V (29)
Bebe-se num simpósio em homenagem a um rapaz de nome Diócles, cuja excessiva beleza merece ser brindada com vinho extremamente forte, sem mistura com água, que aqui é personificada pela figura do Deus-Rio Aquelôo.
Ἔγχει καὶ πάλιν εἰπὲ ‘Διοκλέος’· οὐδ' Ἀχελῷος
κείνου τῶν ἱερῶν αἰσθάνεται κυάθων.
καλὸς ὁ παῖς, Ἀχελῷε, λίην καλός, εἰ δέ τις οὐχί
φησίν – ἐπισταίμην μοῦνος ἐγὼ τὰ καλά.
Verte [o vinho] e diz outra vez: “Por Diócles!”; Aquelôo
não conhece as taças consagradas a ele.
O rapaz é belo, Aquelôo, belo demais; Se alguém
discorda, que apenas eu saiba o que é belo!
XIII (43)
Narração do comportamento de um homem no simpósio. Os suspiros denunciam que a sua ferida é causada por amor. O poeta, experiente no assunto (“ladrão que conhece os rastros de outro ladrão”), compadece-se do sofrimento e tece seu comentário nos dois versos finais.
Ἕλκος ἔχων ὁ ξεῖνος ἐλάνθανεν· ὡς ἀνιηρόν
πνεῦμα διὰ στηθέων (εἶδες;) ἀνηγάγετο,
τὸ τρίτον ἡνίκ' ἔπινε, τὰ δὲ ῥόδα φυλλοβολεῦντα
τὠνδρὸς ἀπὸ στεφάνων πάντ' ἐγένοντο χαμαί·
ὤπτηται μέγα δή τι· μὰ δαίμονας οὐκ ἀπὸ ῥυσμοῦ
εἰκάζω, φωρὸς δ' ἴχνια φὼρ ἔμαθον.
O hóspede não percebia a ferida que tinha; Que triste,
O suspiro de seu peito (viste?)! Suspirou,
enquanto libava a terceira [taça]. E as rosas, a despetalar
da coroa do homem, caíram todas ao chão.
[O hóspede] está, sim, muito queimado; pelos numes, sem rumo
não o vejo: ladrão sou, e conheço rastros de ladrão.
XVII (37)
Oferenda de certo Menitas, proveniente da cidade cretense de Licto, para o Deus Serápis. Dedica aljava e arco (chamado κέρας, “chifre”, que poderia ser um modo de se referir a um arco composto com este material ou servir simplesmente como metonímia para a própria arma). Assume o tom de uma narração, na qual o ofertante alude à sua atuação durante o combate contra o povo da cidade de Hespérite, situada na Cirenaica.
Ὁ Λύκτιος Μενίτας
τὰ τόξα ταῦτ' ἐπειπὼν
ἔθηκε· “Τῆ, κέρας τοι
δίδωμι καὶ φαρέτρην,
Σάραπι· τοὺς δ' ὀιστοὺς
ἔχουσιν Ἑσπερῖται.”
O Líctio Menitas
este arco dedicou,
tendo dito: Aqui,
dou-te o [meu arco de] chifre e a aljava,
Serápis: mas as flechas,
têm-nas os Hespérites.
XIX (39)
Timodemo, da cidade de Náucratis, oferece a décima parte de seus lucros (provavelmente um objeto, como parece indicar o verbo εἵσατο, “estabelecer, assentar”) a Demeter e à sua filha Perséfone, rrainha dos subterrâneos, cultuada em Pilas (ou Termópilas) em um templo fundado por um rei de nome Acrísio, descendente dos Pelasgos (habitantes antigos e lendários da Grécia).
Δήμητρι τῇ Πυλαίῃ,
τῇ τοῦτον οὑκ Πελασγῶν
Ἀκρίσιος τὸν νηὸν ἐδείματο, ταῦθ' ὁ Ναυκρατίτης
καὶ τῇ κάτω θυγατρί
τὰ δῶρα Τιμόδημος
εἵσατο τῶν κερδέων δεκατεύματα· καὶ γὰρ εὔξαθ' οὕτως
À Deméter Pileia,
aqui Acrisio dos Pelasgos
fundou este templo, e também
à sua ínfera filha;
e Timodemo Naucrátida estas dádivas
apôs, dízimo de seus lucros; pois assim prometera.
Tradução: Rafael Brunhara
Bibliografia
GOW, A.S.F.; PAGE, D.L. (ed.) Greek Anthology: Hellenistic Epigrams. Cambridge: Cambridge University Press, 1965, vol, 1.
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