Aos Deuses peço: afastem estas fadigas,
a vigilância de longo ano, quando deitado
nos tetos dos Atridas como um cão
conheço a ágora dos astros noturnos
e os que dão inverno e verão aos mortais,
claros príncipes a brilhar no firmamento,
astros, ao desaparecerem e ascedentes.
Agora aguardo o sinal do lampejo,
a luz do fogo a trazer voz de Tróia
e notícia da captura, tal é o poder
do viril coração expectante da mulher.
Quando tenho o meu leito noctívago
e orvalhado sem a visita de sonhos
pois o pavor em vez do sono assiste
sem fechar pálpebras firmes no sono,
choro e gemo a conjuntura desta casa
não como antes a mais bem servida.
Agora seja feliz afastamento de fadigas,
ao surgir nas trevas o fogo mensageiro.
Salve, ó luzeiro da noite, anúncio
de diurna claridade e de muitos coros
compostos em Argos por esta conjuntura
Ioú, Ioú,
assinalo claro à mulher de Agamêmnon:
ergue-te do leito e já eleva pelo palácio
o alarido alácre por este lampejo,
se está capturada a fortaleza de Ílion
como o clarão se mostra mensageiro.
Por mim mesmo dançarei o prelúdio
pois farei os bons lances dos soberanos
quando o clarão me deu triplos seis.
Que possa na vinda tomar nesta mão
a mão amigga do senhor do palácio!
O mais calo. Grande boi na língua
pisou. A casa mesma, se tivesse voz,
falaria bem claro como eu adrede
a quem sabe falo e aos outros oculto.
Tradução de Jaa Torrano
ÉSQUILO. Orestéia I: Agamêmnon. Estudo e tradução: Jaa Torrano. São Paulo, Iluminuras, 2004.
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