A tradução -- dizem com desprezo -- não é a mesma coisa que o original.
Talvez porque tradutor e autor não sejam a mesma pessoa.
Se fossem, teriam a mesma língua, o mesmo nome, a mesma mulher, o mesmo cachorro.
O que, convenhamos, havia de ser supinamente monótono.
Para evitar tal monotonia, o bom Deus dispôs, já no dia da Criação, que tradução e original nunca fossem exatamente a mesma coisa.
Glória, pois, a Ele nas alturas, e paz, sob a terra, aos leitores de má vontade.
JOSÉ PAULO PAES. Poesia Completa. São Paulo: Companhia das Letras. 2008
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