Se alguém, com pés turbinados, colhesse os louros de Nike,
ou no pentatlo, onde se localiza o templo de Zeus
à beira-Pisa, rio olímpio, ou na luta,
ou na estressante peleja de boxe,
ou na selvagem disputa denominada pancrácio,
cairia nas graças da coletividade,
assinalado por todos na tribuna de honra,
levando alimento às custas do erário,
e o regalo do prêmio, verdadeiro tesouro.
Mesmo no hipismo, receberia o acima descrito,
sem o merecer como eu: músculos e eqüinos,
a força bruta, ficam aquém da minha filosofia!
Esse hábito extrapola o razoável! É justo
optar pela força em detrimento da boa sabedoria?
Um representante do povo campeão de boxe,
ás no pentatlo, ouro na pugna,
expedito na pista (modalidade mais honrosa que o uso
da força nos jogos), não garante à pólis um norte.
Fugaz sera o prazer da cidade
se um filho seu ganhasse na fímbria do Pisa.
Isso não sobe os silos da pólis.
Trajano Vieira
VIEIRA, T. Xenofanias - releitura de Xenófanes. Campinas: Editora da Unicamp; São Paulo: Imprensa oficial do Estado de São Paulo. 2006
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