quarta-feira, outubro 17, 2007

Horácio I.14

O nauis, referent in mare te noui
fluctus. O quid agis? Fortiter occupa
portum. Nonne uides ut
nudum remigio latus,

et malus celeri saucius Africo
antemnaque gemant ac sine funibus
uix durare carinae
possint imperiosius

aequor? Non tibi sunt integra lintea,
non di, quos iterum pressa uoces malo.
Quamuis Pontica pinus,
siluae filia nobilis,

iactes et genus et nomen inutile:
nil pictis timidus nauita puppibus
fidit. Tu, nisi uentis
debes ludibrium, caue.

Nuper sollicitum quae mihi taedium,
nunc desiderium curaque non leuis,
interfusa nitentis
uites aequora Cycladas.


Ó nau, ao mar te tornam novas ondas!
O que fazes? Com força o porto aferra.
Por ventura não vês, que as amuradas
Estão de remos nuas?

Que pelo ligeiro Àbrego ferido
O mastro geme, gemem as antenas?
E sem amarras mal as quilhas podem
sofrer soberbos mares?

Não tens velas inteiras, não tens deuses,
Que em novo perigo sossobrada invoques,
Inda que tu, ó Pôntico pinheiro,
De nobre selva filho,

Inútil geração e nome ostentes:
Tímido nauta nas pintadas popas
não se afiança. Aguarda, se não queres
ser ludíbrio dos ventos.

Tu, que tédio solícito me deste
Há pouco, ora saudade e grão cuidado,
Dos mares foge aparcelados entre
As Cicladas luzentes.

[Tradução: Elpino Duriense]

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