Agamêmnon
Oimoi! Infeliz! O que dizer? Como começar?
Tombo ao jugo da necessidade!
Embaiu-me um nume, ao revelar-se
muito mais hábil que sofismas meus.
Quão vantajoso ter uma baixa origem:
pode à vontade chorar pelos seus,
pode dizer quaisquer coisas. Ao nobre,
isso é desventura; anteposto à vida,
o povo: somos servos da multidão.
É vergonha verter lágrimas,
Mas outra mísera vergonha não vertê-las
ao se chegar a uma situação extrema!
Eia! E o que dizer à minha esposa ?
Como acolhê-la? Com que olhos a fitarei?
Ela sobrevém sem chamado à presença de meus males:
assim destruiu-me. Mas também seguira a filha
com razão – para noivá-la e dar-lhe os mais amáveis
dons – aonde me encontrará brutal.
E da mísera donzela, (por que dizer donzela?
Creio que em breve será noiva de Hades)
como apiedo-me! Penso que me suplicará assim:
“Pai! Vais me matar? Ah, me casasse o senhor
em tais núpcias e também um que lhe fosse amigo!
E Orestes presente ao lado clamará
ininteligível inteligíveis palavras: ainda é uma criança.
Aîai, como destruíram-me as núpcias de Helena!
Páris de Príamo, ao casar-se, empreendeu tais coisas!
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