Guilherme de Almeida
Eros, invicto na batalha,
Eros, que à tua presa escravizas;
tu, que nas faces delicadas
da virgem estás à espreita
e vogas sobre o mar e pelas agrestes choupanas:
de ti nem o divino eterno se liberta
nem o efêmero humano; o que te possui desvaira.
Tu, que aos justos tornas injustos,
enlouqueces e levas à ruina;
tu, que também esta contenda
entre homens - pai e filho - armaste!
Mas triunfa fulgindo entre os cílios e úmido olhar da amável
noiva, como que sob o comando das fortes
leis. Sem lutar, brinca conosco a divina Afrodite.
Trajano Vieira
Há rusga em que Eros se frustre?
Eros, enreda-reses,
anoiteces à face flébil da núbil,
ocupas, transmarino,
o casebre campesino.
Imortal não há,
tampouco homem -- ser-de-um-dia --
imune ao teu desvario.
Incriminas quem tem discrímen,
quando enublas teu caminho.
Suscitas discordância consanguínea.
Mas hímeros -- querer que cintila
entre os cílios belos da virgem --
triunfa,
voz que avulta em concílios que legislam.
Não há quem resista a Afrodite,
deusa que brinca.
Fontes
VIEIRA, T. (org.) Três Tragédias Gregas. São Paulo: Perspectiva. 2003
VIEIRA, T. (trad.) Antígone de Sófocles. São Paulo: Perspectiva. 2009.
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