terça-feira, dezembro 08, 2009

Antologia Grega

1 (5.304)

Uva verde, não me acenavas; uva madura, me desdenhaste;
não te negues a dar-me agora um pouco de uva passa.

2. (7.63)

Recebe-me barqueiro dos mortos, a mim, o cão Diógenes,
que pôs a nu a vã sobranceria da vida.

3.(7.155)

Sobre Filistíon, o ator de Nicéia

Temperei de riso a vida lamentosa
dos homens, eu, Filistíon de Nicéia,
que aqui jazo, resto de uma vida inteira;
muitas vezes morri, mas assim jamais.

4. (9.133)

Quem já foi casado e procura um novo leito nupcial,
é náufrago de volta a pélago agitado.

5. (9.499)

Silente e encanecido, o Tempo avança, mas roubando,
em seu avanço, as vozes dos homens loquazes.
Ele, que nnguém vê, tira de vista o que se via
e coloca o que não se via a plena vista.
Que indefinido o fim da vida humana, dia a dia
mais perto, sempre mais perto, da escuridão!

6. (9.500)

Não mais chamem herdeiros aos que vêem a luz do dia;
digam antes herdeiros os que já morreram.
Os mortos, agora herdeiros, têm um rico legado:
estarem longe desta vida miserável.

7. (9.539)

Contém todas as letras

Ciclope, acha a formiga que jaz dentro do vaso baixo.

8. (9.592)

De um escudo representando o nascimento do Salvador

Quão simplório o artista que num escudo gravou
o nascimento do príncipe da paz!

9. (11.151)

Imagem de retor? Retor já é imagem de imagem.
Ela não fala. Ah, bem: nada mais parecido.

Tradução: José Paulo Paes

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