quarta-feira, setembro 12, 2007

A Beleza - Baudelaire

Je suis belle, ô mortels! comme um rêve de pierre,
Et mon sein, où chacun s'est meurtri tour à tour
Est fait pour inspirer au poète un amour
Éternel et muet ainsi que la matière.

Je trône dans l'azur comme um sphinx imcompris;
J'unis un coeur de neige à la blancheur des cygnes;
Je hais le mouvement qui déplace les lignes,
Et jamais je ne pleure et jamais je ne ris.

Les poètes, devant mes grandes attitudes,
Que j'ai l'air d'emprunter aux plus fiers monuments,
Consumeront leur jour en d'austeres études.

Car j'au, pour fasciner ces dociles amants,
Des pur miroirs qui font toutes choses plus belles:
Mes yeux, mes larges yeux aux clartés éternelles!


Sou mais bela, ó mortais! que um sonho de granito,
E meu seio, onde vem cada um gemer de dor,
Foi feito para ao poeta inpirar um amor
Semelhante à matéria, isto é, mudo e infinito.

Reino no azul como uma esfinge singular;
Meu coração é neve e ao mesmo tempo arminho;
Odeio o que se move e faz o desalinho,
E não sei o que é rir, nem sei o que é chorar.

Os poetas, ante as minhas grandes atitudes,
Que aos monumentos mais altivos emprestei,
Consumirão o ser nos estudos mais rudes;

Pois para esses servis amantes reservei
Um puro espelho em que é mais bela a realidade:
Meu olhar, largo olhar de eterna claridade!

(Tradução: Guilherme de Almeida)

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