sexta-feira, maio 09, 2008

Sofro, Lídia, do medo do destino.
Qualquer pequena coisa de onde pode
Brotar uma nova ordem em minha vida,
Lídia, me aterra.
Qualquer coisa,qual seja,que transforme
Meu plano curso de existência,embora
Para melhores coisas o transforme,
Por transformar
Odeio, e não o quero. Os Deuses dessem
Que ininterrupta minha vida fosse
Uma planície sem relevos, indo
até o fim.
A glória embora eu nunca haurisse, ou nunca
Amor ou justa stima dessem-me outros,
Basta que a vida seja só a vida
E eu viva.

26-5-1917

Ricardo Reis

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