sexta-feira, agosto 28, 2015

Antologia Palatina 11.400-401 - Luciano

400
Sê propícia, vital Gramática! Da fome
achaste a cura: "Canta a ira, ó deusa".
Dever-se-ia erguer belo templo para ti,
 altares teus jamais sem sacrifícios.
"Repletas de ti as trilhas, Repleto o mar,
portos."* a todos tu acolhes, Gramática! "

[Trad. Rafael Brunhara]

401
Um médico mandou-me o filho p'ra aprender
 comigo algumas lições de gramática
Mas quando leu "A ira canta" e "mil dores causou",
e em seguida o terceiro verso,
"Muitas valentes almas lançou no Hades"  
O pai não mais mandou o filho às aulas.
Quando me viu, falou:"Obrigado, amigo!
Essas coisas, o menino pode aprender comigo,
pois eu também muitas almas lanço no Hades,
e para isso não preciso de gramático!"

[Trad. Rafael Brunhara]

* Remete a Arato, Fenômenos, v.2-4: "Repletas de Zeus  todos os caminhos/ repletos os mercados humanos, repleto o mar,/portos..."


quinta-feira, agosto 27, 2015

A Folha de Ouro de Hipônion

Nota Liminar

A folha de ouro de Hipônion (Vibo-Valência) é um dos textos mais antigos a revelar elementos da religião e literatura órfica. Datado de 400 a.C., o texto, muito deteriorado,contém instruções aos mortos para o caminho além-vida. Para esta tradução, uso a edição de Miroslav Marcovich, "The Golden Leaf of Hipponion" publicado na Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik, 23, pp.221-224 (1976).




Eis a folha da Rememoração para o dia em que morrermos.

No palácio de Hades, quando lá chegares,
Encontrarás uma fonte de água escura à tua direita,
E ao lado dela, erguido, um cipreste branco.
Ali as almas dos mortos, quando descem, se refrescam.
Não chegues perto desta fonte!
Água fresca adiante encontrarás, jorrando
Do lago da Rememoração. No alto há guardiões
Que te perguntarão, com discernimento no espírito,
O que procuras na escuridão do Hades funesto.
Diz: “ sou filho da Terra pesada e do Céu constelado;
Mas estou morrendo, seco de sede. Então, dá-me logo
A água fresca que jorra do lago da Rememoração...”
E eles se compadecerão de ti, em nome Rainha subterrânea,
E te darão de beber desse lago da Rememoração;
E aí percorrerás longa estrada sagrada que também
Outros Bacos [Bácchoi] e Iniciados [mýstai] trilharam, gloriosos...

[Trad. Rafael Brunhara]

sábado, agosto 22, 2015

Antologia Palatina 5.158: Asclepíades de Samos

Com a sedutora Hermíone eu brincava um dia;
ela vestia cinto de variegadas flores, ó Afrodite,
com uma inscrição em letras de ouro por todo ele:
"Ama-me e não te atormentes se eu ficar com outro"

[Tradução: Rafael Brunhara]

Antologia Palatina 11, 312 - Lucílio

Embora ninguém tenha morrido aqui, viandante,
Marcos, o poeta, construiu um túmulo,
escreveu e gravou nesta pedra o epigrama de um verso:
"Chorai por Máximo de Éfeso, que viveu doze anos"
Eu nunca vi nenhum Máximo, mas para a exibição
do poeta, digo: "chorai, viandantes!"

[Trad. Rafael Brunhara]