quarta-feira, julho 28, 2010

O que vale a minha vida? No fim (não sei que fim)
Um diz: ganhei trezentos contos,
Outro diz: tive três mil dias de glória,
Outro diz: estive bem com a minha consciência e isso é bastante...
E eu, se lá aparecerem e me perguntarem o que fiz,
Direi: olhei para as cousas e mais nada.
E por isso trago aqui o Universo dentro da algibeira.
E se Deus me perguntar: e o que viste tu nas cousas?
Respondo: apenas as cousas...Tu não puseste lá mais nada.
E Deus, que é da mesma opinião, fará de mim uma nova espécie de santo.

Alberto Caeiro, in: Poemas inconjuntos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oh que saudades de Pessoa quando o lia à beira-mar descansada... ou quando no no acordar domingueiro me deixava ficar, entrelaçada em poesia e paz... Obrigada por me recordares que hoje tenho de voltar à leitura...