sexta-feira, outubro 06, 2023

Paulo Silenciário - Epigramas Eróticos

 *Paulo Silenciário (575 d.C ou 585 d.C.) foi um poeta grego de Constantinopla. Compôs entre outros epigramas, uma écfrase da igreja de Hagia Sofia. Mas sua obra é mais conhecida por seus poemas eróticos, cerca de oitenta, que foram conservados pela Antologia Palatina.

Traduções: Rafael Brunhara


5.241

“Σῴζεό” σοι μέλλων ἐνέπειν, παλίνορσον ἰωὴν

            ἂψ ἀνασειράζω καὶ πάλιν ἄγχι μένω·

σὴν γὰρ ἐγὼ δασπλῆτα διάστασιν οἷά τε πικρὴν

 νύκτα καταπτήσσω τὴν Ἀχεροντιάδα.

ἤματι γὰρ σέο φέγγος ὁμοίιον· ἀλλὰ τὸ μέν που

            ἄφθογγον· σὺ δέ μοι καὶ τὸ λάλημα φέρεις

κεῖνο τὸ Σειρήνων γλυκερώτερον, ᾧ ἔπι πᾶσαι

 εἰσὶν ἐμῆς ψυχῆς ἐλπίδες ἐκκρεμέες.

 

“Adeus” – chegou a hora de dizer; recua a voz,

seguro a fala, de novo fico ao teu lado:

me afastar de você é horrível e me faz tremer

como a noite amarga do Aqueronte.

Sim teu brilho é igual à luz do dia; mas se esta

            é muda, você vem com falas mais doces

que aquelas das Sirenas. Delas dependem

           todas as esperanças do meu ânimo.

 

5.246

 

Μαλθακὰ μὲν Σαπφοῦς τὰ φιλήματα, μαλθακὰ γυίων

 πλέγματα χιονέων, μαλθακὰ πάντα μέλη,

ψυχὴ δ' ἐξ ἀδάμαντος ἀπειθέος· ἄχρι γὰρ οἴων

 ἔστιν ἔρως στομάτων, τἆλλα δὲ παρθενίης.

καὶ τίς ὑποτλαίη; τάχα τις, τάχα τοῦτο ταλάσσας

 δίψαν Τανταλέην τλήσεται εὐμαρέως.


Tenros os beijos de Safo, tenro o enlace

        de seus níveos braços, tenro todo seu corpo.

Mas o coração é do indomável aço:  Éros só

        vai até seus lábios– virginal o resto.

Quem aguenta? Quem pode com isso, logo logo

        facilmente aguentará a sede de Tântalo.

 

5.252

Ῥίψωμεν, χαρίεσσα, τὰ φάρεα, γυμνὰ δὲ γυμνοῖς

            ἐμπελάσῃ γυίοις γυῖα περιπλοκάδην·

μηδὲν ἔοι τὸ μεταξύ· Σεμιράμιδος γὰρ ἐκεῖνο

 τεῖχος ἐμοὶ δοκέει λεπτὸν ὕφασμα σέθεν·

στήθεα δ' ἐζεύχθω τά τε χείλεα· τἆλλα δὲ σιγῇ

 κρυπτέον· ἐχθαίρω τὴν ἀθυροστομίην.

 

Joguemos longe, meu bem, as roupas: nu teu corpo,

a outro corpo nu se abrace num enlace;

nada fique no meio: até essa tua malha fininha

parece-me a muralha da babilônia.

Juntem-se nossos peitos, nossa boca: o resto

silencia, que eu detesto boca aberta.

 

5.272


Μαζοὺς χερσὶν ἔχω, στόματι στόμα, καὶ περὶ δειρὴν

            ἄσχετα λυσσώων βόσκομαι ἀργυφέην.

οὔπω δ' ἀφρογένειαν ὅλην ἕλον· ἀλλ' ἔτι κάμνω

            παρθένον ἀμφιέπων λέκτρον ἀναινομένην.

ἥμισυ γὰρ Παφίῃ, τὸ δ' ἄρ' ἥμισυ δῶκεν Ἀθήνῃ·

            αὐτὰρ ἐγὼ μέσσος τήκομαι ἀμφοτέρων.


Com teus seios em minhas mãos, os lábios nos meus lábios,

        teu pescoço de prata eu devoro em furor incontido.

Mas toda minha não é esta Afrodite: sofro ainda

perseguindo a menina que me rejeita a cama:

 ela se deu metade à Páfia, metade à Palas;

e eu, no meio das duas, vou me acabando.

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