Fragmento 45
[Papiro de
Oxirrinco 1233, fr.3 8-15, 9.9, 18 +2166 (b) 2]
Ó Hebro, dos
rios o mais belo junto ao Eno,
[deságuas
no] purpúreo mar
surgindo
em terra trá[cia]...
...cav[alos]?
...
e muitas
virgens te visitam
...as coxas, com mãos tenras,
]a encantadas
por ti, qual bálsamo
tua
di[vi]na água
[Escoliasta a Teócrito
7, v.112]
Alceu
diz que o Hebro é o mais belo dos rios, que ele se precipita pela Trácia saindo
do Monte Ródope e deságua na cidade de Eno.
* O poema é um hino ao rio Hebro, atual Maritza. O rio corria pela Trácia e desembocava na cidade de Eno (atual Enez, na Turquia). Era uma colônia de Mitilene no séc. VI a.C. As menções ao rio Hebro e à Trácia sugerem que o poema poderia se desenvolver como uma narração do mito de Orfeu - figura arquetípica e fundadora da poesia - cuja cabeça decepada foi lançada ao rio e foi dar em Lesbos. Cabe registrar o erotismo presente na segunda estrofe, potencializado pela linguagem extremamente gráfica das jovens meninas que se banham e deixam-se acariciar pelo fluir das águas do Hebro - suaves e embelezadoras como um bálsamo.
[Papiro de Oxirrinco 1233, fr.32, 2-7]
Pela
tão s[ofrida cabeça verte unguento
e
pelo gri[salho peito]...
que
eles bebam, os males[ (deuses?)
deram,
e com outr[os]
h]om[e]ns,
mas aquele que não...
...
dizes perec[er]
[Plutarco, Questões Conviviais, 647e, iii..3]
Alceu testemunha (sc. de que se untava o peito com
unguento) ao exortar derramar unguento pela tão sofrida cabeça e pelo grisalho
peito.
Fragmento 58*
Papiro de Berlim
9810, séc. II d.C (publicado por Schubart e Wilamowitz em 1907)
],
morrer[
]...nas
casas
...
r]eceber
]...nem...
...
]n
a concha na enorme ânfora
]esforçado,
me entendas nisto...
]...de
outro modo
]...ébrio
tu cantes[
]poupamos
o mar, oh sk...ron[
]...frio
da manhã...levantamo-nos(?)[
]...o
mais rápido...[
]...em
remos[?] pegamos...[
]...às
paredes[?]
]...e
mais alegres
]...com
propício coração[
]o
trabalho seria beber de um só trago[
]...as
mãos...longe de minhas roupas
...
]...coloca...
]...a
canção...
]vamos!
Para mim isto[
]
ateia(?) enorme fogo
]colocas...
* O sentido exato do poema se perdeu. É possível que fosse uma exortação
a deixar o combate e tomar parte de uma navegação ou de um combate naval. Parece exortar a beber "de um só trago", i.é, sem interrupção - prática comum entre os bárbaros trácios.
Fragmento 352*
Ateneu, Banquete dos Eruditos, I 22 e-f
Bebamos,
pois o astro faz sua volta.
* O astro é Sírio, maior estrela da Constelação de Cão Maior. No verão (geralmente entre meados de julho e de agosto) o sol nascia e se punha simultaneamente com Sírio e tinha-se a Canícula ("dias de cão") - os dias mais quentes do ano. Para combatê-la, Alceu exorta ao vinho.