domingo, abril 13, 2008

Horácio, Ode III.1

Odi profanum uolgus et arceo.
Fauete linguis: carmina non prius
audita Musarum sacerdos
uirginibus puerisque canto.

Regum timendorum in proprios greges,
reges in ipsos imperium est Iouis,
clari Giganteo triumpho,
supercilio mouentis.

Est ut uiro uir latius ordinet
arbusta sulcis, hic generosior
descendat in campum petitor,
moribus hic meliorque fama

contendat, illi turba clientium
sit maior: aequa lege Necessitas
sortitur insignis et imos,
omne capax mouet urna nomen.

Destrictus ensis cui super impia
ceruice pendet, non Siculae dapes
dulcem elaboratum saporem,
non auium citharaequecantus

Somnum reducent: somnus agrestium
lenis uirorum non humilis domos
fastidit umbrosamque ripam,
non Zephyris agitata tempe.

Desiderantem quod satis est neque
tumultuosum sollicitat mare,
nec saeuus Arcturi cadentis
impetus aut orientis Haedi,

non uerberatae grandine uineae
fundusque mendax, arbore nunc aquas
culpante, nunc torrentia agros
sidera, nunc hiemes iniquas.

Contracta pisces aequora sentiunt
iactis in altum molibus: huc frequens
caementa demittit redemptor
famulis dominusque terrae

fastidiosus: sed Timor et Minae
scandunt eodem quo dominus, neque
decedit aerata triremi et
post equitem sedet atra Cura.

Quod si dolentem nec Phrygius lapis
nec purpurarum sidere clarior
delenit usus nec Falerna
uitis Achaemeniumque costum,

cur inuidendis postibus et nouo
sublime ritu moliar atrium?
Cur ualle permutem Sabina
diuitias operosiores?



Aborreço o profano vulgo e afasto.
Calai-vos: eu das musas sacerdote
Às virgens, e aos meninos versos canto,
Nunca até agora ouvidos.

Sobre o próprio rebanho os reis tremendos,
Nos mesmos reis tem Jove império,claro
Com giganteo triunfo, que o universo
Com o sobrolho abala.

Disponha um mais árvores à linha
Do que outro: ao campo desça um candidato
com mor nobreza: este mais pretenda
Por costumes, e fama:

Outro tenha mor turba de clientes:
Com lei igual sorteia a fatal morte
Os altos, e os pequenos; a grande urna
Revolve os nomes todos.

A quem sobre a cerviz ímpia a espada
Nua pende, nem siculos banquetes
Darão doce sabor, nem cantos de ave,
Ou doce lira trará sono.

O sono brando dos agrestes homens
Os humildes alvergues não desdenha,
Nem as umbrosas ribas, nem os Tempes
Dos Zéfiros movidos.

A quem deseja quanto lhe é bastante,
Nem o revolto mar lhe dá cuidado,
Nem seva força do cadente Arturo,
Ou do nascente Capro:

Nem do granizo as vinhas açoitadas,
Ou mendaz a terra, a árvore culpando
Ora água, ora astros, que as campinas torram,
Ou iníquios invernos.

Com os molhos lançados no alto pego
O peixe sente os mares estreitados:
Aqui contino com os serventes lança
Cimentos o empreiteiro,

E da terra o senhor enfastiado:
Mas sobe o medo, e as ameaças, onde
O dono: nem da brônzea nau se arreda,
Com cavaleiros de ancas

Monta o escuro cuidado: se ao doente
Nem frígio jaspe abranda, nem a púrpura,
Mais que os astros brilhante, nem falerna
Vide, ou aquimênio nardo;

Por que alçarei com pórticos, que invejem,
E por um novo estilo, átrio sublime?
Por que o sabino vale por riqueza
Trocarei mais penosas?


Tradução: Elpino Duriense in: Obras completas de Horácio.São Paulo: Edições Cultura. 1941.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá! Bom, Horácio é o que há... rs Já arrumei a tradução da Ode 1.11. E "descobri" um poema muito bonito de Propércio. Estou ensaiando uma tradução minha mesmo, já que na Internet só achei traduções em inglês. Quando terminar te aviso. Até mais!