Não aceitava Cratesicleia
que as pessoas a vissem chorar e lamentar-se;
e caminhava majestosa e taciturna.
Seu rosto imperturbável nada demonstrava
de sua mágoa e de seu tormento.
Mas, seja como for, por um momento não aguentou;
e antes de embarcar no infortunado navio a fim de ir para Alexandria,
levou seu filho ao templo de Poseidon
e quando se encontram sós, ela o abraçou
e começou a beijá-lo, a ele "dilacerado de dor", diz
Plutarco, "e profundamente perturbado".
Contudo, sua índole forte relutou;
e, reanimada, a admirável mulher
disse a Clêomenes: "Vamos! ó rei
dos lacedemônios, para que, quando sairmos,
ninguém nos possa ver chorar
nem fazer algo indigno
de Esparta. Com efeito, isso apenas depende de nós;
os destinos apresentam-se como a divindade permite".
E embarcou no navio, indo em direção a essa "permissão".
Konstantinos Kaváfis (Tradução: Ísis Borges Fonseca)
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