terça-feira, setembro 09, 2008

Nuvens, 1360-1377

ESTREPSÍADES:
Ah,eram essas mesmas palavras que ele
dizia lá dentro, afirmando que Simônides é mau
poeta. Eu, embora a custo, apesar de tudo,a princípio
contive-me. Depois mandei-o apanhar ao menos
um galho de mirto e recitar-me alguma
coisa de Ésquilo. E ele logo disse: "Pois
considero Ésquilo o maior poeta barulhento,
incoerente, empolado, criador de palavras
escarpadas..." Pensem então como meu coração
palpitou de raiva! Todavia, depois de engolir
a cólera, eu disse: "Bem, cante alguma coisa
desses modernos, algumas dessas belezas..." E ele
logo cantou uma passagem de Eurípides - livre-nos
Deus - sobre um irmão que violentou a própria
irmã...Não me contive mais, e logo acometi
com muitas palavras más e injuriosas. Daí
então, como era natural, opúnhamos palavra a
palavra. Depois, ele dá um salto, fere-me,
espanca-me, estrangula-me e acaba comigo!

Tradução: Gilda Maria Reale Starzynski. (ARISTÓFANES. As Nuvens. São Paulo: Difel. 1967.)



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