domingo, maio 08, 2011

Bacantes, 1114-1152: Massacre de Penteu

Primeiro a mãe sacerdotisa inicia a matança
e ataca-o. Ele tira a mitra da cabeleira
para reconhecê-lo e não massacrá-lo
a triste Agave. Ele toca-lhe a face
e diz: "Sou eu, mãe, sou o teu filho
"Penteu, pariste-me no palácio de Equíon,
"tem-me piedade, ó mãe, e pelos meus
"desacertos, não massacres o teu filho!"
Ela escumava saliva e girava pupilas
reviradas, não sabia o devido saber,
possessa de Baco, e não a persuadia.
Ela agarra com as mãos o braço esquerdo
ao ir ante os flancos do de mau Nume,
e arranca-lhe o ombro, não por força,
mas o Deus lhe dava facilidade às mãos.
Ino pelo outro lado completava a ação
rasgando carnes, Autônoe e todo o bando
de Bacas atacava, o grito era uníssono?
ele a gemer quanto calhava ter fôlego,
elas a alaridear. Uma trazia um braço,
outra o pé com a mesma bota. Desnudavam-se
costelas por lacerações. Mãos sangrentas,
todas jogavam bola com a carne de Penteu.
Jaz disperso o corpo, ora em abruptas
pedras, ora na densa folhagem da floresta,
não é fácil de achar. A cabeça é prêmio
que a mãe por acaso recebe nas mãos,
presa na ponta do tirso como a de leão
montês ela a transporta pelo Citéron,
e deixa as irmãs nos coros das Loucas.
Corre alegre com a caça de maligna sorte
para dentro dos muros, evocando Báquio
o parceiro de caça, co-autor da captura,
o belo vencedor. Sua vitória será pranto.
Eu desembaraçado desta conjuntura
partire antes de Agave ir ao palácio.
A prudência e a veneração dos Deuses
é o mais belo e, creio, o mais sábio
modo de ser dos mortais que assim são.

Tradução de Jaa Torrano.

TORRANO, Jaa. Eurípides. Bacas. São Paulo: Hucitec, 1993

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