Soprando a ré o Vento Norte, o barco
andou veloz; quando saltou o herói,
assustaram-se os jovens atenienses
e dos olhos de lírio
verteram lágrimas ao meditar
nos tristes fatos que por força ocorrem.
Mas o povo marinho dos delfins
levou Teseu, de pressa,
para a morada de seu pai, o deus
a que são consagrados os cavalos;
lá chegando, ele viu, amedrontado,
as filhas de Nereu,
cujos membros esplêndidos radiavam
como um clarão de fogo; nos cabelos
mostravam fitas de ouro, e compraziam-nas
ágeis pés a dançar.
Viu também Anfitrite de olhos grandes,
a majestosa esposa de seu pai,
naquela doce casa: e ela vestiu-o
de linho cor de púrpura,
e nos cabelos densos pôs-lhe a bela
coroa que ao casar-se recebera
da enganadora deusa, de Afrodite
que as roupas engrinaldam.
Nada que os deuses possam consumar
excede a crença do homem de bom juízo:
Teseu surgiu ao lado do navio
de delicada popa.
Como ficou perplexo o chefe cnósio,
vendo-o emergir enxuto dos abismos,
maravilhando todos a ostentar
as dádivas divinas!
Bradaram de alegria nova as Moças
de trono refulgente, e o mar clamou
quando os jovens com doce voz entoaram
um peã de gratidão.
Tradução: Péricles Eugênio da Silva Ramos
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