casta suo gladium cum traderet Arria Paeto,
quem de uisceribus strinxerat ipsa suis,
'si qua fides, uulnus quod feci non dolet,' inquit,
'sed tu quod facies, hoc mihi, Paete, dolet.'
Quando Árria*,casta, entregou ao seu Peto o gládio
que ela mesma arrancara das entranhas,
"se crês" - diz - "a ferida que me fiz não dói;
mas a que farás em ti, Peto, dói-me."
[Tradução: Rafael Brunhara]
quem de uisceribus strinxerat ipsa suis,
'si qua fides, uulnus quod feci non dolet,' inquit,
'sed tu quod facies, hoc mihi, Paete, dolet.'
Quando Árria*,casta, entregou ao seu Peto o gládio
que ela mesma arrancara das entranhas,
"se crês" - diz - "a ferida que me fiz não dói;
mas a que farás em ti, Peto, dói-me."
[Tradução: Rafael Brunhara]
* Árria, famosa personagem da cultura romana, celebrizada pela expressão "Non dolet, Paeto!" ("Não dói, Peto!"). Esposa do cônsul romano Cecina Peto, Árria viu o marido ser condenado ao suicídio após uma malograda conspiração contra o imperador Cláudio (41-54 d.C). Contudo, no último momento, o marido hesita em matar-se, e a própria Árria toma-lhe a adaga das mãos, crava-a em seu próprio peito e devolve-a ao marido, dizendo a famosa frase. Se na versão da história tal qual a encontramos na obra de Plínio o Jovem (III.16) a atitude de Árria é quase uma exortação para Peto agir como um homem, no poema de Marcial encontramos uma representação que parece antes realçar a concordância e o carinho entre um casal.