Olhando para o céu da noite, jaz
Inerte sobre o gris topo dum monte,
Baixo vê-se distante terra trêmula.
Seu horror, seu encanto são divinos.
Sobre seus lábios e pálpebras jazem
Beleza como a sombra donde brilham
Quentes e cruéis, no fundo lutando,
As agonias da angústia e da morte.
Agora, menos horror do que graça
Que torna em pedra a alma do olhar;
Onde o delinear da face morta
Está gravado até que nela a forma
Cresça e nada a mente possa trilhar;
é a música do encanto lançada
contra às trevas e ao esplendor da dor,
que humaniza e harmoniza a tensão.
De sua cabeça, como corpo único,
Brotam qual vergéis de úmida pedra,
Víperas cabeleiras que ora torcem,
Ora se esticam em seu maranhado
Preso e exposto com nós infinitos,
Radia da malha como que zombou,
Por dentro a tortura, a morte, e viu
o sólido ar com bocas disformes.
Perto em lapa, um sardão peçonhento
Olha ocioso nos olhos gorgôneos,
Enquanto no ar medonho morcego,
sem rumo, voa contra uma caverna
com louco susto que a luz espantosa
fendeu. Ele vem rápido tal traça
atrás da vela. Céu da meia-noite
brilha com luz mais terrível que o breu.
É o revolto encanto do terror:
Das serpentes fulge um brônzeo olhar,
Aceso nesse enredado errar,
Cria um fogo-fátuo emocionante,
Rompe um eterno espelho de toda a
Beleza e de todo o terror de lá –
Face de mulher de vípera crina,
Das rochas úmidas no céu vê a morte.
It lieth, gazing on the midnight sky,
Upon the cloudy mountain peak supine;
Below, far lands are seen tremblingly;
Its horror and its beauty are divine.
Upon its lips and eyelids seems to lie
Loveliness like a shadow, from which shine,
Fiery and lurid, struggling underneath,
The agonies of anguish and of death.
Yet it is less the horror than the grace
Which turns the gazer's spirit into stone;
Whereon the lineaments of that dead face
Are graven, till the characters be grown
Into itself, and thought no more can trace;
'Tis the melodious hue of beauty thrown
Athwart the darkness and the glare of pain,
Which humanize and harmonize the strain.
And from its head as from one body grow,
As [ ] grass out of a watery rock,
Hairs which are vipers, and they curl and flow
And their long tangles in each other lock,
And with unending involutions shew
Their mailed radiance, as it were to mock
The torture and the death within, and saw
The solid air with many a ragged jaw.
And from a stone beside, a poisonous eft.
Peeps idly into those Gorgonian eyes;
Whilst in the air a ghastly bat, bereft
Of sense, has flitted with a mad surprise
Out of the cave this hideous light had cleft,
And he comes hastening like a moth that hies
After a taper; and the midnight sky
Flares, a light more dread than obscurity.
'Tis the tempestuous loveliness of terror;
For from the serpents gleams a brazen glare
Kindled by that inextricable error,
Which makes a thrilling vapour of the air
Become a [ ] and ever-shifting mirror
Of all the beauty and the terror there-
A woman's countenance, with serpent locks,
Gazing in death on heaven from those wet rocks.