Eternidade:
os morituros te saúdam.
Valeu a pena farejar-te
na traça dos livros
e nos chamados instantes inesquecíveis.
Agônico
em êxtase
em pânico
em paz
o mundo-de-cada-um dilata-se até as lindes
do acabamento perfeito.
Eternidade:
existe a palavra,
deixa-se possuir, na treva tensa.
Incomunicável
o que deciframos de ti
e nem a nós mesmos confessamos.
Teu sorriso não era de fraude
Não cintilas como é costume dos astros.
Não és responsável pelo que bordam em tua corola
Não és responsável pelo que bordam em tua corola
os passageiros da presiganga.
Eternidade,
os morituros te beijaram.
in: A falta que ama (1968)