Eros, Eros, que dos olhos
destilas desejo, a deliciosa volúpia
vertendo nas almas que assaltas,
com teus malefícios a mim nunca te manifestes,
não venhas a mim com desmedida:
nem dos astros nem do fogo mais potente é o raio
que o de Afrodite, arremessado
pelas mãos de Eros, filho de Zeus.
Em vão, em vão, nas margens do Alfeu,
sob os pítios tetos de Febo,
sacrifícios de touros a Hélade acumula,
se Eros, o potente senhor dos humanos,
guarda-chaves do tálamo deleitoso
de Afrodite,não venerarmos,
a ele, que destrói e em toda desgraça lança
os mortais, quando vem.
Também a potrinha
de Ecália, livre do jugo do leito,
donzela e não desposada, levou-a
da casa de Êurito,
como fugitiva náiade ou bacante,
entre sangue, entre fumaças,
em sangrentas núpcias,
a Cípria, para entregá-la ao filho de Alcmena,
ó desventurada união!
Ó de Tebas sagrados
muros! ó boca de Dirce,
poderíeis atestar do advento da Cípria:
aos trovões coruscantes cingidos de fogos,
a mãe de Baco duas vezes nascido
como esposa ela entregou e em sangrento sono
estendeu.
Terrível maravilha, em tudo escorre seu sopro:
tal abelha que ondula nos ares.
Tradução: Joaquim Brasil Fontes in: Eurípides,Sêneca e Racine. Hipólito e Fedra, três tragédias. Iluminuras. 2007.
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