:
amor e vinho forte compeliram-me, um com me empolgar,
outro com tirar-me sobriedade ao espírito.
Aqui chegado, não gritei quem sou nem de quem sou; beijei
tão-só os umbrais; se isso é erro, então errei.

12.139

Existe sim, eu juro por Pã e por Dioniso,
um fogo escondido debaixo das cinzas;
desconfio de mim. Não me abraces; muitas vezes,
rio calmo rói o muro pela base.
Temo pois, Menexeno, que entrando em mim, silente,
este furtivo me atire para o amor.

13.7

Menoítas, o líctio, ofereceu suas armas
com estas palavras: eis meu arco e meus carcás,
Serápis, mas as flechas têm-nas os hesperídios.

Tradução de José Paulo Paes.

Fonte: Poemas da Antologia Grega ou Palatina. SP: Cia das letras, 1995.

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