"Coma de Berenice" - Ambrogio Borghi (1878) |
Todo o território do estelário viu nos traços por onde vão [os astros]...
...
mirou-me Cônon no céu trança
de Berenice que ela aos deuses todos dedicou
...
[noturno signo do certame]
[magnânimo]
por tua cabeça jurei, por tua vida
prole em prata de Teia [1] sobreleva-se,
grosso aguilhão de Arsínoe tua mãe, Atos,
por ele fenderam funestas naus dos Medos [2].
Ó cabelos, que faremos, quando montes tais ao ferro
cedem? Dos Cálibes [3] prouvera pereça a raça;
a planta ruim, a brotar da terra, a revelaram (50)
primeiro, e dos martelos ensinaram o ofício.
assim que fui cortada tranças irmãs saudosas me choravam
e de súbito o irmão de Mêmnon Etíope [4]
lançou-se turbilhonando ligeiras asas femíneo vento
corcel de Lócria Arsínoe em purpúreo jugo (55)
em sopro pelo ar úmido levou-me
no seio de Cípris pôs-me
a própria Zefirítide [5] para este fim
....da praia de Canopo habitante.
para que da noiva minoica (60) [6]
...aos homens não sozinha
luzisse no enorme [estelário] conto-me
também eu a bela coma de Berenice.
nas águas me banho aos imortais me elevo [7]
Cípris entre astros prístinos nova estrela pôs-me. (65)
à frente dirigind...outonal...ao Oceano
[...]não te enfureças[...] de Ramnúsia ninguém refreará [8]
boi o verbo...............(?).........(passo?)
....(?)......audaz...os outros astros
...
isso não me traz tanto prazer quanto a dor
que por aquela cabeça eu choro não mais tocá-la
que desde ainda virgem muitos bebera
frugais perfumes, sem fruir os de mulheres...[9]
Tradução: Rafael Brunhara
Πάντα τὸν ἐν γραμμαῖσιν ἰδὼν ὅρον ᾗ τε φέρονται
...
η με Κόνων ἔβλεψεν ἐν ἠέρι τὸν Βερενίκης
βόστρυχον ὃν κείνη πᾶσιν ἔθηκε θεοῖς
[σύμβολον ἐννυχίης...ἀεθλοσύνης?]
[μεγάθυμον?]
σήν τε κάρην ὤμοσα σόν τε βίον
ἀμνά]μ̣ω̣[ν Θείης ἀργὸς ὑ]π̣ε̣ρ̣φέ̣[ρ]ε̣τ̣[αι,
βουπόρος Ἀρσινόη̣⌊ς μ⌋ητρὸς σέο, καὶ διὰ μέ̣[σσου
Μηδείων ὀλοαὶ νῆες ἔβησαν Ἄθω.
τί πλόκαμοι ῥέξωμεν, ὅτ' οὔρεα τοῖα σιδή[ρῳ
εἴκουσιν; Χαλύβων ὡς ἀπόλοιτο γένος,
γειόθεν ἀντέλλοντα, κακὸν φυτόν, οἵ μιν ἔφ⌊ηναν (50)
πρῶτοι καὶ τυπίδων ἔφρασαν ἐργασίην.
ἄρτι [ν]εότμητόν με κόμαι ποθέεσκον ἀδε[λφεαί,
καὶ πρόκατε γνωτὸς Μέμνονος Αἰθίοπος
ἵετο κυκλώσας βαλιὰ πτερὰ θῆλυς ἀήτης,
ἵ̣ππ̣ο[ς] ἰοζώνου Λοκρίδος Ἀρσινόης, (55)
.[.]ασε̣ δὲ πνοιῇ μ̣ε, δι' ἠέρα δ' ὑγρὸν ἐνείκας
Κύπρ]ιδος εἰς κόλ⌊πους ἔθηκε
αὐτή⌋ μιν Ζεφυρῖτις ἐπὶ χρέο[ς
....Κ]ανωπίτου ναιέτις α[ἰγιαλοῦ.
ὄφρα δὲ] μὴ νύμφης Μινωίδος ο[ (60)
.....]ος ἀνθρώποις μοῦνον ἐπι.[ ,
φάες]ι̣ν ἐν πολέεσσιν ἀρίθμιος ἀλλ̣[ὰ γένωμαι
καὶ Βερ]ενίκειος καλὸς ἐγὼ πλόκαμ[ος,
ὕδασι] λ̣ουόμενόν με παρ' ἀθα̣[νάτους ἀνιόντα
Κύπρι]σ̣ ἐν ἀρχαίοις ἄστρον [ἔθηκε νέον. (65)
]
]
⌊πρόσθε μὲν ἐρχομεν.. μ̣ε̣τ̣οπωρ̣ι̣ν̣ὸν⌋ Ὠκ]ε̣α̣νό̣ν̣δε
].ο[
ἀ]λ̣λ' εἰ κα̣[ι ].....ν
].. ιτη[
μὴ ]κ̣οτέσῃ[ς, Ῥαμνουσιάς· οὔτ]ι̣ς ἐρύξει
βοῦς ἔπος⌋ ]η...[ ].[ ].βη
].[.]ε̣λε̣.[ ].θράσος ἀ[στ]έρες ἄλλοι
]ν̣δινειε.[ ]ο̣σ̣οσο[.]τ̣εκ.[.]ω·
110.75
οὐ⌋ τάδ⌊ε⌋ μοι τοσσήνδε̣ φ⌊έ⌋ρ̣ε̣ι̣ χάρι̣ν̣ ὅσ̣[σο]ν ἐκείνης
ἀ]σχάλλω κορυφῆς οὐκέ̣τ̣ι̣ θιξό̣μεν[ος,
ἧς ἄπο, παρ[θ]ενίη μὲν ὅτ' ἦν ἔτι, πολλ⌊ὰ πέ⌋πωκα
λι⌊τ⌋ά, γυναικείων δ' οὐκ ἀπέλαυσα μύρων.
*Berenice, esposa do rei Ptolomeu III, como professa o costume, dedicara à Afrodite uma trança de seu cabelo pelo retorno bem-sucedido do marido de sua campanha na Ásia. Mas a trança desaparece misteriosamente, e Cônon,astrônomo da corte, a reconhece nos céus, como uma das constelações vizinhas à Ursa Maior. A lenda diz que Afrodite, Cípris, teria ficado tão encantada com a trança que a levara para si até os céus. O "Eu Lírico" do poema são os próprios cabelos de Berenice, recém-cortados.
[1] Bóreas, descendente da titânide Teia;
[2] Referência ao Monte Atos, no litoral norte do Egeu, na Calcídica; o "grosso espeto" é metáfora para os picos deste monte, atravessado pelos Persas para levar guerra aos gregos. A violência do ferro que provoca guerras é a mesma que corta os cabelos da rainha.
[3] Os Cálibes habitavam as proximidades do rio Termodonte e eram povo dedicado à metalurgia do ferro.
[4] É o vento Zéfiro, filho da Aurora, meio-irmão de Mêmnon, vento brando.
[5] A rainha do egito Arsínoe, divinizada como Afrodite Zefirítide.
[6] Noiva minoica refere-se à Coroa Boreal, constelação associada à Ariadne, filha de Minos. É a "noiva minoica" de Dioniso, que atirou sua coroa aos céus e fixou uma constelação para se provar um Deus à Ariadne e assim conquistá-la em casamento.
[7] Os astros se banham no mar antes de subir aos céus. Referência ao movimento das estrelas e constelações na alternância do dia e da noite.
[8] Ramnúsia é Nemêsis, deusa da vingança. De resto, a referência é totalmente obscura, devido à sua fragmentariedade.
[9] Os cabelos proclamam sua afeição à Berenice: lamentam tornar-se constelação, e não poderem se banhar nos perfumes próprios das mulheres casadas. Há uma distinção entre os perfumes frugais das solteiras e os que são desfrutados por mulheres casadas.
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