Tradução de Tadeu Andrade (ANDRADE, T.B.C. A Arte de Aristófanes: estudo poético e tradução d'As Rãs. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FFLCH/USP, 2014)
Hércules: Mas não há por essas bandas uma molecada nova
Escrevendo mil tragédias ou pra mais de dois milhões
E co'a língua cinco vezes mais comprida que a do Eurípides?
Dioniso: São a réstia da moléstia, uma corja de matracas,
Um coral todo de gralhas, que cagou na minha arte!
Uma vez tendo coberto a tragédia com seu mijo
Bem no dia que estrearam, saem fugidos e se escondem!
Nem buscando em todo o canto você acharia um poeta
Fértil que possa entoar um só verso de alta estirpe.
Hércules: E o que "fértil" quer dizer?
Dioniso: Fértil, oras, bem valente,
Que é capaz de recitar um verso que seja assim:
"O Éter, o quintal de Zeus" ou então "pé do Tempo"
Ou que " a mente não queria jurar pelo que é sagrado
Mas a língua fez perjúrio, sem sequer contar à mente".
Hércules: Isso aí é o que te agrada?
Dioniso: Isso me leva à loucura!
Hércules: Mas vai ter que admitir que é uma bela de uma bosta.
Tradução de Trajano Vieira (VIEIRA, T. As Rãs. São Paulo: Cosac&Naify, 2014):
HÉRACLES Quer dizer que acabou a penca de janotas
escriturários de tragédia aos borbotões,
falantes pelos cotovelos mais que Eurípides?
DIONISO São uns uvoides, bons só no gogó, a musa
de quem corrompe a técnica é o papagaio.
Desaparecem ao paparem um só coro,
tendo urinado na tragédia uma vez.
Mas se o que buscas é um poeta original,
capaz de renovar a elocução, esquece!
HÉRACLES Original em que sentido?
DIONISO Que aceita o risco quando configura um verso,
algo do tipo: "Puxadinho do Cronida:
Éter!", senão: "o pé do Tempo". Eis outro exemplo:
"a mente recusando a jura sobre as vítimas,
perjura a língua que independe de sua mente"
HÉRACLES Caramba! Gostas dessa baboseira?
DIONISO Só de escutá-la, piro.
HÉRACLES Mas sabe que não passa de um efeito pífio.
Tradução de Junito Brandão (BRANDÃO, J. Teatro Grego. Eurípides, Aristófanes. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1986)
HÉRACLES Não há por aqui outros jovens poetas, que compõem tragédias, cujo número excede a dez mil e que são infinitamente mais tagarelas que Eurípides?
BACO Tudo isso é rebotalho, mera tagarelice, música de andorinhas; corruptores da arte, que rapidamente se eclipsam, tão logo obtenham um coro, pelo simples prazer de terem mijado na musa trágica. Mas um poeta "inspirado" que nos faça ouvir expressões nobres ainda que o procures, não o encontrarás.
HÉRACLES Inspirado, como?
BACO: Sim, inspirado, como aquele que fosse capaz de inventar expressões atrevidas, do quilate de "Éter, pequenina mansão de Zeus" ou o "pé do tempo", ou ainda "o coração não quer jurar pelas vítimas, mas a língua perjura sem a cumplicidade do coração".
Héracles: Gostas dessas coisas?
BACO: Melhor seria dizer que estou mais do que louco por elas.
HÉRACLES: Em verdade são malabarismos e esta é também a tua opinião.
quarta-feira, outubro 11, 2017
Safo, Fragmento 31 - Tradução de Marcos Müller
Me faz pensar nos deuses o tal
cara que na tua frente sentou
e de pertinho a falares me-
-líflua te escuta
E a sorrires graciosa, socorro,
dispara no peito o coração,
pois mal te olho, guria, que a voz foge
e não mais volta:
Dormente ficou a língua, súbito
um fogo agudo a pele transiu,
os olhos nem vejo nada, os ou-
vidos zunzunem,
Eis que o suor escorre, e me bate
uma tremedeira, desverdeço
qual capim, carente de estar morta
me faço eu mesma.
Mas aguenta firme, embora penes...
cara que na tua frente sentou
e de pertinho a falares me-
-líflua te escuta
E a sorrires graciosa, socorro,
dispara no peito o coração,
pois mal te olho, guria, que a voz foge
e não mais volta:
Dormente ficou a língua, súbito
um fogo agudo a pele transiu,
os olhos nem vejo nada, os ou-
vidos zunzunem,
Eis que o suor escorre, e me bate
uma tremedeira, desverdeço
qual capim, carente de estar morta
me faço eu mesma.
Mas aguenta firme, embora penes...
domingo, outubro 01, 2017
Quinto de Esmirna, Posthomerica, Canto I, vv. 717-766 (A Morte de Tersites) - Trad. Rafael Brunhara
Então os filhos mavórcios de Argivos valorosos
Põem-se a saquear pressurosos sangrentas armas de mortos.
De toda a parte acorriam. Mas o Pelida fundo se doía:
admirava a sedutora força da dama, no pó. (720)
Por isso lhe consumiam o peito agonias funestas
Iguais a antes quando domado Pátroclo seu amigo.
Mas Tersites cara a cara com más palavras vitupera:
“Aquiles de coração horrendo! Que nume te ilude
o ânimo no peito por essa Amazona desgraçada? (725)
Contra nós dois ela ansiava maquinar males terríveis!
No fundo do coração tu és um mulherengo,
pensas nela como esposa prudente, uma noiva
cortejada com presentes, desejoso de casar!
Ela que deveria tê-lo ferido na luta primeiro, com a lança, (730)
já que o tempo todo teu coração delira com fêmeas,
e não interessam mais ao teu destrutivo espírito
feitos gloriosos de virtude, quando vês uma mulher.
Maldito! Onde estão agora tua força e inteligência?
Onde a força daquele rei sem censura? Não sabes (735)
Quanta dor veio aos Troianos por desejar mulheres?
Nada mais terrível para os mortais do que o prazer
de lançar-se ao leito, que faz insensato o homem,
por mais prudente que seja. Só o esforço outorga glória.
Para um lanceiro a glória da vitória e as proezas de Ares (740)
são prazeres, é o covarde quem gosta de leito feminino.”
Falou, vituperando muito. Supercolérico o ânimo
Do animoso Pelida. Súbito, com punho potente
Deu-lhe um soco no queixo; de uma só vez todos
os dentes se espalharam sobre a terra. Ele mesmo (745)
caiu de cabeça; da sua boca o sangue borbotava.
Imediatamente foi-se dos membros a vida frágil
Desse homem insignificante. Alegra-se a tropa:
Vituperava-os demais com brutos impropérios,
Injurioso ser! Era a vergonha dos Dânaos. (750)
Eis a a fala entre os argivos céleres em Ares:
“Não é bom que fracos ultrajem reis, às claras
ou em segredo. Horrenda cólera o encalça.
Há justiça. Das línguas sem pudor, Ate cobra o preço.”
Assim falavam os Dânaos. Mas ainda zangado no ânimo (755)
O animoso Pelida tal palavra proferiu:
“Jaz no pó agora, olvidado de teus desatinos.
Não cabe ao vil medir-se com homem mais forte.
Antes também o peito paciente de Odisseu
provocaste duramente, lançando mil censuras. (760)
Mas o Pelida não é igual a ele. Tirei-te a vida,
sem nem mesmo pesar minha mão
no golpe. Destino sem mel eclipsou-te.
Por tua debilidade perdeste a vida. Deixa para trás
os Aqueus e vai entre mortos proferir teus impropérios”. (765)
Assim falou o destemido filho do Eácida valente.
Καὶ τότ' ἀρήιοι υἷες ἐυσθενέων Ἀργείων
σύλεον ἐσσυμένως βεβροτωμένα τεύχεα νεκρῶν
πάντῃ ἐπεσσύμενοι. Μέγα δ' ἄχνυτο Πηλέος υἱὸς
κούρης εἰσορόων ἐρατὸν σθένος ἐν κονίῃσι· (720)
τοὔνεκά οἱ κραδίην ὀλοαὶ κατέδαπτον ἀνῖαι,
ὁππόσον ἀμφ' ἑτάροιο πάρος Πατρόκλοιο δαμέντος.
Θερσίτης δέ μιν ἄντα κακῷ μέγα νείκεσε μύθῳ·
»Ὦ Ἀχιλεῦ φρένας αἰνέ, τί ἤ νύ σευ ἤπαφε δαίμων
θυμὸν ἐνὶ στέρνοισιν Ἀμαζόνος εἵνεκα λυγρῆς (725)
ἣ νῶιν κακὰ πολλὰ λιλαίετο μητίσασθαι;
Καί τοι ἐνὶ φρεσὶ σῇσι γυναιμανὲς ἦτορ ἔχοντι
μέμβλεται ὡς ἀλόχοιο πολύφρονος ἥν τ' ἐπὶ ἕδνοις
κουριδίην μνήστευσας ἐελδόμενος γαμέεσθαι.
Ὥς <σ'> ὄφελον κατὰ δῆριν ὑποφθαμένη βάλε δουρί, (730)
οὕνεκα θηλυτέρῃσιν ἄδην ἐπιτέρπεαι ἦτορ,
οὐδέ νυ σοί τι μέμηλεν ἐνὶ φρεσὶν οὐλομένῃσιν
ἀμφ' ἀρετῆς κλυτὸν ἔργον, ἐπὴν ἐσίδῃσθα γυναῖκα.
Σχέτλιε, ποῦ νύ τοί ἐστι † περὶ † σθένος ἠδὲ νόημα;
Πῇ δὲ βίη βασιλῆος ἀμύμονος; Οὐδέ τι οἶσθα (735)
ὅσσον ἄχος Τρώεσσι γυναιμανέουσι τέτυκται;
Οὐ γὰρ τερπωλῆς ὀλοώτερον ἄλλο βροτοῖσιν
ἐς λέχος ἱεμένης, ἥ τ' ἄφρονα φῶτα τίθησι
καὶ πινυτόν περ ἐόντα. Πόνῳ δ' ἄρα κῦδος ὀπηδεῖ·
ἀνδρὶ γὰρ αἰχμητῇ νίκης κλέος ἔργα τ' Ἄρηος (740)
τερπνά, φυγοπτολέμῳ δὲ γυναικῶν εὔαδεν εὐνή
Φῆ μέγα νεικείων· ὃ δέ οἱ περιχώσατο θυμῷ
Πηλείδης ἐρίθυμος. Ἄφαρ δέ ἑ χειρὶ κραταιῇ
τύψε κατὰ γναθμοῖο καὶ οὔατος· οἳ δ' ἅμα πάντες
ἐξεχύθησαν ὀδόντες ἐπὶ χθόνα, κάππεσε δ' αὐτὸς (745)
πρηνής· ἐκ δέ οἱ αἷμα διὰ στόματος πεφόρητο
ἀθρόον· αἶψα δ' ἄναλκις ἀπὸ μελέων φύγε θυμὸς
ἀνέρος οὐτιδανοῖο. Χάρη δ' ἄρα λαὸς Ἀχαιῶν·
τοὺς γὰρ νείκεε πάμπαν ἐπεσβολίῃσι κακῇσιν
αὐτὸς ἐὼν λωβητός· ὃ γὰρ Δαναῶν πέλεν αἰδώς. (750)
Καί ῥά τις ὧδ' εἴπεσκεν ἀρηιθόων Ἀργείων·
»Οὐκ ἀγαθὸν βασιλῆας ὑβριζέμεν ἀνδρὶ χέρηι
ἀμφαδὸν οὔτε κρυφηδόν, ἐπεὶ χόλος αἰνὸς ὀπηδεῖ·
ἔστι θέμις, καὶ γλῶσσαν ἀναιδέα τίνυται Ἄτη
ἥ τ' αἰεὶ μερόπεσσιν ἐπ' ἄλγεσιν ἄλγος ἀέξει.» (755)
Ὣς ἄρ' ἔφη Δαναῶν τις· ὃ δ' ἀσχαλόων ἐνὶ θυμῷ
Πηλείδης ἐρίθυμος ἔπος ποτὶ τοῖον ἔειπε·
»Κεῖσό νυν ἐν κονίῃσι λελασμένος ἀφροσυνάων·
οὐ γὰρ ἀμείνονι φωτὶ χρεὼ κακὸν ἀντιφερίζειν·
ὃς καί που προπάροιθεν Ὀδυσσῆος ταλαὸν κῆρ (760)
ἀργαλέως ὤρινας ἐλέγχεα μυρία βάζων.
Ἀλλ' οὐ Πηλείδης τοι ὁμοίιος ἐξεφαάνθη<ν>,
ὅς σευ θυμὸν ἔλυσα καὶ οὐκ ἐπὶ χειρὶ βαρείῃ
πληξάμενος· σὲ δὲ πότμος ἀμείλιχος ἀμφεκάλυψε,
σῇ δ' ὀλιγοδρανίῃ θυμὸν λίπες. Ἀλλ' ἀπ' Ἀχαιῶν (765)
ἔρρε καὶ ἐν φθιμένοισιν ἐπεσβολίας ἀγόρευε.»
Ὣς ἔφατ' Αἰακίδαο θρασύφρονος ἄτρομος υἱός.
[Trad. Rafael Brunhara]
Põem-se a saquear pressurosos sangrentas armas de mortos.
De toda a parte acorriam. Mas o Pelida fundo se doía:
admirava a sedutora força da dama, no pó. (720)
Por isso lhe consumiam o peito agonias funestas
Iguais a antes quando domado Pátroclo seu amigo.
Mas Tersites cara a cara com más palavras vitupera:
“Aquiles de coração horrendo! Que nume te ilude
o ânimo no peito por essa Amazona desgraçada? (725)
Contra nós dois ela ansiava maquinar males terríveis!
No fundo do coração tu és um mulherengo,
pensas nela como esposa prudente, uma noiva
cortejada com presentes, desejoso de casar!
Ela que deveria tê-lo ferido na luta primeiro, com a lança, (730)
já que o tempo todo teu coração delira com fêmeas,
e não interessam mais ao teu destrutivo espírito
feitos gloriosos de virtude, quando vês uma mulher.
Maldito! Onde estão agora tua força e inteligência?
Onde a força daquele rei sem censura? Não sabes (735)
Quanta dor veio aos Troianos por desejar mulheres?
Nada mais terrível para os mortais do que o prazer
de lançar-se ao leito, que faz insensato o homem,
por mais prudente que seja. Só o esforço outorga glória.
Para um lanceiro a glória da vitória e as proezas de Ares (740)
são prazeres, é o covarde quem gosta de leito feminino.”
Falou, vituperando muito. Supercolérico o ânimo
Do animoso Pelida. Súbito, com punho potente
Deu-lhe um soco no queixo; de uma só vez todos
os dentes se espalharam sobre a terra. Ele mesmo (745)
caiu de cabeça; da sua boca o sangue borbotava.
Imediatamente foi-se dos membros a vida frágil
Desse homem insignificante. Alegra-se a tropa:
Vituperava-os demais com brutos impropérios,
Injurioso ser! Era a vergonha dos Dânaos. (750)
Eis a a fala entre os argivos céleres em Ares:
“Não é bom que fracos ultrajem reis, às claras
ou em segredo. Horrenda cólera o encalça.
Há justiça. Das línguas sem pudor, Ate cobra o preço.”
Assim falavam os Dânaos. Mas ainda zangado no ânimo (755)
O animoso Pelida tal palavra proferiu:
“Jaz no pó agora, olvidado de teus desatinos.
Não cabe ao vil medir-se com homem mais forte.
Antes também o peito paciente de Odisseu
provocaste duramente, lançando mil censuras. (760)
Mas o Pelida não é igual a ele. Tirei-te a vida,
sem nem mesmo pesar minha mão
no golpe. Destino sem mel eclipsou-te.
Por tua debilidade perdeste a vida. Deixa para trás
os Aqueus e vai entre mortos proferir teus impropérios”. (765)
Assim falou o destemido filho do Eácida valente.
Καὶ τότ' ἀρήιοι υἷες ἐυσθενέων Ἀργείων
σύλεον ἐσσυμένως βεβροτωμένα τεύχεα νεκρῶν
πάντῃ ἐπεσσύμενοι. Μέγα δ' ἄχνυτο Πηλέος υἱὸς
κούρης εἰσορόων ἐρατὸν σθένος ἐν κονίῃσι· (720)
τοὔνεκά οἱ κραδίην ὀλοαὶ κατέδαπτον ἀνῖαι,
ὁππόσον ἀμφ' ἑτάροιο πάρος Πατρόκλοιο δαμέντος.
Θερσίτης δέ μιν ἄντα κακῷ μέγα νείκεσε μύθῳ·
»Ὦ Ἀχιλεῦ φρένας αἰνέ, τί ἤ νύ σευ ἤπαφε δαίμων
θυμὸν ἐνὶ στέρνοισιν Ἀμαζόνος εἵνεκα λυγρῆς (725)
ἣ νῶιν κακὰ πολλὰ λιλαίετο μητίσασθαι;
Καί τοι ἐνὶ φρεσὶ σῇσι γυναιμανὲς ἦτορ ἔχοντι
μέμβλεται ὡς ἀλόχοιο πολύφρονος ἥν τ' ἐπὶ ἕδνοις
κουριδίην μνήστευσας ἐελδόμενος γαμέεσθαι.
Ὥς <σ'> ὄφελον κατὰ δῆριν ὑποφθαμένη βάλε δουρί, (730)
οὕνεκα θηλυτέρῃσιν ἄδην ἐπιτέρπεαι ἦτορ,
οὐδέ νυ σοί τι μέμηλεν ἐνὶ φρεσὶν οὐλομένῃσιν
ἀμφ' ἀρετῆς κλυτὸν ἔργον, ἐπὴν ἐσίδῃσθα γυναῖκα.
Σχέτλιε, ποῦ νύ τοί ἐστι † περὶ † σθένος ἠδὲ νόημα;
Πῇ δὲ βίη βασιλῆος ἀμύμονος; Οὐδέ τι οἶσθα (735)
ὅσσον ἄχος Τρώεσσι γυναιμανέουσι τέτυκται;
Οὐ γὰρ τερπωλῆς ὀλοώτερον ἄλλο βροτοῖσιν
ἐς λέχος ἱεμένης, ἥ τ' ἄφρονα φῶτα τίθησι
καὶ πινυτόν περ ἐόντα. Πόνῳ δ' ἄρα κῦδος ὀπηδεῖ·
ἀνδρὶ γὰρ αἰχμητῇ νίκης κλέος ἔργα τ' Ἄρηος (740)
τερπνά, φυγοπτολέμῳ δὲ γυναικῶν εὔαδεν εὐνή
Φῆ μέγα νεικείων· ὃ δέ οἱ περιχώσατο θυμῷ
Πηλείδης ἐρίθυμος. Ἄφαρ δέ ἑ χειρὶ κραταιῇ
τύψε κατὰ γναθμοῖο καὶ οὔατος· οἳ δ' ἅμα πάντες
ἐξεχύθησαν ὀδόντες ἐπὶ χθόνα, κάππεσε δ' αὐτὸς (745)
πρηνής· ἐκ δέ οἱ αἷμα διὰ στόματος πεφόρητο
ἀθρόον· αἶψα δ' ἄναλκις ἀπὸ μελέων φύγε θυμὸς
ἀνέρος οὐτιδανοῖο. Χάρη δ' ἄρα λαὸς Ἀχαιῶν·
τοὺς γὰρ νείκεε πάμπαν ἐπεσβολίῃσι κακῇσιν
αὐτὸς ἐὼν λωβητός· ὃ γὰρ Δαναῶν πέλεν αἰδώς. (750)
Καί ῥά τις ὧδ' εἴπεσκεν ἀρηιθόων Ἀργείων·
»Οὐκ ἀγαθὸν βασιλῆας ὑβριζέμεν ἀνδρὶ χέρηι
ἀμφαδὸν οὔτε κρυφηδόν, ἐπεὶ χόλος αἰνὸς ὀπηδεῖ·
ἔστι θέμις, καὶ γλῶσσαν ἀναιδέα τίνυται Ἄτη
ἥ τ' αἰεὶ μερόπεσσιν ἐπ' ἄλγεσιν ἄλγος ἀέξει.» (755)
Ὣς ἄρ' ἔφη Δαναῶν τις· ὃ δ' ἀσχαλόων ἐνὶ θυμῷ
Πηλείδης ἐρίθυμος ἔπος ποτὶ τοῖον ἔειπε·
»Κεῖσό νυν ἐν κονίῃσι λελασμένος ἀφροσυνάων·
οὐ γὰρ ἀμείνονι φωτὶ χρεὼ κακὸν ἀντιφερίζειν·
ὃς καί που προπάροιθεν Ὀδυσσῆος ταλαὸν κῆρ (760)
ἀργαλέως ὤρινας ἐλέγχεα μυρία βάζων.
Ἀλλ' οὐ Πηλείδης τοι ὁμοίιος ἐξεφαάνθη<ν>,
ὅς σευ θυμὸν ἔλυσα καὶ οὐκ ἐπὶ χειρὶ βαρείῃ
πληξάμενος· σὲ δὲ πότμος ἀμείλιχος ἀμφεκάλυψε,
σῇ δ' ὀλιγοδρανίῃ θυμὸν λίπες. Ἀλλ' ἀπ' Ἀχαιῶν (765)
ἔρρε καὶ ἐν φθιμένοισιν ἐπεσβολίας ἀγόρευε.»
Ὣς ἔφατ' Αἰακίδαο θρασύφρονος ἄτρομος υἱός.
[Trad. Rafael Brunhara]
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