"Dói-me, ó Deuses, que Enéias, grande-coração,veja-se
por obra do Aquileu, prestes a baixar ao Hades,
a Febo-Apolo, o vibralonge, dando ouvidos.
Tolo! Da morte lácrima o Deus não irá
defendê-lo. Inocente, por que deverá,
em vão, padecer por culpa alheia? Ele sempre
doou aos Deuses do vasto céu dádivas gratas.
Vamos, pois, resguardá-lo da morte, senão
Zeus Pai há de irritar-se, no caso de Aquiles
o abater. Manda a Moira que ele escape, a fim
de que, priva de sêmen, não pereça a estirpe
de Dárdano, o rebento que Zeus mais amou
entre os que, de mulheres mortais, lhe nasceram.
À linhagem de Príamo, o Croníade detesta.
Agora sobre os tróicos, Enéias reinará
e os seus filhos, e os filhos nascituros deles."
(Ilíada, XX, 293-307. trad. de Haroldo de Campos).
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