sexta-feira, dezembro 11, 2009

Alceu de Messênia - Antologia grega

1. (5.10)
Odeio Amor. Por que, pesado, não investe contra
feras em vez de alvejar-me o coração?
De que adianta a um deus queimar um homem: que alto prêmio
poderá obter pela minha cabeça?

2. (6.218)

Um sacerdote de Cíbele, esmoleiro e castrado,
andava pelas florestas do monte Ida
quando encontrou um enorme leão que escancarava
a goela feroz, como se faminto.
Com medo de ser morto pela fera cruel, ele
percutiu o tambor do bosque sagrado.
O leão fechou a boca assssina e cheio de
divino furor pôs-se a rodar a juba.
O salvo de feia morte ofertou a Réia então
a fera que por si lhe aprendera a dança.

3. (9.518)

Faz mais altos os teus muros, Zeus Olímpico: Filipe
galga tudo: cerra bem as brônzeas portas
dos deuses. Terra e mar jazem sob o cetro de Filipe:
só falta agora o caminho para o Olimpo.


4. (9.519)

Bebo, ó deus do vinho, bem mais do que bebia o Ciclope
após encher a pança com a carne de homens.
Bebo, mas quem me dera romper a cabeça inimiga
de Filipe e esvaziar seu crânio até o fim.
Esse Filipe saboreia a morte dos amigos
quando lhes envenena a cratera de vinho.

5. (Anônimo) 9.520

Eis a tumba de Alceu: matou-o, filho da terra, o rábano
de folhas largas, punidor dos adúlteros.


Tradução de José Paulo Paes. Fonte: Poemas da Antologia Grega ou Palatina. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

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