<Μοιρῶν>, θυμίαμα ἀρώματα.
Μοῖραι ἀπειρέσιοι, Νυκτὸς φίλα τέκνα μελαίνης,
κλῦτέ μου εὐχομένου, πολυώνυμοι, αἵτ' ἐπὶ λίμνης
οὐρανίας, ἵνα λευκὸν ὕδωρ νυχίας ὑπὸ θέρμης
ῥήγνυται ἐν σκιερῶι λιπαρῶι μυχῶι εὐλίθου ἄντρου,
ναίουσαι πεπότησθε βροτῶν ἐπ' ἀπείρονα γαῖαν· (5)
ἔνθεν ἐπὶ βρότεον δόκιμον γένος ἐλπίδι κοῦφον
στείχετε πορφυρέηισι καλυψάμεναι ὀθόνηισι
μορσίμωι ἐν πεδίωι, ὅθι πάγγεον ἅρμα διώκει
δόξα δίκης παρὰ τέρμα καὶ ἐλπίδος ἠδὲ μεριμνῶν
καὶ νόμου ὠγυγίου καὶ ἀπείρονος εὐνόμου ἀρχῆς·(10)
Μοῖρα γὰρ ἐν βιότωι καθορᾶι μόνη, οὐδέ τις ἄλλος
ἀθανάτων, οἳ ἔχουσι κάρη νιφόεντος Ὀλύμπου,
καὶ Διὸς ὄμμα τέλειον· ἐπεί γ' ὅσα γίγνεται ἡμῖν,
Μοῖρά τε καὶ Διὸς οἶδε νόος διὰ παντὸς ἅπαντα.
ἀλλά μοι εὐκταῖαι, μαλακόφρονες, ἠπιόθυμοι, (15)
Ἄτροπε καὶ Λάχεσι, Κλωθώ, μόλετ', εὐπατέρειαι,
ἀέριοι, ἀφανεῖς, ἀμετάτροποι, αἰὲν ἀτειρεῖς,
παντοδότειραι, ἀφαιρέτιδες, θνητοῖσιν ἀνάγκη·
Μοῖραι, ἀκούσατ' ἐμῶν ὁσίων λοιβῶν τε καὶ εὐχῶν,
ἐρχόμεναι μύσταις λυσιπήμονες εὔφρονι βουλῆι. (20)
{Μοιράων τέλος ἔλλαβ' ἀοιδή, ἣν ὕφαν' Ὀρφεύς}
Fumigação: Ervas Aromáticas
Moiras infinitas, prole amável da Noite Negra,
ouvi as minhas preces, Deusas de muitos nomes que habitais
um lago no céu, onde a noite tépida faz irromper a água branca
no mais profundo de uma rochosa gruta, a brilhar nas trevas*.
Daí revoais para a terra infinita dos mortais, (5)
a raça humana tão nobre quanto vã nas esperanças
marchando encobertas em rubros véus pelo
vale da morte, por onde a Glória vos guia o carro enorme
como a terra, para além da justiça, da esperança e das ânsias,
para além da lei primeva e do infinito poder de ordem. (10)
Só a Moira vê a vida por completo, e nenhum outro
imortal que tem a cabeça do nevoento Olimpo,
e o olho perfeito de Zeus. O que nos ocorre,
tanto a Moira quanto a mente de Zeus tudo sabem totalmente.
Eia, vinde a mim em oração, suaves no espírito, gentis no coração! (15)
Inflexível [Átropos] e Distributriz [Láquesis], Fiandeira [Kloto], filhas de bom pai!
aéreas invisíveis, inalteráveis e para sempre indestrutíveis,
doadoras de tudo, arrebatadoras de tudo, inevitáveis aos mortais!
Moiras, ouvi meus votos e libações, vinde aos mistérios
sendo alívio das dores, com benévolos desígnios.(20)
{Chegou ao fim a Canção das Moiras, que Orfeu compôs}
Trad. Rafael Brunhara
* A referência ao lago no céu é obscura. Segundo Lorente (Vida de Pitágoras, Argonáuticas Órficas, Himnos Órficos, Madrid: Gredos, 1987) poderia ser uma referência vaga e imprecisa à Via Láctea.
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