sábado, setembro 15, 2007

Calino e Tirteu

Calino

Até que ponto, inertes, folgareis?
Vergonha não vos dá dos que na luta
A pátria amparam, ou quereis, talvez
A paz, quando os demais no ardor se ralam?
Mesmo a morrer, a lança arremessai,
Também na morte é que se ganha a glória,
E salva é a esposa, o filho, e seus pais.
Ah, perecer, por eles, é vitória!
Então firmai a lança, e ao peito vosso
O escudo firme armai contra o rival!
Fugir, choramingar, que ninguém possa,
Ou mesmo crer-se ileso e imortal,
Ou sob a cama fique em medo ou possa
Os pares esquecer na hora fatal.
Do ser que é macho sobe sempre a fama,
O herói é o galardão do chão natal,
Diz não ao resto, quando a pátria o chama.


Tirteu


Belo é tombar em sangue um bravo herói
Que lute pela pátria lá na frente!
Em mendicância andar? Nada há pior
Que um homem se arrastar como indigente,
Ao léu seu pai e a mãe jogada às ruas,
Filhos e esposa a receber desdéns,
De todos a quem peçam de mãos nuas.
Ofende o peito, enluta a raça quem
Suporta o riso alheio e escarninho.
Se mal andamos nós sem um vintém,
E sem que um sonho bom nos encaminhe,
Morramos pela pátria, nosso bem,
Que é vil à vida assim ter um carinho.

(Traduções: Antônio Medina Rodrigues)

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