sábado, outubro 13, 2012

Píndaro: 1ºOde Olímpica - A Hierão de Siracusa, Vencedor na Corrida de Carros (Tradução de Jacyntho Lins Brandão)

Excelente a água, e o
ouro inflamado fogo
enquanto esplende
na noite, superior a soberba riqueza.
Se vitórias ressoar
desejas, meu coração,
não mires, além do sol,
de dia, outro mais quente
e brilhante astro, no
céu deserto,
nem disputa melhor que as de
Olímpia proclamaremos.
Daí o famoso hino se ornamenta
com o engenho dos sábios, para celebrar
o filho de Crono vindos ao opulento
e feliz lar de Hierão,


que detém o justo
cetro na frutífera
Sicília, colhendo
o ápice de todas as virtudes.
E gloria-se também
com as primícias dos cantos
com que nos recreamos,
varões amiúde em torno da mesa amiga.
Mas a dória li-
ra do gancho
toma! Se, em algo, de Pisa
e de Ferênico a graça
subjugou-te o intelecto com dulcíssimas reflexões,
quando, junto do Alfeu, lançou o corpo,
não esporeado, no estádio apresentando-se,
e à vitória uniu seu dono,


de Siracusa o cavalei-
ro rei. Brilha-lhe a glória
na insigne co-
lônia do lídio Pelops.
Dele o poderoso sa-
cudidor da terra enamorou-se,
Posseidon, desde que a ele, da pura ba-
cia, retirou Cloto,
com marfim a brilhante espádua adornada.
Ah! muitas as maravilhas. E
talvez dos mortais
a fala ultrapasse o verdadeiro discurso:
entrelaçados com mentiras coloridas
enganam os mitos.


A Graça, que tudo cons-
trói de doce para os mortais,
trazendo hon-
ra, também o incrível maquina crível
ser muitas vezes.
Mas os dias vindouros
testemunhas sapientíssimas.
É ao varão conveniente dizer,
sobre deuses, belezas: me-
nor pois a culpa.
Filho de Tântalo! de ti, ao contrá-
rio dos predecessores, falarei:
quando convidou teu pai para a corretíssima
festa e para a amável Sípilo,
em retribuição aos deuses banquete oferecendo,
então o de brilhante tridente raptou-te,


domado no âmago pelo desejo,
e em áureos cavalos
para a altíssima mora-
da do honradíssimo Zeus te transportou.
Para aí, em tempo posterior,
foi também Ganimedes
com Zeus, para a mesma finalidade.
Como desaparecido estavas, nem
à mãe, procurando muito,
pessoa te trouxesse,
contou logo em segredo
algum dos invejosos vizinhos
que, em água, em fogo fervendo no máximo,
com faca te deceparam membro a membro
e à mesa, por fim, as carnes
tuas repartiram e comeram.


A mim impossível gulo-
so um bem-aventurado dizer. Abstenho-me.
Danos cabem amiúde aos caluniadores.
E se de fato algum varão
mortal os guardiães do Olimpo
honraram, este era Tântalo. Mas
então digerir
a grande ventura não pô-
de. Pela insolência recebeu
pena prepotente. Por sobre
ele o pai sus-
pendeu pesada pedra, sobre ele próprio,
a qual sempre desejando da cabeça afastar
distancia-se da alegria.


E leva esta vida sem
remédio, tortura incessante,
com três, quar-
to suplício, porque dos imortais roubando,
para os convivas da mesma idade,
néctar e ambrosia
deu, com que imperecível
o fizeram. E se a deus algum varão
espera ocultar o que
faz, erra.
Por isso devolveram seu filho
os imortais de volta,
para a efêmera raça dos varões, de novo.
Na flor da idade, quando
penugens o negro queixo lhe cobriam,
projetou o casamento preparado


em Pisa: junto do pai a i-
lustre Hipodâmia
obter. Perto che-
gando do branco mar, sozinho na escuridão,
invocou o tonitroante
Tridentino. E este a ele
bem junto dos pés apareceu.
A ele disse: "Dons amáveis
da Cípria trago. Se algo, Posei-
don, em graça
lhe cai, imobiliza a lança
brônzea de Enômao,
e a mim, sobre o mais veloz dos carros, transporta
à Élida, e à vitória conduz.
Após três e mais dez varões ter matado,
pretendentes, difere o casamento

da filha. O grande pe-
rigo débil homem não toma.
Mas morrer para eles inevitá-
vel. Por que alguém, anônima
velhice na sombra le-
vando, se consumiria em vão,
de todo belo privado? Mas para mim
é que esta disputa
será proposta. Tu o resulta-
do querido dá."
Assim falou; não em
vão aplicou-se
às palavras. A ele honrando, o deus
deu um carro áureo e ala-
dos infatigáveis cavalos.


Conquistou o forte Enômao
e a virgem por esposa.
Gerou príncipes
seis filhos zelosos das virtudes.
E agora com cruentas libações
magníficas está envolto
perto do Alfeu jazendo,
em túmulo freqüentado jun-
to do mais visitado, pelos estrangeiros, dos alta-
res. E a glória
de longe brilha das O-
limpíadas, no estádio
de Pelops, onde a velocidade dos pés se disputa
e o ápice da força persistente.
O vencedor, pelo resto da vida,
tem doce serenidade


por causa das vitórias. A sem-
pre diária excelência
suprema vem
para todos os mortais. Eu coroar
aquele com eqüestre modo,
em eólio canto,
é preciso. Mas sei um estrangeiro
por igual do belo
conhecedor e também em força
mais poderoso
dentre os de agora não haverem de ador-
nar com as gloriosas pregas dos hinos.
Um deus que é protetor com tuas coisas preocupa-se,
tendo este cuidado, Hierão,
com tuas inquietações. E se logo não te deixa,
ainda mais doce esperaria,


com o carro veloz, glo-
riar-te, achando corrente via de discurso,
indo junto da lumi-
nosa colina de Cronos. A mim pois
a Musa valorosíssi-
ma flecha, em auxílio, provê:
para uns, outros grandes - o su-
premo eleva-se
para reis. Jamais in-
vestigues além.
E a ti o cimo nes-
te tempo calcar,
e a mim assim com vencedores
estar, famoso pela sabedoria entre os he-
lenos sendo em tudo.


Fonte: http://web.archive.org/web/20091027010736/http://br.geocities.com/bibliotecaclassica/textos/pindaro.htm

Um comentário:

AnaLu disse...

Prezados,

Gostaria de saber como posso conseguir as Odes de Píndaro referentes ao mito de Medea e aos Argonaustas. Meu contato: analu@ciamacultural.com.br

Desde já agradeço e parabenizo pelo saboroso blog de vocês.
AnaLu Palma