sexta-feira, dezembro 11, 2009

Lêonidas de Tarento - Antologia Grega

Eis as ferramentas do carpinteiro Leôntico: as limas
dentadas que devoram rápido a madeira,
os cordões de medir, os potes de ocre e, ao lado, os martelos
de dúplice cabeça, as réguas sujas de ocre,
as verrumas, a raspadeira e, soberano do ofício,
o machado de peso com seu cabo longo,
as puas que giram com presteza, as verrumas penetrantes,
além dos quatro furadores de cavilhas
e da enxó dupla - são uma oferenda à Atena protetora
do mesmo ofício que ele acaba de deixar. (6.205)

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Infinito era o tempo, ó homem, antes de seres dado
à luz, e infinito o que te espera no Hades.
Que parcela de vida te cabe a não ser esse instante
diminuto, pouco menos de um minuto?
Sequer desfrutas tua pequena vida de aflições,
pois te é mais odiosa que a morte inimiga.
Eis a armação de ossos de que são formados os mortais;
no entanto, eles se erguem para o ar e para as nuvens.
Vês, homem, quão inútil: postado na ponta do fio
por urdir a veste, há um verme que a faz
logo num crânio calvo, em algo muito mais detestável
do que a múmia ressequida de uma aranha.
Manhã após manhã busca, ó homem, tua fortaleza:
que possas na vida simples repousar,
lembrado sempre, do fundo da alma, enquanto estejas
entre os vivos, de que palha tu és feito.


Tradução de José Paulo Paes. Fonte: Poemas da Antologia Grega ou Palatina. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

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