Ah! Quem me chama? Ah! Quem me aferra? Um tirso
eu sou, um tirso frondoso de crinas,
que, à impulsão de uma cólera ferina,
descabelo-me, pés nus, me desvisto.
Às nuvens me arrebata, ou ao abismo!
Sejas deus, sejas monstro, serei tua.
Centauro, eis-me aqui: sou tua égua fulva.
De ti me emprenha. Espumo, entre nitridos.
Tritão, sou tua fêmea azul-cerúlea.
Minha língua é, como algas, salgada. Ambas
as pernas, um metal sonoro as cerra.
Quem me chama? Será trompa noturna?
O nitrido de Téssalo? Um deus? Pan
toante? Nua, queimo e gelo. Quem me aferra?
Gabriele D' Annunzio
[Haroldo de Campos]
Nenhum comentário:
Postar um comentário