domingo, junho 02, 2019

Simônides Fr. 260 Poltera = 542 PMG

O texto deste poema foi conservado no diálogo Protágoras, de Platão. Nele, Sócrates faz uma paráfrase do poema de Simônides para discutir com seu interlocutor Protágoras o conceito de virtude. É importante observar a recorrência de alguns termos conceituais: a crítica e a reformulação de noções como o "homem de valor" (andr' agathós, ἄνδρ' ἀγαθός), o vil (kakós, κακὸς) e o bom (esthlós, ἐσθλός). Tais conceitos poderiam nos levar a pensar numa antecipação da universo retórico da sofística já em Simônides,entretanto os termos parecem bastante vinculados a uma ética arcaica simposial enraizada em um conceito de justiça que próprio da concepção política do mundo arcaico (ver v.35). Remeto o leitor ao trabalho de Anderson, A Ode a Escopas no Protágoras de Platão (2011) para uma discussão pormenorizada do fragmento à luz do Protágoras. Recentemente, o fragmento também já foi traduzido e comentado por Ragusa (2013).

Se tornar de verdade um homem de valor
é difícil, nas mãos, nos pés e na mente
completo, moldado sem mácula
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[ Faltam 7 versos
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Nem a máxima de Pítaco me soa
bem, embora dita por sábio
homem: “difícil” –dizia – “ser bom”
Só o Deus teria tal mercê, ao homem não
resta senão ser vil (15)
se o abate inelutável conjuntura.
Se bem-sucedido todo homem tem valor,
é vil se fracassa...
Amiúde os] melhores são
quem os Deuses amam. (20)

Por isso não jogarei a vida fora
buscando o impossível, em vã
inútil esperança:
o ser humano impecável entre nós, que da ampla
terra colhemos os frutos, (25)
vos avisarei se encontrá-lo.
E a todos vou louvando e amando,
que adrede não praticam
nada torpe: contra a necessidade
nem os Deuses lutam. (30)

[
[
[Não amo a censura. Basta-me]
um que não seja vil nem tão inábil,
ciente da benéfica justiça da pólis, (35)
um homem são... Eu não vou
censurá-lo. Pois infinita é a raça
dos estultos.
Belo é tudo a que
Não se funde o torpe. (40)

ἄνδρ' ἀγαθὸν μὲν ἀλαθέως γενέσθαι
χαλεπὸν χερσίν τε καὶ ποσὶ καὶ νόῳ
τετ'ράγωνον ἄνευ ψόγου τετυγ'μένον·
[
[
[ vacant 7 ll.
[
[
[


⸏[
οὐδέ μοι ἐμμελέως τὸ Πιττάκειον
νέμεται, καίτοι σοφοῦ παρὰ φωτὸς εἰ-
ρημένον· χαλεπὸν φάτ' ἐσθλὸν ἔμμεναι.
θεὸς ἂν μόνος τοῦτ' ἔχοι γέρας, ἄνδρα δ' οὐκ
ἔστι μὴ οὐ κακὸν ἔμμεναι, (15)
ὃν ἀμήχανος συμφορὰ καθέληι·
πράξας γὰρ εὖ πᾶς ἀνὴρ ἀγαθός,
κακὸς δ' εἰ κακῶς < -- >
ἐπὶ πλεῖστον δὲ καὶ] ἄριστοί εἰσιν
⸏οὓς ἂν οἱ θεοὶ φιλῶσιν. (20)

τοὔνεκεν οὔ ποτ' ἐγὼ τὸ μὴ γενέσθαι
δυνατὸν διζήμενος κενεὰν ἐς ἄ-
π'ρακτον ἐλπίδα μοῖραν αἰῶνος βαλέω·
πανάμωμον ἄνθρωπον, εὐρυεδέος ὅσοι
καρπὸν αἰνύμεθα χθονός, (25)
ἐπὶ δ' ὑμὶν εὑρὼν ἀπαγγελέω.
πάντας δ' ἐπαίνημι καὶ φιλέω,
ἑκὼν ὅστις ἔρδηι
μηδὲν αἰσχρόν· ἀνάγκᾳ δ'
οὐδὲ θεοὶ μάχονται. (30)
[
[
[οὐκ εἰμὶ φιλόψογος, ἐπεὶ ἔμοιγε ἐξαρκεῖ]
ὃς ἂν μὴ κακὸς ἦι μηδ' ἄγαν ἀπάλαμνος εἰ-
δώς γ' ὀνασίπολιν δίκαν,(35)
ὑγιὴς ἀνήρ· οὐ < u ->; ἐγὼ
μωμήσομαι· τῶν γὰρ ἀλιθίων
ἀπείρων γενέθλα.
πάντα τοι καλά, τοῖσίν τ'
αἰσχρὰ μὴ μέμεικται. (40)

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