Igual aos Deuses me parece aquele
Que defronte de ti se assenta, e te ouve
De perto docemente conversando,
Docemente sorrindo.
Isto no peito o coração me assombra,
Que depois que te eu vi, jamais me veio
Voz alguma à garganta, antes quebrada
A língua se entorpece,
Eis já de veia em veia sutil fogo
Lavrando vai: c'os olhos nada vejo;
E sinto de contínuo em meus ouvidos
um túrbido zumbido.
Geladas bagas por meu corpo correm,
Um frígido tremor me toma toda;
O rosto amarelece (*), e quase morta
Nem respirar já posso.
(*) Nota do tradutor: O texto diz: "Estou mais verde que a erva"; mas esta imagem por muito vulgar não sairia bem em nossa língua; como já notou o douto tradutor português de Longino, pelo que lhe substituímos o rosto amarelece, lembrando-nos da Eglóga X, dos Segadores de Ferreira, que nos diz na altepenúltima oitava: "A mão te treme, o rosto amarelece,"
2 comentários:
Mas que porcaria de alternativa ao "Estou mais verde que a erva"! Hoje (pois tolera-se que o Elpino é um tradutor do séc. XIX, de outra mentalidade) o nosso esforço está em se aproximar do poeta original e suas convenções e reconstruções de sentido, não de adaptá-lo à nossa resposta mais pronta.
No original diz, literalmente:
Estou mais pálida do que a erva seca.
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